Mas não adianta começar a elaborar teorias, já não falta muito para eu descobrir o que ele quer.

Depois de pronta, ficamos no Centro de Beleza conversando até meu carro chegar e eu ir a caminho do jantar com o James.

Ele escolheu um restaurante na cobertura de um prédio comercial de luxo, não muito longe do Palácio Real. Subo o elevador, e o concierge já está me esperando no saguão.

Quando avanço pelo restaurante, tenho a sensação de estar entrando em uma nave espacial, pelo menos era assim que eu achava que elas deveriam ser: redondas e rodeadas por janelas de vidro inclinadas com uma vista completamente panorâmica.

Sou levada para um espaço reservado onde James me aguarda.

O restaurante não está vazio, mas o ambiente é amplo e as mesas ficam muito distantes uma das outras. Sei que algumas pessoas olham quando passo, provavelmente curiosas para ver como vai correr o jantar com o James.

Felizmente, não são permitidos paparazzi em lugares privados, o que é ótimo, uma vez que não faço ideia do que vai acontecer.

— Emily! — James me cumprimenta, levantando-se com a elegância de costume em um terno bem alinhado. — É um prazer vê-la novamente — diz sorrindo, mas sem a mesma espontaneidade que ele tinha quando era meu Mentor.

Ele está nervoso, consigo sentir!

— James. — Sorrio de volta, para ele não notar que estou na defensiva. — O prazer é meu.

Sento-me, e ele se senta a seguir.

Aceito a sugestão de prato de carne que o garçom indica e peço uma água com gás.

— Você parece tão diferente da Emily que eu conheci — diz quando o garçom se afasta. — Não a aparência, mas olha para você. Como uma garota que parecia tão frágil fica assim? — Ele toma um gole do vinho.

— Muita coisa aconteceu — respondo, sem gostar muito de como essa conversa começou.

— Tudo é possível, não é mesmo? — James pergunta, olhando-me nos olhos, enquanto a frase me traz lembranças de uma das piores noites da minha vida.

Então é isso?

Ele está chateado ainda por não ser mais meu Mentor?

O garçom se aproxima trazendo as entradas, e nós ficamos em silêncio, o que me permite respirar fundo várias vezes para controlar a raiva que começo a sentir.

— O que você quer? — pergunto sem rodeios assim que ficamos sozinhos de novo.

— Fazer umas perguntas para você — ele diz, e sinto um arrepio por causa do tom de voz que ele usou. — Sou seu amigo, Emily, só quero ajudá-la. Por favor, aja normalmente.

Ele pega um pedaço do queijo azul e o leva a boca. Fico apenas olhando e desejando estar em qualquer outro lugar, menos aqui.

Droga!

— Se você não falar agora mesmo o que quer comigo, eu vou embora — ameaço.

— Não faça isso. — Ele parece preocupado agora, enquanto olha para o resto do restaurante, exatamente como fiz há pouco. — Só vai chamar mais a atenção.

— Atenção para o que? — pergunto impaciente.

— Para a nossa causa — James responde. Não demora mais do que um segundo para eu processar essa informação e saber do que ele está falando, mas não demonstro minha suspeita. Então ele se aproxima um pouco mais de mim por cima da mesa e sussurra. — A Resistência.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora