Quando a ultima luz se apagar.

O reencontro inesperado!

O ultimo feixe de luz deixou o campo de batalha e subiu aos céus, restando apenas Maael, o anjo do ponto dentro da Igreja de Belo Monte, ele cuidava de que todos retornassem em paz a seus lares, para que enfim a missão se desse por cumprida, mas antes, faltava encontrar a ultima alma perdida, Menahem.

Por onde andaria o jovem Menahem? A Alma corrompida por Thaliel, que sofrera a terrível transformação após o contato com o sangue pútrido do terrível Satanael. Menahem havia saído para uma missão, mas não retornara, estava perdido por Belo Monte, perdido na verdade não era o termo correto, eu diria que escondido seria o termo mais apropriado, pois ele conhecia bem aquelas imediações, já estivera outras vezes ali com Evelin, passeando por aquela bela e frugal cidade.

***

Evelin caminhava para casa, em companhia de outros moradores vizinhos, ao passar pela porteira do Sítio do seu avô Genaro, entrou e seguiu pela estradinha até a entrada da casa, de onde se avistava fumaça, certamente algo estava sendo preparado no fogão a lenha, com toda a agitação daquela noite, só se dera conta ali, adentrando o Sítio, de que estava faminta, a vigília lhe ocupara todos os pensamentos, mas o estomago não tardava a dar sinais de sua existência.

Evelin passou pela porta, deu bom dia e seguiu para o quarto, queria trocar de roupa, tomar um bom banho e depois repousar. Entrou em seu quarto e fechou a porta, ao se deparar com o quarto escuro, achou estranho, o quarto normalmente não ficaria naquela penumbra toda, quando foi se dirigindo para a janela afim de abri-la, levou um susto, um par de olhos vermelhos como brasa a espreitava de um dos cantos do quarto, Evelin quis gritar, mas a voz não saiu, ela então, petrificada pelo choque da visão que estava tendo, não conseguiu se mexer, porém, algo estranho lhe dava a sensação de conhecer aqueles olhos, e aos poucos o medo foi passando, ela foi ficando mais relaxada, a visão se acostumando com a penumbra do quarto, e ela pode ver alguns traços humanos por trás daquele olhar odioso.
Ela reconheceu os traços e não restava mais duvida, era ele, Menahem, seu amado e jovem namorado morto, agora um demônio...

-Menahem? É você meu amor? Venha, saia dessa escuridão para que eu possa ver o seu rosto.

-Menahem, venha por favor, me deixa te ajudar.

Menahem se moveu para próximo de Evelin, sua feição embora agora dotada de características demoníacas ainda lembravam um pouco do seu amado. Evelin então chegou mais perto e estendeu as mãos afim de toca-lo. Menahem recuou de novo, ela mais uma vez insistiu...

-Meu amor, não tenha medo, sou eu! Estou aqui para te ajudar, venha, me deixa te tocar.

Ele então saiu da escuridão do canto que estava e se aproximou novamente dela, agora já com os olhos embotados, mirando o piso, a cabeça baixa, chegou próximo de Evelin, ela então novamente estendeu as mãos e tocou-o em seu rosto.

-Meu amor, o que fizeram com você? Tiraram de nós toda a nossa preciosa vida juntos que estávamos prestes a construir, porque? Eu não tenho medo de você, venha, eu conheço você melhor do que qualquer pessoa, sei que ai dentro existe uma boa pessoa.

-Eu sou um demônio, não sou mais digno do seu amor...

Com essas palavras Menahem quebrou o silêncio, e prosseguiu.

-Roubaram de mim a vida, depois, me transformaram nisso que você está vendo, que nem mesmo eu sei dizer o que é. Só queria entender o porque?

Não posso seguir nesse mundo errante como uma criatura maligna, eu queria uma explicação, ou que alguém de fato acabasse com essa minha existência para que eu não precisasse me esconder, eu não quero matar, não quero ser o que me disseram que eu seria.