6 - Primeira Caçada

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A nova velocidade e meus sentidos super aguçados trouxeram uma nova perspectiva para mim. Carlisle me dissera que o estado em que eu me encontrava era o de quase morta, apenas assenti levemente para não discordar dele, pois esse assunto parecia chateá-lo, entretanto não me sentia quase morta.

Não. De maneira alguma.

Durante todo o período de minha vida humana, eu sobrevivi. Hoje me sinto viva. Correndo logo atrás de Carlisle no meio de uma floresta, eu me sinto viva. Sendo uma vampira, eu me sinto viva.

-Quando vamos parar? – não fiz a pergunta por estar cansada, longe disso. Poderia correr o continente por completo e ainda não estar ofegante, mas minha garganta parecia estar pegando fogo, e ele disse que iria me mostrar como aliviar isso.

-Ouça... - ele parou de repente. – Aqui você é livre. Pode caçar qualquer animal, quero que solte seus sentidos e seja apenas uma vampira. Mas não esqueça quem é Agnes. No final, é só isso que vai te sobrar.

Pensei em perguntar o que ele queria dizer com isso, no entanto ouço a respiração de um animal. Ele está escondido, está me observando. As batidas do coração da pantera ressoavam em meus ouvidos e eu não tinha mais o controle de mim; avancei naquela direção e me lancei sobre o animal. Ele tentou me arranhar e me morder, suas patas alcançaram as alças de meu vestido e rasgou a parte frontal do mesmo, mas não tinha o que fazer. Ele não poderia me vencer. Com a boca arranquei sua pele e cuspi. Um rugido ecoou pela floresta e então eu mordi seu pescoço onde a pulsação parecia mais intensa.

O liquido quente corria de minha boca para a minha garganta aliviando a dor. Não sei quanto tempo fiquei ali sugando a vida daquele animal, pois a sensação era um tanto prazerosa, eu podia sentis o liquido entrar no meu corpo e ser absorvido pelo meu organismo. Era um sentimento de pura satisfação.

Quando notei que já não havia mais sangue no cadáver, me levantei. Meu vestido azul claro estava destruído. Na verdade ele se encontrava mais sujo do que rasgado.

-Está tudo bem? – a voz de Carlisle me trouxe de volta a realidade.

-Acho que entendi o que você quis dizer sobre não esquecer o que realmente sou. É muito fácil seguir apenas o monstro.

-Sim. – ele assentiu.

Olhei para meu vestido e tentei concertá-lo ou pelo menos cobrir uma parte maior do meu busto. Amarrei algumas tiras e até que não ficou tão ruim.

-Temos mais alguma coisa para fazer? –subitamente eu estava animada. – Minha garganta melhorou, só que ainda sinto... – tentei encontrar uma palavra ideal.

-Sede?

Não sabia se essa era exatamente a palavra, mas por hora ela servia.

-Acho que sim. – murmurei.

-Bem, encontrei alguns alces... e são um tanto raros por aqui.

-O que estamos esperamos?

-Por ali.

Nem esperei que ele dissesse mais alguma coisa. Agora seria apenas por diversão.

(...)

Mais uma vez encarei o espelho. Desta vez pedi a Esme um vestido vermelho e que prendesse uma parte de meus cabelos na lateral. Passei um batom vinho (não que eu precisasse) para trazer mais sensualidade a mim. Suspirei satisfeita.

-Quais são os seus planos?

-Preciso falar com ele. Preciso perguntar por que me abandonou. Não vou conseguir viver comigo mesma sem o ouvir dizer o motivo.

Recém-Criada - Livro I (COMPLETO)Where stories live. Discover now