Capítulo 17

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Capítulo17

Claire abriu os olhos lentamente e sentiu a claridade do quarto invadi-los. As cortinas não haviam sido abertas, mas a luz do sol predominava de maneira intensa o vasto cômodo. Ainda sonolenta, ela piscou algumas vezes, acostumando-se com a idéia de enfrentar um novo dia. Girou a cabeça para o outro lado da cama e inconscientemente fez um bico desgostoso com os lábios ao encontrar-se sozinha.

O que pensou Claire? — questionou-se. Que iria ser acordada aos beijos como em um filme de contos de fada?

Franziu o cenho, lutando contra a frustração que quis abatê-la. Por um breve instante de insensatez, pensou ter imaginado o ato da noite passada, porém, abaixou o olhar e seus olhos passearam pelo seu corpo nu, semidescoberto. Deslizou as mãos por sua pele e beliscou os próprios mamilos. Não sabia o que estava fazendo, mas seguia apenas os seus instintos. Ajeitou-se entre os lençóis e fechou os olhos, continuando a sua aventura erótica. Aquilo era ridículo —, pensou irritada consigo mesma. Não que fosse uma puritana, mas com a vida reclusa que sempre levou, sequer tinha tempo para pensar em namorar ou se descobrir, sexualmente falando.

Seus dedos atrevidos encontraram o amontoado de nervos entre suas pernas e ela mordeu os lábios para abafar os gemidos que saiam estrangulados. A todo o instante, ela se recordava do que tivera com Henrico. Lembrava-se de como ele a tinha tocado e estimulado. Ela quis gritar, mas o constrangimento a impediu. Sentia-se coagida de certa forma como se estivesse cometendo um ato vulgar. Isso fazia sentido? — perguntou-se em meio a um frenesi de emoções.

Os movimentos de seus dedos intensificaram-se e ela apertou os olhos imaginando o rosto de Henrico entre suas pernas enquanto se retorcia na cama. Ela queria sentir a mesma sensação que a tirou de órbita, queria experimentar novamente o êxtase que a fez esquecer-se da sua real situação.

Os espasmos tomaram de assalto o frágil corpo feminino e tudo o que Claire fez foi se encolher conforme tremia descontroladamente. Sua respiração estava ruidosa e ela sentia a sua face corada, quente. Com o coração batendo forte, ela se sentiu uma completa pervertida quando tomou consciência do que acabara de fazer e no fim, começou a rir.

— Por que está rindo?

Claire deu um grito e com o susto, seu corpo estremeceu e se virou na direção da voz. Henrico a observava daquela maneira dominadora. Ele estava vestindo o rotineiro traje social, um terno sofisticado em tom escuro. Claire o encarou assustada e ao mesmo tempo envergonhada.

— Eu... Errr...

Nada coerente. Não saía uma frase racional da boca dela, apesar do esforço que fazia.

Henrico caminhou até a cama, deslumbrado pela visão da mais bela mulher que já teve o prazer de presenciar. Seu corpo se acendia somente em olhá-la.

— Você achou graça por ter gozado com os próprios dedos? — Ele perguntou mais específico. Aquilo causou ainda mais desconforto em Claire que ameaçou sair da cama enrolada no lençol. — Não faça isso — ele advertiu.

Rubra, ela o encarou:

— Fazer o quê?

Ele sorriu e desceu os olhos para seus lábios rosados. Suas pequenas sardas estavam predominantes devido a sua recente excitação, deixando-a ainda mais bela aos olhos do amante. Ousado, Henrico levou o dedo ao mamilo desnudo e apertou o bico, fazendo Claire estremecer. Os pêlos de seu corpo se eriçaram aos olhos dele.

— Nós já ultrapassamos essa ponte — falou com voz calma. — Não há necessidade de se esconder de mim, tesoro.

Ela mordeu os lábios, nervosa.

— Você... — coçou a garganta antes de continuar. — Estava me assistindo esse tempo todo? — Ele assentiu com um brilho selvagem nos olhos. — Oh, meu Deus! Que ver...

Henrico não a deixou finalizar a frase, pois se deitou sobre ela levando a boca contra a dela, calando-a. Claire gemeu ao sentir o choque de seus seios sobre o paletó de Henrico. Sentiu-se devassa por dentro.

— Juro que quase a interrompi, mia cara — disse ele entre o beijo. — Mas vê-la se tocando daquela forma, tão delicada e intensa foi... Dio Santo! — Ele afastou-se para encarar o belo rosto. — Você consegue ser sensual até sem querer.

Claire sorriu, pois estava sem palavras no momento. Ainda estava constrangida.

Deixou-se ser beijada, mas logo Henrico voltou a se afastar. Ela assistiu-o se levantar, ajeitando o paletó. Era nítido o desejo brilhando em seus olhos, apesar de ele ter optado pelo distanciamento.

— Vim buscá-la para o café da manhã — disse num tom áspero e controlado. — Deixarei que se recomponha e a aguardarei lá embaixo.

Erguendo-se, Claire assentiu. Ainda estava desnorteada com tantas emoções.

Piscou demoradamente ao ouvir o clique da porta do quarto sendo fechada por fora. Viu-se sozinha outra vez e inspirou algumas vezes. Por fim, se deixou cair de costas contra o colchão.

— Estou perdida!

Os passos de Claire cessaram o diálogo entre Henrico e Pietro, ocasionando no que ela mais odiava: tornar-se o centro das atenções.

Erguendo o queixo, Claire continuou a andar até o seu lugar a mesa.

De olhos baixos, ela cumprimentou o Pietro:

— Bom dia — ao se deparar com o silêncio, ela direcionou o olhar para ele: — Bom dia. — repetiu.

Ele piscou.

— Oh, scusa! — exclamou Pietro. — Acredito que estou tendo problemas de audição.

Henrico soltou um risinho, mas Claire o ignorou.

— Verdade? Desde quando isso está acontecendo? — preocupou-se.

Ela o observou enquanto ele se recostava em sua poltrona. Parecia carregar um ar de deboche, mas ela não entendeu por hora.

— Oh, mia cara. Os teus gemidos de ontem à noite foram ensurdecedores per me.

A gargalhada que se seguiu deixou-a, a princípio, envergonhada. Embora o constrangimento deu lugar a raiva quando notou Henrico sorrindo minimamente.

— Já chega de graça, Pietro — resmungou ele, instantes depois.

— Oh, mio fratello. Non quis soar de maneira desrespeitosa. — Ergueu os braços. — Perdona-me, bella senhorita.

Claire limpou os lábios, respirou fundo e sorriu ironicamente para ele.

— Não se preocupe com isso. Só tome o cuidado de escolher outro quarto, pois assim evitaremos mais constrangimentos. — Piscou marota.

Da onde tinha surgido aquela audácia?

Chocado com a resposta dela, Pietro se tornou o alvo das risadas. Henrico a encarava ainda mais deslumbrado enquanto sorria.

Ele temia que aqueles novos sentimentos o fizessem refém como acontecera uma vez, em um passado distante.


Desculpa

Para mim

Rendidos pelo amor - Livro 1 (Duologia Rendidos)Where stories live. Discover now