7.

36 11 18
                                    

| 16 de dezembro, 2017 |

Nos dias que se seguiram, eu e o Frederico estivemos juntos praticamente todo o dia. Quando não tinha aulas de manhã, íamos caminhar pela cidade, apanhar um pouco de ar fresco e falar sobre o que nos acontecia naquele determinado dia, e quando não tinha aulas à tarde, ele ajudava-me nos meus trabalhos, dando me a sua opinião sincera e tentando ele próprio melhorar qualquer coisa que não ficasse bem. Não sabia que ele tinha tanto jeito para desenho, apesar de ele já me ter dito que a mãe dele trabalha na área.

Fiz uma pequena pesquisa sobre ela e descobri que trabalha em vários museus por toda a Europa e tem os seus próprios trabalhos, todos eles realmente muito bons, expostos na maior parte desses museus. O Frederico está mais que ansioso para que eu e a sua mãe nos conheçamos, continuando todos os dias a chatear-me para que esse encontro aconteça. Era um privilégio conhecê-la.

Hoje voltariamos a estar juntos. Marcámos um encontro com o meu computador, as minhas três mantas e uma grande quantidade de filmes para assistir. Escolhemos ver todos os filmes de " A Ressaca ", seguidos dos filmes de " O Diário de Bridget Jones ". Era uma tarde de comédia que se prolongaria até ao jantar, que, pelo consentimento de ambos, seria uma pizza encomendanda, já que nenhum de nós vai ter paciência para cozinhar.

Passar os fins de semana, em casa, sem fazer absolutamente nada, é o meu passatempo favorito. Por muito que não goste de ter uma vida sedentária, por muito que queira sair, estar com os meus amigos num café ou simplesmente fazer de turista por Lisboa, não nego um bom dia de descanso rodeado de preguiça.

Eram quase três da tarde quando a campainha tocou. Abri, primeiramente, a porta do prédio e, posteriormente, a da minha casa. Esperei alguns segundos até ele aparecer à minha frente na sua cadeira.

Qualquer coisa se passava com ele. Estava diferente. Notava-se logo pela sua expressão facial, pela tristeza nos seus olhos e pela falta do seu sorriso habitual. Alguma coisa não estava bem e afetava-o. E, do meu ponto de vista, era algo grave.

- Está tudo bem?- questionei rapidamente. Era a primeira vez que o via assim tão em baixo e gostava que fosse a última. Ele é um rapaz tão animado, sempre bem disposto, com uma felicidade irradiante e contagiante. Agora parecia sem vida, parado, triste. A primeira coisa que pensei é que é horrível vê-lo assim e que vou ter de fazer alguma coisa para mudar isso.

- Sinceramente, não...

Andou um pouco em frente e parou ao lado do sofá. Segui-o e sentei me ao seu lado, encarando-o.

- Queres falar sobre isso?- duvidava que ele me fosse contar alguma coisa. Podemos ter estado estes últimos dias juntos, a partilhar muita curiosidade e detalhes sobre nós um com o outro, mas não tínhamos uma ligação suficientemente forte para confidenciar os nossos maiores medos e o que mais nos aterroriza. Nunca é fácil partilhar os nossos segredos e demónios com ninguém.

- Agora não...- olhou para mim com os seus olhos cor de chocolate e tentou mostrar um sorriso, conseguindo minimamente.

- Então vamos aos nossos filmes!- levantei-me quase num pulo, sobrecarregada por uma vontade de o fazer esquecer os seus problemas por um dia- Tenho a certeza que vais ficar logo bem disposto! Vai andando para o meu quarto enquanto eu faço as pipocas.

Assim o fez, e eu também. Coloquei o saco das pipocas no microondas após ler as suas instruções, e esperei até estarem prontas. Ouvi-las saltar era bastante prazeroso, dado que já não comia pipocas há bastante tempo. Conjugado com o cheiro que elas libertavam melhor ainda! Que vontade enorme de as devorar já todas de uma vez!

Uma Cadeira e Dois Chocolates QuentesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora