Capítulo 1

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- Paris, baby! -Gritou Clara com as passagens no ar. Algumas pessoas na sala de espera olharam para nós, e claro que Clara e Mariana não incomodaram-se com isso enquanto procuravam lugar para sentar com sorrisos no rosto.

- Quantos minutos até embarcarmos¿ - perguntei.

- Deixa eu ver... -Clara olhava com os olhos cerrados para o papel- quinze minutos.

- Respirem o ar brasileiro, meninas. Porque logo logo estaremos em solos estrangeiros. -Mariana estava com os olhos fechados, como se já sentisse o ar diferente. Poderia ser o ar diferente¿ Estamos no mesmo planeta.

- O quanto podemos agradecer pela sua amizade muito íntima com o David, Mari¿ -perguntei.

- Nada, não é esforço algum ter amizade com ele.

- O que vocês tem¿ Seria um tipo de pré-namoro à distancia¿ -perguntou Clara enquanto procurava alguma coisa na sua nova bolsa de cor marrom.

- Não seria namoro, mas tenho certeza que vai rolar alguma coisa quando estivermos lá. Ele nos ofereceu ficar no seu apartamento, claro que ele quer alguma coisa! -percebi que era um espelho a mão da Clara, porque ela aplicava mais gloss nos seus lábios pouco carnudos.

- Então vai migrar para o quarto ao lado no meio desta semana¿ - brinquei, fazendo as duas gargalhar.

- Se ele deixar, claro que sim.

Aquela seria nossa segunda viagem fora do Brasil, já que a primeira foi para Patagônia na Argentina, mas as expectativas para Paris eram implacáveis. Sonhamos com isso desde que eu e Mari tínhamos 18 anos e Clara 21, então, muito tempo foi guardado e alimentado com planos que tinham que dar certo.

Em janeiro do ano passado fomos a uma festa em Juiz de Fora- MG especialmente para conhecer o David Luiz, jogador de futebol da seleção brasileira que a M sempre foi fã, parecia conhecê-lo melhor do que a mãe ou a própria ex namorada do jogador. Mari conseguiu entrada para mim e Clara porque ela trabalhava na Associação David Luiz como médica (estagiária, na verdade) e foi nessa festa milagrosa que D e M trocaram telefones e ficaram simplesmente melhores amigos.

Assim que ela avisou que iríamos a Paris neste mês de novembro, David ofereceu sua cobertura como "hotel" para a gente. Um convite irrecusável já que seria ele também o nosso guia turístico.

Em um flash back lembrei da conversa que tivemos a mesa da minha casa à alguns anos:

- Vocês vão ver... Ainda vamos conhece-los. -disse Clara.

- E tudo depende de você amiga, -eu disse para Mari -você conhece o David e a partir dele conhecemos o Bernard e o Harry.

- Não é justo tudo cair nas minhas costas! -protestou Mariana.

- Totalmente justo...Nós vamos te ajudar, é o nosso sonho certo¿-disse calmamente a minha irmã Clara.

- Vocês são mais loucas do que eu. Letícia e Clara, acho que Deus não nos concedeu muito juízo. -"Claro que não, nem um pouco" muitas risadas antes de beber mais um gole do meu suco.

E aqui estamos nós... Caminhando para a sala de embarque rumo a Paris colocando nosso plano em prática.

Guardei meus documentos e tirei meu livro de romance da bolsa enquanto Clara também se preparava ao meu lado. A aeromoça dava as instruções e eu já podia sentir o frio na barriga de ansiedade para chegar logo na Europa. Abri a janela no seu máximo para que eu pudesse ver toda a viagem, o que era difícil já que eram quase meia noite e a pista estava completamente escura, ajeitei a mexa do meu cabelo castanho atrás da orelha enquanto tentava ver através da janela o avião ganhando cada vez mais velocidade até ficar completamente no ar.

Amigas, romances e Paris.Onde histórias criam vida. Descubra agora