CAPÍTULO XII

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              Elizabeth Morelli

— Não fui intrometida, só não queria vê-la de coração partido. Eu sei a tamanha burrada que é quando se cai na rede de um Montanari. Será mesmo que está acontecendo algo entre os dois? Eles estavam apenas cochichando. Vai ver a Angel tinha razão, eu não devia ter me metido nos assuntos deles. Realmente não era da minha conta. Talvez fosse... ciúmes da minha parte.

Eu conversava comigo mesma enquanto me aprontava.

— Mas ciúmes? Eu não sinto nada pelo Bartolomeu. Gosto dele, mas como amigo.

— Elisabeth...

Ângela pareceu na porta.

— Termina de se arrumar aí logo pois você tem um cliente.

— Okay.

— Ele alugou o espaço pelo tempo que durar a sua apresentação. Ninguém poderá passar nem perto daquele palco enquanto você estiver lá encima. Será depois que todas as outras já tiverem se apresentado.

— Meu Deus! Não sei se fico com medo ou lisonjeada.

Dei uma risadinha.

— O cara está aqui só para me ver!?

— Pelo visto, sim. Então seja estupenda porque ele vai pagar bem. Se precisar de algo, você sabe aonde me encontrar.

Saiu do camarim. Me levantei e fui atrás dela.

— Angel, espera.

Toquei em seu ombro, a fazendo a se virar para me encarar.

— Eu gostaria de me desculpar com você. Tinha razão, não devia ter me intrometido.

Ela ouviu cada palavra, mas pareceu não ter dado muita bola, já que simplesmente me deu as costas e foi embora. Bom, ninguém pode dizer que eu não tentei.

Retornei ao camarim para acabar de me aprontar.

***

Tudo estava correndo bem, de acordo com as recomendações do cliente : eu já estava arrumada, o palco estava pronto, as meninas haviam se retirado e os seguranças estavam apostos em seus devidos lugares, as escondidas, pois como eu havia entendido, seríamos só eu e ele. Pelo o que haviam me informado, eu podia gritar em caso de emergência, pois àquilo nunca havia acontecido antes.

A Ângela foi me avisar no momento certo sobre quando eu poderia entrar no palco; e quando chegou a hora, eu subi encima dele e fiz exatamente o que ela me mandou fazer : ser estupenda!

Comecei com um ritmo devagar, subindo e descendo sobre o poste. Joguei os cabelos, empinei a bunda e alisei meu corpo. Eu passava mais as mãos nas partes que todo homem adora no corpo de uma mulher : seios, coxas e virilha.

Eu chupava os dedos e rasgava minhas roupas, optando por ficar apenas com peças íntimas. Como gran finale, parei em uma pose deitada no chão –as costelas arqueadas, meus braços me apoiando e uma das pernas levantada.

As luzes estavam todas apagadas, a única acessa era uma fosforescente que ficava no palco me iluminando. Por isso não vi o rosto da pessoa quando a mesma começou a me aplaudir, mas ouvi barulho de cadeira se movendo, então certamente devia estar de pé.

— Você foi espetacular! Muito melhor do que eu imaginava.

Começou a vir mais pra frente. Sua voz me era familiar, mas eu não me recordava.

— Valeu a pena ter gasto todo o dinheiro que eu tinha só para vim te ver.

Eu ainda continuava no chão, sentada. O rosto da pessoa foi revelado e quando vi quem era, fiquei paralisada da cabeça aos pés. Não podia ser.

— Não, você de novo não.

Era aquele rapazinho sem vergonha do supermercado, o Garrec.

— Tem ideia do que eu fiz só para conseguir estar aqui, agora?

Subiu no palco.

— Ah, eu tenho. Você é maluco, não duvido de nada.

Eu falava calmamente e ia chegando cada vez mais pra trás, tampando o meu corpo o quanto eu podia.

— Você está tão linda! Maravilhosa! Amei seu show ao vivo. Nem acredito que consegui te ter só pra mim durante todo esse tempo.

— Escuta, por que você... não desce do palco, a gente senta, conversa um pouco?

— Não consigo parar de pensar na forte ligação que tivemos quando você me deixou te tocar.

Ele vinha pra mais perto, andando de mansinho como um tigre, fazendo àquele movimento de propósito, só para me apavorar.

— Não é assim que eu me lembro, não.

— Me deixa te tocar de novo, vai. Só uma última vez.

Partiu pra cima de mim, com a mão estendida.

— SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!

Fechei os olhos e abaixei a cabeça.

Antes mesmo que aquele doido pudesse pôr a mão em mim, três seguranças chegaram de uma vez e o imobilizaram no chão.

— Tirem esse lunático daqui.

Bartolomeu chegou no recinto, ordenando.

— ME SOLTEM! ME SOLTEM! CASS, EU TE AMOOO!!!

O levaram para fora.

— Você tá bem?

Bartolomeu perguntou, se aproximou de mim e me dando a mão.

Sem pensar duas vezes, me levantei correndo, com a ajuda de seu apoio e joguei-me em seus braços, o abraçando apertado.

— Obrigado. Eu nem sei o que àquele cara teria feito comigo se você não tivesse chegado.

Disse, aliviada.

— Por que ele te chamou de Cass?

Me soltei dele. Eu ainda tinha os braços enrolados envolta do meu corpo, o cobrindo.

— Era o nome de guerra que eu usava quando ainda trabalhava pro Seb...

Olhei para o Bart e me lembrei que da última vez foi assim que nós começamos a discutir, falando justamente do Sebastiã.

— Vai se trocar, vai que eu estarei aqui te esperando. Vou te levar pra casa.

Enquanto catava minhas coisas de cima do palco, vi a Angel de relance, no cantinho, de braços cruzados e vendo tudo com os olhos cheios de água. Comecei a abrir a boca, mas antes mesmo que eu pudesse dizer algo, ela se mandou para dentro.

Desci do palco e fui atrás dela. Passei pelas cortinas e cheguei ao camarim.

— Droga!

Balbuciei ao ver a porta dos fundos aberta.

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É nada a declarar meus jovens

Tô chateada com a Beth

Só faz merda ... Enfim... É o papel dela

BARTOLOMEU - MÁFIA MONTANARI [L2] [ Completo] 2018Onde as histórias ganham vida. Descobre agora