Capítulo 18

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CURA | DIA 2

Só tenho certeza que consegui dormir porque tive alguns pesadelos.

Sinto-me exausta agora.

Por isso, sair da cama parece impossível, mesmo que o alarme esteja cada vez mais alto. Faço um esforço, só quero chegar à sala do procedimento de Cura e tomar o sedativo, estou desesperada por algumas horas de quase inconsciência.

Pouco depois a porta abre, e as duas enfermeiras entram e desligam o alarme.

Elas me ajudam a levantar e a sentar em uma cadeira de rodas, levando-me para a frente da mesa onde meu café da manhã já está esperando.

Pego um pão que está embalado e etiquetado. Além da data de embalagem e vencimento, vejo meu nome, o peso e a lista de ingredientes. Tudo foi feito exclusivamente para mim, na medida certa.

— Você precisa comer tudo o que a nutricionista passou — Tessa diz quando afirmo ter terminado, mas ignorei a tigela de frutas.

— É mesmo necessário?

— A nutricionista sabe exatamente o que seu corpo precisa para que o procedimento seja o menos desconfortável possível. Se não seguir à risca tudo que é prescrito, você poderá ter noites ainda piores que a de ontem.

O argumento é tão bom que nem ao menos penso em contestar, apenas pego a tigela de frutas. Afinal, não quero noites como a de ontem, muito menos noites ainda piores.

A seguir, as duas me guiam até a sala onde estive no dia anterior e a Dra. Meredith já está à minha espera.

— Já ouvi falar que você demorou mais do que o habitual para ter a crise do primeiro dia — diz, olhando-me de forma cuidadosa. — Foi muito ruim?

— Foi péssimo — digo sincera, enquanto sento-me na poltrona e vejo a sala girar ao meu redor.

— Sinto muito. Mas pelo que estou vendo nos exames que fizeram nesta madrugada, tudo está normal, seu corpo está reagindo perfeitamente bem. Não sei se hoje será melhor ou pior, não posso garantir nada. Mas já passou um dia.

— Só faltam mais quatro — ironizo, mas isso me aterroriza.

— Eu sei — ela responde de forma condescendente. — Hoje, nós vamos direto para o sedativo assim que estivermos monitorando seus sinais vitais, uma vez que o Soro da Cura já foi injetado ontem.

Tessa e July rapidamente me ligam aos aparelhos.

— Preparada, Emily? — Meredith pergunta.

— Sim — respondo com um ânimo que nem eu mesma reconheço.

Estou desesperada por não ter que pensar, que me lembrar, que sentir. Só quero entrar naquele sono profundo no qual parece que não existo mais.

— Tenha um bom descanso! — Meredith me diz alguns segundos antes de o sedativo fazer efeito.

Cura | Dia 3

Essa noite foi igual a anterior, mas acho que não vomitei nem uma vez. Tudo é um borrão entre medo, náusea, febre e dor de cabeça.

E apesar de o alarme estar tocando há algum tempo, não consigo abrir os olhos por mais que eu tente.

Os segundos passam e não sei porque as enfermeiras ainda não entraram.

Ouço a maçaneta da porta do quarto ser aberta e não tenho forças para me mexer. A seguir, há passos vindo na minha direção. Só de uma enfermeira. Meus olhos continuam pesados demais para eu conseguir abri-los.

A Resistência | À Beira do Caos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora