O olhar de Marina para mim era de ódio. Sua respiração subia e descia. Eu podia ver suas mãos tremerem. Ela abriu a boca para retrucar mas eu a impedi.

— Obrigada por ter seguido a ordem de Hugo e ter colocado a mesa. Você faz isso muito bem. Seguir ordens. E desculpe-me, não vou deixar de entrar no quarto de Yago porque você não quer. Vou entrar , dar um beijo nele e sair.

Abri a porta sem olhar para tras e entrei. Pouco me importa o que a maluca acha. Olhá-lo ali, dormindo parecendo um anjo aqueceu meu coração. Fui até a sua cama e sentei-me. Passei a mão em seus cabelos sedosos e brilhosos. Da cor dos meus. Era demais isso tudo para mim.

Sai do quarto e fui até a sala e me deparei com a mesa posta. Segui em direção a porta que me levaria embora. Não ia me despedir. Eu não deixaria o olhar daquela maluca encontrar os meus. Não queria meu dia arruinado pelo seu veneno destilado. Será que Hugo não percebe que tipo de mulher ela é?

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A tela do computador me mostrava uma planilha. Uma fileira de contas a pagar, outras de receitas. Bufo ao constatar que mais um mês estou no vermelho, apesar dos novos projetos, eu precisava de mais. Ainda devia muita coisa da abertura da empresa.

— Droga! Mais um mês no vermelho? — murmuro indignada com a cabeça contra a tela do computador.

— Calma chefinha. Tudo se resolve. O que foi dessa vez? O gatinho aprontou com você?

Levanto meus olhos para encontrar os de Kate curiosos sobre mim.

— Estamos no vermelho novamente.

— Ah!! É isso? Relaxa chefa. As coisas estão melhorando. Heitor me disse que tem muitas coisas vindo por ai. Agora se fosse o gatinho aprontando eu estaria preocupada, porque você não pode perder aquela maravilha.

Sorrio com o comentário da minha secretária. O celular apita e eu vejo que é uma mensagem de Hugo perguntando se estou bem e se já tomei café da manhã. Respondo que estou bem e que estou ocupada atendendo um cliente. Eu menti eu sei, mas não queria contar que não tomei café. Acho que o que eu devia fazer  uma surpresa para ele na hora do almoço.

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Depois de ver as horas literalmente passarem na minha frente peguei minha bolsa e sai. Eu precisava de ver Hugo novamente. Acho que ele ia gostar de uma surpresa. Seria infantil da minha parte? Adolescente talvez? Não sei. O que eu sei é que não ficaria nem mais um segundo me segurando.

O tempo fechado e o vento forte não foi empecilho para eu seguir até empresa de Hugo. Os passos rápidos me levariam até ele o mais rápido possível. A entrada da empresa me fez engolir em seco. Eu estaria pronta para brigar com essa família de nome tão importante caso eu precisasse? Isso me assombrava cada vez que eu me imaginava em um situação de briga ou conflito. Meu coração doía e mais uma vez eu empurrava para longe todo o medo e me deixava levar pelos sentimentos contraditórios. O medo brigando com o amor. O amor que eu sentia por ele me fazia seguir em frente acreditando que no final tudo daria certo.

— Senhora? SENHORA? — A voz elevada me despertou.

— Si... Sim. Desculpe-me. O senhor Hugo ferraz por favor. — Meu coração descompassa apenas ao mencionar seu nome.

— Tem horário marcado? — Não gostei do nariz empinado da recepcionista.

— Não. Mas basta informa-lo que Juliana está aqui e deseja vê-lo e ele irá me receber.

Curando Feridas ( Hiatus)Where stories live. Discover now