— Cala a boca Ju! — Ele me interrompe. — Já conversamos, mas nada mudou aqui dentro. — Sua mão em seu peito me faz entender o que ele está dizendo.— Enfim, sabe que eu te amo.
Apenas assinto. Não tenho muito a dizer.
— Sabe que eu faria de tudo para te ver feliz!
— Sei que sim. — Um tempo atrás eu duvidaria disso. Quando ele teve a oportunidade de fazer, fugiu. Mas hoje, é diferente. — esta me deixando nervosa.
— Eu estive procurando seus pais! — ele diz de forma direta.
— Como? A pergunta veio antes que eu pudesse formular algo coerente.
— Estive em uma caçada por eles Ju! Eu sabia o quanto isso era importante para você.
— Eu nunca disse isso! — Senti a raiva crescer em mim de uma forma que eu não esperava. Apesar de querer saber agora, o resultado final, eu não assumiria isso.
— Você nunca disse! Mas eu conheço você. Sei que ai bem no fundo você ansiava por uma resposta para suas perguntas. — O tom preocupado de Lipe me deixa alarmada.
— Não me parece que vai da uma notícia muito feliz. Fala logo de uma vez. — Lipe fixou os olhos em um ponto qualquer sobre a mesa. Toquei sua mão puxando seus olhos ate ao meu.
Me encarou. Engoli em seco.
— Ju, infelizmente depois de várias buscas, vários endereços, pesquisas, perguntas descobri que seus pais faleceram há três anos.
Tudo girou. Senti meu sangue circular rápido e isso me fez faltar o ar. Eu não estava acreditando. As lágrimas tentaram vir, mas eu as segurei. Neguei-me a chorar com a notícia. Eu não tinha vínculos. Não tinha porquê chorar e nem sentir nada.
— Eu já disse, não faz diferença para mim. — Me vesti de uma falsa força. Eu sabia muito bem como fazer. — Nunca os considerei como pais. Não fizeram falta! — elevei a voz. Minha alma queria gritar, mas eu a silenciei.
Lipe se levantou e me puxou para um abraço.
— Juro que não queria te dar essa notícia. Queria te trazer a felicidade. Talvez o melhor fosse esconder isso de você, mas não acho justo. São seus pais, não tem como ignorar a existência. É a sua história, sua vida. — O carinho em meu cabelo não foi o suficiente para me acalmar.
Eu precisava perguntar e não é que eu tivesse interesse na morte deles, eu já imagina o fim que teriam, era só para ter certeza.
— Como eles morreram? — A angustia foi me consumindo.
Lipe solta o ar.
— Quer mesmo saber?
— Sim.
— Assassinato. — A voz saiu sussurrada. Estremeci. Ainda recostada no peito de Lipe passei as costas da mão sobre uma lágrima que caiu sem pedir licença. — Eu não sei muito, assim que fiquei sabendo não quis saber os detalhes. A única coisa que sei é que era dívida de tráfico.
Tentei disfarçar o choro, e falhei. Lipe me afastou um pouco para que pudesse me olhar. Beijou minhas lágrimas e aquilo me fez sorrir.
— Juliana. Se você quiser podemos ir vê-los. Basta me dizer o que quer. Se isso for aliviar seu coração. — Eu entendi o que ele quis dizer. Visitar o tumulo não passou pela minha cabeça.
Eu não iria. Não agora. Quem sabe um dia.
— Obrigada Lipe, mas quero ficar aqui. — O abracei forte indicando que era no seu abraço que queria estar naquele momento. — Quem sabe um dia!
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Curando Feridas ( Hiatus)
RomanceJuliana sempre foi expert em usar máscaras, afinal, eram nelas que ela podia se esconder. A sua defesa sempre foi não deixar suas fraquezas e dores a mostra. Ela sabia que não podia se mostrar fraca, e apesar de todo o esforço, e depois de anos enja...
Capítulo 22
Começar do início