Duas garotas trabalhando para a mesma empresa vão descobrir que nem tudo é fácil no ramo da música e dos perfect idols coreanos.
BTS | Love Yourself | BigHit | Hana&Nari
2 autoras: @mclarah • @inmoon36
Capa: @mclarah
Não aceitamos adaptações dessa...
Juntei meu material apressada notando que faltavam apenas 10 minutos para o horário marcado e, tendo em vista que pontualidade era quase a razão social da empresa, eu tomaria um baita esporro se me atrasasse justamente para a reunião com os chefes dos chefes. Salvei a apresentação em Powerpoint que tive que fazer meio a contragosto antes de fechar o notebook. Essas apresentações me lembravam das aulas ruins e entediantes na faculdade, mas esse era o esquema da empresa: letras garrafais, frases claras e cristalinas, sem chance alguma de duplos sentidos ou enganos, aqui "você entendeu ou precisa que eu desenhe?" não é uma pergunta retórica desaforada, você precisa mesmo desenhar, e não que eu tivesse outra escolha: eu recebia ordens e as cumpria.
Pois bem, se os chefes queriam Powerpoint, teríamos Powerpoint com direito a efeitos de transição e gifs fofinhos.
Repassei mentalmente o roteiro da reunião enquanto trocava minhas sapatilhas por um scarpin preto de salto fino, pois reuniões exigiam um look mais "formal", mesmo que tivesse certeza que encontraria sete garotos e que metade deles estaria usando moletom. Coloquei o notebook debaixo do braço, meu celular no bolso da calça de alfaiataria cinza e dei uma desamassada na camisa branca social torcendo que conseguisse parecer apresentável às 8 da manhã, que horário cruel para usar salto alto.
Só ouvia o "ploc ploc" dos meus saltos no corredor deserto, as coisas costumavam ficar mais agitadas por aqui mais tarde, e agradeci por isso, pois só assim eu poderia estar correndo por aí como uma louca sem ser julgada por isso.
"Não use palavras complicadas, seja clara, nada de falar juridiquês", repeti mentalmente preocupada em não parecer um ser alienígena ou estar falando um dialeto estranho, pois aparentemente nós da área jurídica tínhamos um jeito todo especial e confuso de se comunicar que só nós mesmos entendemos.
A porta do elevador se abre e dou de cara com o meu reflexo no espelho, notando que qualquer tentativa de desamassar a camisa seria em vão, pois apesar de ter sido passada com muito custo mais cedo, ela parecia ter acabado de sair da máquina de lavar, e era oficial: eu odiava camisas sociais e todas essas roupas chatas de trabalho. Nesse momento lamentei não ter tido mais inspiração pra escolher uma roupa mais elaborada para hoje, é pedir muito às 6:30 da matina.
Mas eu não precisava parecer tão sem graça, não é mesmo? Decidi dar uma bagunçada nos fios castanhos claros do meu cabelo que estava "certinho demais". Se tivesse sorte, conseguiria passar ao menos pela " bonitinha do jurídico", apesar de que isso seria difícil, já que aqueles garotos estavam sempre com a imagem perfeita, e eu aqui com a minha franja mal-cortada e as raízes implorando por um retoque e uma hidratação recente.
