12.

33 7 7
                                    

| 26 de dezembro, 2017 |

Conhecem aquela sensação de que nada está bem, mesmo quando devia estar? Que está sempre alguma coisa a reprimir a nossa felicidade? Que não estamos totalmente satisfeitos e completos? Eu estava a sentir-me assim e não fazia a menor ideia porquê. O meu namorado estava comigo, o que é que podia estar mal?

Os meus lábios foram separados dos dele por ele mesmo passado alguns segundos. Perdi-me durante alguns momento a pensar na intensidade do beijo e no facto de ser a primeira vez há muito tempo que voltávamos a estar assim tão próximos.

Como o Lourenço está a tirar medicina em Coimbra é muito difícil conciliar ambos os horários e termos tempo para nós. Quando nuns fins de semana ele está livre, eu tenho algum projeto para terminar e quando, pelo contrário, sou eu que estou livre, a história repete-se e ele tem alguma coisa que não pode ser adiada para fazer. Aproveitamos sempre as férias para estarmos juntos e tentamos valorizar ao máximo todo esse tempo e momentos em conjunto, já que são raros.

Então tínhamos combinado que ele viria até Lisboa depois do Natal, para que o pudesse passar com a família, e que se iria embora alguns dias depois da passagem de ano, que iria passar comigo, quando me iria levar a algum lado que eu não sei qual é, Já que é suposto ser uma surpresa. E agora ele quis fazer-me uma surpresa que acabou por não correr da melhor maneira, dado o que acabou de acontecer. Quer dizer, para ele está tudo normal, mas na realidade não está.

- Talvez é melhor eu ir embora...

A voz um pouco "quebrada" do Frederico cortou a minha linha de pensamento e fez-me acordar de novo para a realidade, apesar de me querer esconder dela a todo o custo. Gostava de ficar a sonhar para sempre. Num sonho onde não tivesse todas as preocupações que tenho neste e noutros momentos. Onde a minha felicidade não estragásse a de outra pessoa.

- Está tudo bem? Estás com uma cor um pouco estranha, tu- o Lourenço voltou-se para o Frederico, mas continuou com as mãos na minha cintura. Mentalmente estava a pedir para que ele o parasse de fazer em frente ao Frederico. Não sabia bem se o que ele sentia por mim era o que eu estava a pensar, mas tinha medo que fosse e que o estivesse a magoar - Essa camisola não é minha?

Tinhas de falar não é? Idiota.

Juro que o que queria agora era enfiar-me num buraco e não sair de lá. Ou a anterior opção do sonho. Sim, essa hipótese também era boa.

Já é péssimo o suficiente estar agarrada ao meu namorado em frente ao Frederico quando há menos de dez minutos nos estávamos prestes a beijar, e agora ele saber que está a usar uma das camisolas do Lourenço... A sério, isto não pode piorar...

- Hum... Lourenço este é o Frederico, um amigo meu. Fred - Estou tão nervosa que nem consigo dizer o nome dele inteiro! QUE IRRITANTE! - este é o Lourenço... O meu namorado.

- Prazer- educado, como sempre, o Frederico estendeu a mão ao Lourenço e este apertou-a como forma de cumprimento.

- Igualmente.

- Estávamos a vir para casa quando um autocarro nos atirou água para cima. O Frederico ficou todo molhado e então eu dei-lhe uma camisola tua. Espero que não te importes.

- Não te preocupes, não me importo. Mas foi só isso que se passou? É que ele parece um pouco estranho...

Se fizesses a menor ideia do que se passou não querias perguntar isso, podes ter a certeza...

- Deve ser do frio- o rapaz da cadeira de rodas respondeu rapidamente- É mesmo melhor eu ir embora. E devia vestir a minha roupa, não quero estar a levar alguma coisa que te possa fazer falta.

Uma Cadeira e Dois Chocolates QuentesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora