O chamado silencioso dos anjos.

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37.501 irmãos, o exército estava reunido, o anjo do ponto já se encontrava a frente das tropas, de trás deles, a igreja de Belo Monte, dela emanava uma coluna prata de energia, essa coluna vertia ao próprio céu uma poderosa proteção, proteção essa igualmente distribuída entre todos os irmãos, fortalecendo suas armaduras, tornando-os mais resistentes as investidas infernais.
Trinta e sete mil e quinhentos anjos responderam a aquele silencioso chamado, muito mais que a convocação de Maael, o que os motivava estar ali, era a nobre missão de proteger aqueles que Deus criou sua imagem e semelhança, uma alma havia sido profanada, para os anjos, uma afronta sem precedentes, um motivo para a luta, sim. E a ela, eles iriam. Toda vez que fosse preciso.

Na clareira da floresta, os grupos permaneciam divididos em trinta e sete grupos de mil soldados, e mais um grupo de quinhentos e um. Entrariam nessa ordem ao campo de guerra.

O silêncio que imperava no local era ensurdecedor, os anjos aguardavam, todos compenetrados, orando em suas posições, o desejo de seus corações de bravos guerreiros era de que se precisassem entregar suas vidas, que elas valessem o sacrifício para que os anjos saíssem vitoriosos e a alma de Menahem fosse salva e liberta.

Ao oposto dos anjos, concentrava-se a horda de trinta mil demônios. Desordeiros, desregrados, só pensavam em correr campo de batalha a dentro e matar, quantos anjos pudessem, assim o faria, sem escrúpulos, sem medo de morrer pois vida era tudo que em seus corpos não havia.

***

-O nobre irmão, nosso general Maael poderia conduzir-nos no nosso cântico?

-De certo meu querido irmão Belael, assim o farei. Vamos! Está na hora.

***

Maael se dirigiu calmamente até o centro das tropas. Olhava sereno para todos seus irmãos, respirou profundamente, olhou para os céus, agradeceu ao Pai Celestial por poder estar ali, naquela missão, à frente dos soldados do Seu Exército, era uma missão nobre, a qual ele certamente jamais se esqueceria.
Pediu que Deus guiasse e conduzisse seus passos naquela contenda e que principalmente, protegesse a todos os seus irmãos que ali estavam de bom grado.
E então, Maael lhes falou:

-Meus nobres irmãos, é chegada a hora de irmos diante do inimigo, lutarmos pela alma do jovem Menahem e mais do que isso, trazer de volta quantos conseguirmos para que entrem em descanso eterno.

Dias como o de hoje, são lembrados pelo clamor das espadas, mas são ainda mais lembrados por tudo o que se esta em jogo e quando nosso exército sair deste campo com o seu objetivo cumprido, e tenho fé que sairá, teremos muitas histórias pra contar dos irmãos que trouxemos de volta para o descanso eterno, Deus é nosso comandante, e a Ele traremos nossos irmãos, que vocês possam lutar bravamente, brandir suas espadas com fé, nossa guerra é Santa, e Deus é conosco.

Fez-se silêncio em toda a campina, e então a voz de Maael foi ouvido num cântico, logo seguido por trinta e sete mil e quinhentas vozes, o canto dizia assim:

O pôr do sol está chorando no céu
De repente eu vejo um novo horizonte
E eu comecei a me perguntar por quê?

Um novo dia, nascer do sol
Soam as trombetas do amanhecer
Longe dali, por um tempo
Eu ouço o chamado silencioso dos anjos
Oooh, o chamado silencioso
Oooh, o chamado silencioso

Todas as respostas para estes mistérios duvidosos
No sol mágico da meia noite
Eu tenho um velho saco cheio de memórias recentes
Muitas risadas e muitos prantos

Um novo dia, nascer do sol
Soam as trombetas do amanhecer
Longe dali, por um tempo
Eu ouço o chamado silencioso dos anjos
Oooh, o chamado silencioso

Abro minhas asas e voo
Apenas guiado pela fé
Através da escuridão ou luz
Posso ter os porquês
É sempre o mesmo
Está sempre lá
Noite e dia
O chamado silencioso

Podia-se ouvir a canção a quilômetros de distância, os demônios escondidos na mata, ouviram aquela canção, o medo se instaurou, eles se sentiam em pânico, os que já haviam sido anjos, choravam em silêncio, pois, por mais que seus corações fossem tingidos pelo negrume putrido do sangue de Lucifer, eles conheciam bem aquela canção, sabiam o seu significado, sabiam o quanto fora importante pra eles ouvirem pela primeira vez aquelas palavras, como se tornaram anjos guerreiros do Senhor Deus.

Afastada, longe de todos, chorava dolorosamente Thaliel, a general dos exércitos de Lucifer, a preferida de Satanael, ela sabia o quanto aquela canção era importante para os anjos, pois era muito importante pra ela também, as lágrimas desciam de forma intensa. Seu coração sentia falta da Luz, ninguém era capaz de desconfiar, mas, Thaliel já estava cansada daquela sobrevida, seu coração, há muito pedia pela clemência de Deus, pra que ela pudesse ser liberta daquela prisão.
Parece que Deus havia ouvido seu íntimo, pois ela estava no limiar de uma batalha, a qual ela não pretendia vencer, a qual ela mesma provocara, egoísta como um demônio, só pensou em si na hora de causar o confronto, mas a ela, tanto faz, o que ela queria era paz, a qualquer preço, nem que pra isso antes, tivesse de ir a guerra...

***

Olá amiguinhos, capítulo de número 12 pra vocês, espero que curtam, foi um dos mais bonitos que escrevi, a letra do cântico dos anjos, é feita em cima da música Silent Call da banda Angra, quem tiver curiosidade, ouça, a música é maravilhosa e eu fiquei ouvindo ela no repeat durante toda a escrita do capítulo.

É isso! Até o próximo.

Quando a ultima luz se apagar.Where stories live. Discover now