- Por acaso você está querendo dizer que sou importante para você? - eu perguntei. De forma inevitável, esses tipos de piadas eram um dom que saia de mim involuntariamente, sempre que eu desejava me esquivar de alguma pergunta.

Encarando-o, imaginei que meu segurava fosse apenas pedir para eu deixar de ser uma garota mimada ou coisa do tipo, mas, para minha surpresa, ao invés disso, ele disse:

- Não sei quantas vezes mais precisarei lembrá-la disso, mas, novamente, eu sou seu segurança, e meu dever exclusivamente um: estar com você vinte e quatro horas por dia e mantê-la bem. Então, sim, me preocupo com você. - ele falou. Algo em seus olhos castanhos de repente me fizeram sentir uma familiaridade estranha, mas tentei afastar isso com o pensamento de que talvez fosse o álcool fazendo efeito.

- Olha, sinto muito por ter saído escondida, mas estou com sono. Quero apenas me deitar e... espera, voltou? Voltou de onde? - perguntei, surpresa. Era óbvio que meu segurança tinha todo o direito de sair quando fosse necessário, até porque eu não queria prende-lo a mim vinte quatro horas por dia, como papai havia feito o contrato. No entanto, ainda assim era estranho escuta-lo dizer tão abertamente que tinha saído. - Por acaso você foi em algum encontro? Nossa, eu não sabia que você namorava. Parabéns em amigão. Continue assim. Uma noite animada realmente é algo que...

- Eu não fui a um encontro! - ele disse, me interrompendo.

- Tudo bem se não quiser admitir, mas amigão, é sério, uma vida animada á noite é...

- Pelo amor de Deus, Nalu. Não estou mentindo, eu não fui a um encontro. Agora vamos, entre logo. - parecendo um pouco incomodado com o assunto da conversa, ele digitou a senha do portão e esperou com que eu entrasse, para depois fazer o mesmo. - Além disso, se estou namorando ou não, isso não é da sua conta.

- Se não foi a um encontro, onde você estava ? - perguntei.

- Você é bastante curiosa, hein?

- Nada haver. Eu só quero saber o lugar em que meu segurança estava, se não ao meu lado.

- Curiosa e cara de pau. - ele disse novamente. Tentei evitar a enorme vontade rir, mas foi impossível ao ver sua reação de descrença e o pequeno sorriso em seus lábios.

- Não está com raiva por eu ter simplesmente desaparecido? - perguntei.

- Ficar com raiva por acaso vai mudar alguma coisa?

- Bem... não muito. - falei, dando de ombros. Por mais que eu tentasse agir corretamente, a impulsividade sempre ganhava. Então, não adiantava prometer agir ou me comportar de formas que eu obviamente sabia que não eram feitas para mim e para minha liberdade.

Meu segurança e eu caminhamos em silêncio pelo jardim, enquanto escutávamos o leve barulho de grilhos escondidos entre as folhas das árvores e, quando a lua mostrou-se presente no céu após uma enorme nuvem passar por ela, paramos de caminhar e começamos a encara-la.

- Você estava estranha desde cedo, então pensei que precisasse de um tempo. Só não achei que esse tempo significasse sair de casa escondida. - ele falou. Seus olhos castanhos encarando o brilho da lua, enquanto o mesmo parecia deslumbrantemente hipnotizado.

- Desculpe pela minha personalidade teimosa. O problema é que gosto da minha liberdade. Odeio precisar depender de alguém. Odeio sentir que alguém está colocando as minhas necessidades em frente as dela. - disse, encarando-o. Eu não tinha motivos para explica-lo sobre meus problemas, mas sentia que devia.

- Sabe por que escolhi virar segurança? - ele perguntou, sem muita animação. - Uma vez, quando eu era menor, uma garotinha estava precisando de ajuda. Ela era dois anos mais nova que eu, e tinha alguns colegas malvados, que se aproveitavam e faziam pouco dela, ignorando-a apenas por possuir um talento inegável. Certo dia, após observar todo o bullying acontecido com ela, eu não consegui mais ficar parado. E naquele momento, ajudando alguém totalmente capaz de se defender, entretanto, insegura, eu decidi que era isso que eu deveria fazer. Não se trata somente de colocar as suas necessidades encima da minha, Nalu. Se trata de eu ser capaz de faze-la encarar os problemas sem medo. Se trata de eu conseguir colocar na sua cabeça, o quão forte e capaz você. - seu rosto, que antes que encarava a lua, voltou-se para mim, me deixando um pouco sem ar com a intensidade do seu olhar.

- Isso quer dizer que vou poder sair sozinha sempre que quiser? - ousei perguntar.

- Na verdade, isso quer dizer que se você sair sozinha outra vez, precisarei contar para o seu pai e ele não pegará tão leve com os castigos. Talvez, até contrate outro segurança. - ele disse, de forma tão rápida que me surpreendi. - Olha, não quero que você fuja de mim. Pelo contrário, quero que as coisas deem certo. Quero que sejamos capaz de andar sempre juntos, sem que você se sinta incomodada com a minha presença ou coisa parecida. Então, por favor, vamos aprender a lidar um com outro, está bem?

- Discutimos quase como cão e gato, como espera que consigamos nos dar bem?

- Como todos dizem, esperança é a última que morre. - falou, encarando o relógio em seu braço direito. - Já está tarde, você precisa dormir.

- Boa noite então. - com um pequeno sorriso nos lábios, entrei dentro de casa e comecei a subir as escadas. No entanto, a baixa do meu segurança, lançada com o objetivo de não acordar os demais, me fez virar e encara-lo. - O que houve? - perguntei.

- Sobre o motivo de eu ter saído hoje... - ele começou a falar calmamente. As mãos dentro do bolso de sua calça e sua postura tão incrivelmente atraente me fizeram ficar um pouco boba em relação a sua imagem. No entanto, tentei apenas focar em seus olhos, que não ajudavam muito. - Não quero estragar a surpresa, então, tudo o que posso dizer é que o motivo está dentro do seu quarto. Espero que goste.

Passando a mão levemente por seu cabelo, ele sorriu, murmurou um  um "boa noite" e começou a caminhar em direção a cozinha, de forma inocente.

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aí to muito triste que as aulas voltaram :c

New security ❄ Im JaebumWhere stories live. Discover now