8 - Irmãos

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Segundos silenciosos se passaram enquanto eu esperava uma resposta. Eu tinha me arriscado, agora era a vez dele. Continuei de costas esperando... Contando cada respiração que saia e entrava em meus pulmões petrificados. Será que ele poderia notar minha aflição ou a vampira conseguia disfarçar muito bem?

-Você queria liberdade. Eu te dei, mas não irei cobrar nada por isso. – sua voz fascinante trazia agora um tom sombrio de morte. – Nosso acordo termina aqui, não possui nenhuma divida comigo. – havia tanta tristeza em seus olhos que algo em mim se compadeceu. Aidan era solitário e essa constatação me fez ver que eu o queria em minha existência.

-Talvez não seja uma dívida que eu queira pagar.

-Tirei sua humanidade e já considero isso o suficiente, Agnes. Não vamos tornar isso mais complicado do que é.

-O que pensa que pode tirar de mim? Eu nunca tive nada.

-Agora tem. Seus olhos estavam felizes quando citou o nome Carlisle, ele te deu algo que ninguém antes fora capaz de lhe dar, e sinceramente você deve valorizar isso.

-Não o conheço há muito tempo, na verdade é quase nada em minha vida... – sorri ao pensar no vampiro loiro. - A maneira como ele me olha... Parece que me ama e me conhece há séculos. Não sei se poderia pedir mais do que tenho agora e olha que nem sei o que tenho em mãos. – deis alguns passos em sua direção, se ele soubesse como eu estava encantada com sua aparência nesse momento...

-Fico contente por saber disso. – Aidan me despertou de meu devaneio.

-Aidan, o medo que eu sentia me impedia de ver que... – estávamos separados por quase um metro agora. 94 centímetros para ser mais exata. Senti-me satisfeita com minha capacidade de precisão. Mas tinha que me concentrar no que realmente era importante - Talvez eu nunca tenha sido... Indiferente a você. E sei que sempre fará parte de mim, em minhas veias. – olhei para meu braço que tinha um sinal de mordida. Era um sinal dele em mim.

-Deve ser mais claro com você? – ele não expressou nada além de um vazio profundo.

-Não entendo sua atitude, Aidan.

-Sugiro que volte para sua casa e para os olhares cuidadosos de Carlisle.

-Também acho que seja a hora de voltar. Meus planos se frustraram quando chequei aqui.

-Quais eram seus planos?

-Matar você. - sussurrei.

-E por que não o fez?

-Não importa mais. Espero que fique bem com sua existência miserável, e pode ficar tranqüilo pois não pretendo voltar aqui e pelo o que ouvi Carlisle dizer vamos embora em poucos dias. – não soube se era uma boa ideia dizer isso.

Ele não disse nada. Não esperei nenhuma resposta.

Abri a porta e saí daquela casa. Comecei a correr. Esse turbilhão que se movia em mim era incomum. Não era possível tantos sentimentos contraditórios e concordantes estarem dentro do meu peito, era? Não saber o que fazer me deixara atordoada. Quando meu corpo era humano, as reações eram diferentes. Talvez eu pudesse dizer que estava apaixonada naquela época, contudo, agora, fui envolvida por uma onda de sentimentos fortes que pareciam me deixar exaurida só de tentar compreende-los. A ironia envolvia esse meu pensamento era um tanto amarga. Um vampiro jamais sentia cansaço ou coisa parecida.

Continuei correndo até que encontrei um lugar para ficar sozinha. Por quanto tempo? Eu não sabia. Nessa parte da floresta há muitas pedras, com sorte encontrei uma fenda entre essas pedras gigantes e me sentei ali sentindo uma pequena angustia tomar força. Ele fazia parte de mim e isso era tão real quanto todos os meus sentidos aguçados.

Recém-Criada - Livro I (COMPLETO)Место, где живут истории. Откройте их для себя