O choro fica cada vez mais alto e, assim que me aproximo, vejo Nina.
Ela se vira quando nota que estou me aproximando.
— Vá embora — grita.
Claro que não vou fazer o que ele está pedindo, mas também não sei como agir.
Preciso manter a calma, ou melhor, preciso tentar parecer calma. Minhas mãos estão tremendo e meu coração bate descompassado.
Não acredito que isso está acontecendo.
— Nina, sou eu, a Emily — falo, tentando ganhar tempo para pensar em algo melhor para dizer.
— Sei que é você. Mas não quero falar com ninguém, só quero ficar sozinha — ela diz com a voz tremida, apesar de tentar parecer decidida.
Como a Resistência me disse, as coisas poderiam estar ruins no Setor da Nina. Por isso, não é difícil imaginar que, hoje tendo sido o dia da visita, provavelmente ela recebeu uma má notícia.
— Deixo você sozinha quando se afastar do parapeito — minto, não tenho intenção de fazer isso. — É perigoso, você pode se desequilibrar — falo, tentando parecer acreditar que ela não tinha a intenção de pular do terraço.
Nina começa a chorar de forma compulsiva e me aproveito para me aproximar.
— Se eu fosse pular, já o teria feito — ela diz, convicta, apesar de as palavras se misturarem ao soluço.
— Eu sei, Nina — respondo, suspirando aliviada quando ela desaba no chão. — O que aconteceu? — pergunto, observando a garota frágil abraçando as próprias pernas como se quisesse se manter inteira.
Já fiz isso tantas vezes.
— Você não entenderia. — É a resposta que ela me dá.
Claro, a Emily que ela está habituada a ver não entenderia.
A Emily que vai para todas as festas com roupas extravagantes e beija o Príncipe é igual a todas as outras pessoas.
A Emily que parece não ligar para o passado e ostenta com orgulho esse anel de diamante não se importaria com ela ou com o que está acontecendo no Setor de onde ela veio.
— Acho que nós temos mais em comum do que você imagina — respondo, vendo-me no desespero dela.
Afinal, era essa a ideia que eu tinha de todos os outros Curados quando cheguei aqui. Que todos eram felizes. Que todos se esqueciam dos Setores.
E não é assim.
Não com a Nina.
Não comigo.
— Como o que? — Nina pergunta, a voz se quebrando, os olhos inundados em lágrimas e tristeza.
Não posso dizer que ambas estamos infelizes, isso não é suficiente. Tento me lembrar do que dizia na revista sobre ela. Por isso, vasculho rapidamente as memórias daquele dia na praia.
— Nós somos órfãs — digo, feliz por ter me lembrado de algo importante.
Essa informação faz com que eu ganhe a atenção dela. Nina enxuga os olhos com suas mãos delicadas.
— Eu sinto muito — ela diz, pegando o lenço de papel que entrego para ela. — É horrível ser órfã.
— Nunca para de doer. — Nina balança a cabeça concordando e me sento quando sinto que ela me deu abertura. — Mas tudo bem, já foi há muito tempo — digo, sorrindo para desfazer o sentimento de compaixão que ela demonstra estar sentindo por mim apesar da própria dor.
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A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)
Science FictionSerá retirado do Wattpad nos próximos meses! Enemies to Lovers | Fake Dating 🏆 Wattys 2020 Gaia | 2121 Cem anos após a Terceira Guerra, Emily e Lucas ainda sofrem as consequências do confronto biológico e carregam no sangue um vírus mortal. Ela per...