23 - Magia

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1950.

Sabe quando você tem a sensação de que pertence a um lugar, mesmo quando nunca esteve ali antes?

Pois bem, era assim que eu me sentia em relação as terras indígenas que havia em Forks. Tinhamos saído em grupo para caçar, exceto Esme e Rosalie que preferiram ficar em casa. Meu pai nos avisou que aquelas terras pertenciam a uma tribo chamada Quileute.

Enquanto meus irmãos reclamaram do grande odor que estavam sentindo, eu só conseguia pensar em como eu me sentia em relação a esse lugar. Pela primeira vez em minha vida tinha chegado perto de saber o que era plenitude.

Cacei dois alces e agora pretendia achar algum animal grande, nesse momento ouvimos passos muito próximos a nós.

-Não fujam... Eles são lobos e poderão nos matar se corrermos. - Edward dissera. -Sabem o que somos, o melhor jeito de resolver é se conversarmos.

-Não queremos que haja nenhuma luta. - Carlisle tentara nos acalmar. E por mais incrível que possa parecer eu não estava com medo.

Eles estavam tão próximos que podíamos ouvir seus corações acelerados. O odor forte se tornara mais intenso. Emmett se aproximara de mim e entrara em minha frente para que eu fosse protegida por seu tamanho.

-Sou Carlisle e esses são meus filhos.

Eles estavam em cinco. Eram altos e musculosos, seus cabelos totalmente negros e mal cortados, usavam uma marca no ombro esquerdo e alguns apetrechos de índios feitos com penas e muitas cores. Pareciam ser bem mais velhos do que realmente eram. E havia algo que fluía deles... Uma espécie de magia. E isso me encantava profundamente.

-O que fazem por aqui em nossas terras? - a voz do líder se fez ecoar gravemente pela floresta.

-Estavamos caçando. Animais.

-Não são bem vindos em nossas terras e em nossa cidade. Sabemos quem são e que são traiçoeiros.

-Nossa intenção é apenas nos alimentar, não matamos humanos. Pode notar que nossos olhos são diferentes.

Eles nos encaram por longos segundos.

-Não queremos os frios por aqui. - outro gritara.

Saí de trás de Emmett e fui para o lado de meu pai. Eles me encaram sem conseguir respirar sequer. Arriscaria dizer que estavam encantados comigo tanto quanto eu estava com eles.

Nesse momento olhei para o líder. Seus olhos eram tão negros e tão sinceros que poderia confiar nele. Poderia apelar para seu senso de justiça. Ele usava em sua cabeça uma espécie de cocar feito de cabeça de lobo. Indicando seus antepassados. Ao mesmo tempo algo em mim iniciou uma mudança. A magia vinda daquele grupo indígena estava fluindo até mim e entrando em minha pele, se embrenhando em meu corpo e criando um laço estranho e firme com toda essa magia que envolvia os Quileute.

-Seu nome por favor. - falei diretamente ao líder.

-Ephraim Black.

-Sou Agnes Cullen, nós os Cullen, não matamos humanos, aliás meu pai é médico. Nós convivemos em paz com os humanos e gostaríamos de viver em paz com vocês também. Forks é uma cidade perfeita para nós e não queríamos ter que ir embora ou sermos expulsos. Não haveria um modo diferente de resolvermos isso?

-Creio que não. - ele hesitara para responder.

-Então apelarei para o seu senso de justiça. - dei um passo em sua direção. Meu pai e meus irmãos me cercaram para me proteger e os índios se colocaram em posição de ataque. - Está tudo bem. - levantei minhas mãos em sinal de rendição. - E se fizéssemos um acordo?

-Que espécie de acordo? - ele parecia desconfiado.

-Não mataremos ninguém e não caçaremos em suas terras. Viveremos em Forks e longe de suas terras. La Push estaria protegida. Todos estariam.

-Não sei se poderemos confiar em vocês.

-Eu lhes garanto que nenhum Cullen quebrará tal acordo. - meu pai solenemente prometeu.

-Poderá estabelecer os limites. - sugeri sorrindo quando percebi que estava cedendo.

-Em nome de toda a tribo e em meu próprio nome como chefe e alfa, selo hoje um acordo com os Cullen. Não entrarão em nossas terras e não morderão nenhum humanos e assim poderemos viver em paz.

-Estamos de acordo. - meu pai estendeu a mão para Ephraim, mas este apenas olhou para o gesto e o rejeitou.

-Se houver uma única mordida ou um passo fora da fronteira iremos caçar vocês e matá-los.

E então se virou e partiu sendo seguido pelos outros. Carlisle também correra, mas na direção oposta, suspirei antes de seguir meu pai rumo a nossa casa.

Dentro de mim aquela ligação com os Quileute não havia se rompido.

(...)

Três dias depois de termos feito o acordo com os Quileute, meu pai havia decidido que não havia necessidade de irmos embora de Forks.

Aproveitando que todos estavam em casa resolvi contar como me senti naquelas terras e a ligação estranha com Ephraim Black.

-Foi totalmente estranho. Como se um fio de nylon me prendesse ali, não era forte o suficiente para me manter presa, mas eu podia sentir que existia.

-Não sei se posso ajudá-la filha. Quais são as possibilidades? Somos inimigos naturais. - Carlisle passara a mão por meu ombro.

-Ele se sentiu da mesma maneira. Os outros estavam apenas admirando sua beleza. - Edward comentara como se fosse uma trivialidade. -Não era a minha intenção. - respondeu ao meu pensamento.

-Talvez ele se apaixonou por você e queira abandonar tudo por sua causa. - Emmett sugeriu empolgado.

-Ele tem uma esposa e um filho chamado Billy, não tem a mínima chance de isso acontecer. - Edward revirou os olhos.

-E se ele aparecesse aqui e tentasse levar Agnes para fazer dela a deusa deles?

-Emmett por favor! É muito sério pra mim. - com meu tom de voz irritado, ele se calou.

-Talvez sua mãe tenha alguma ligação com aquele povo. É a única explicação plausível.

-Minha mãe não era indígena, Edward.

-Deve ser atração física então.

-Emmett! - Edward, Rosalie e eu falamos ao mesmo tempo.

-Tem alguém se aproximando da casa. - Edward estava paralisado.

-Ephraim Black? - Emmett perguntara.

-Cala a boca agora! - gritei.

-Não... É um casal... Bem estranho, diga-se de passagem.

Fui para a porta e a abri. Um casal surgiu em minha frente. Uma garota com cabelos negros e espetados, não devia ter mais de 1.55. E pela sua expressão de euforia imaginei que fosse louca.

O homem que a acompanhava era um alto e loiro. Seu rosto era cheio de cicatrizes, o que me impressionou, mas não me deixou assustada. Ele parecia estar incomodado por ter que estar ali.

-Olá, meu nome é Alice e esse é Jasper Withlock. - sua voz aguda era exuberante. Ela veio até mim e me abraçou. - Estava morrendo de vontade de te conhecer Agnes, prometo ser uma ótima irmã!

Recém-Criada - Livro I (COMPLETO)Where stories live. Discover now