— Lottie, deixe seu irmão em paz, você sabe dos seus problemas de estresse. —  Minha mãe, Jay, disse. Me dando um susto. Ela simplesmente brotou na porta da cozinha.

— Ah, oi, mãe. —  Eu disse, me levantando e pegando o controle remoto, ignorando completamente minha irmã beliscando meu braço. —  Quando o almoço vai ficar pronto? 

— Daqui a pouco, meu bem. Tenho que buscar suas irmãs na escola, mas antes, podemos ter uma conversinha em particular? 

— Ah, não tô a fim. —  Eu disse, tirando os sapatos e jogando em um canto da sala.

— LOUIS KENT TOMLINSON. PRO QUARTO, AGORA. 

Ela disse meu nome completo. Já podem preparar meu velório, gosto de rosas brancas.

Levantei igual um tiro do sofá e subi as escadas, entrando no quarto e vendo minha mãe fechar a porta logo atrás de mim. Eu juro que ouvia Lottie rindo na sala.

— Sente aí. —  Ela disse. Com sua ordem, me sentei na cama.

— O que eu fiz agora?

— Nada, Louis. É só que você já tem seus dezoito anos e...logo mais você descobrirá algo sobre você.

— Mãe, eu já peguei meninas, se é isso que a senhora está falando. —  Eu e minha mãe sempre fomos muito abertos entre nós, então eu não tinha vergonha de lhe contar essas coisas.

— Não, seu bobo. É outra coisa que... você descobrirá em breve. —  Ela disse, apertando minha mão.

— Vou descobrir que sou gay? —  Eu disse, rindo após falar isso.

— Quem sabe, Louis. A adolescência é cheia de descobertas.

— Não, tenho certeza que gosto de mulheres. Agora, com licença que está passando Padrinhos Mágicos. —  Eu disse me levantando, sendo surpreendido pela mão de Jay me puxando pelo pulso.

— Eu não terminei. Tenho que lhe entregar uma coisa. —  Ela disse, puxando um tipo de colar de seu bolso.

— Um colar com a letra "S"? Mãe, pra que isso? —  Eu disse, revirando os olhos pra ela.

— Seu pai pediu para que eu lhe entregasse quando estivesse pronto.

— Meu pai? Eu não quero nada desse otário. —  Eu disse, ficando nervoso.

— Louis, isso é importante, define quem você é. —  Jay disse, passando a mão pelo meu cabelo, fazendo com que eu me acalmasse.

— E quem eu sou, mãe?

Nossa conversa foi interrompida pelo volume da TV alto na sala.

— Lottie, abaixe esse volume. —  Minha mãe berrou. 

— Mãe, desce aqui! Vocês precisam ver isso.

Eu e minha mãe nos olhamos, eu dei uma bufada e abri a porta. Descemos as escadas correndo. A notícia na TV fez meu sangue congelar.

"O perigo está próximo. O que temíamos chegou. A famosa infecção Skar chegou ao Reino Unido. Temos uma correspondente na capital. Susan, como está a situação por aí?"

A imagem mostrada fez meu estômago revirar. A cidade estava em chamas e o caos reinava. Policiais andavam com correntes e puxavam seres verdes com garras monstruosas entre a avenida movimentada.

"Não está nada fácil por aqui. A recomendação dos especialistas é se manter longe das portas e janelas e, de preferência, em um esconderijo dentro de suas casas."

Ditas essas palavras, o sinal caiu e a casa ficou em silêncio, até que..

— Nós vamos morrer! —  Lottie disse, chorando descontroladamente.

— Calada. —  Eu disse me sentando ao lado dela. —  Nós não vamos morrer.

— As crianças estão na escola, temos que sair! Agora! —  Minha mãe disse, tremendo.

— Mãe, não é seguro. —  Eu disse. —  Vamos esperar um pouco, talvez tudo se acalme.

— Não, nós vamos agora!

Quem sou eu pra discordar?

Eu e Lottie nos levantamos do sofá. Peguei meu celular e tentei ligar para Fizzy. Ninguém atendia.

Minha mãe ia em direção ao carro e nós íamos atrás dela.

Entramos e ela deu a partida em direção à escola das crianças.

A única coisa que passava em minha mente era: Estamos ferrados.

Enquanto minha mãe dirigia, eu tateava a tela do iPhone, buscando por alguma informação nova ou um trajeto melhor para percorrermos. Dei uma olhada de canto e vi que algumas lágrimas escorriam pelo rosto da minha mãe. Por favor, me dê um tiro. É melhor do que ver minha mãe chorar.

— Mãe —  Eu disse, pondo a mão sobre sua perna —,  vai ficar tudo bem. Não precisa chorar. Isso vai passar, afinal.

— Não, Louis. Está só começando. —  Ela disse, olhando para mim com os olhos vermelhos.

Dito isso, ouvimos um estrondo e o carro rodopiava pela pista.

Minha mãe freou o veículo e caras de preto pediram para que ela abaixasse a janela do carro.

Eu e Lottie estávamos petrificados no banco, dei uma olhada atrás do meu assento pra ver se ela estava ferida. Felizmente, estávamos todos bem. Minha mãe abaixou a janela e disse:

— Sinto m-muito pelo ocorrido aqui na pista, meu c-carro deve estar com problemas e eu preciso buscar minhas filhas na escola.

O cara, que pareceu ignorar completamente o desabafo na sua frente, passou a me encarar. Eu o desafiava a continuar me encarando, até que ele disse:

— Seu filho vem conosco.

Eu o olhei assustado e lancei um olhar pior pra minha mãe.

Ela retribuiu meu olhar com um beijo em minha testa e disse:

— O dia chegou.

Eu a analisava com dúvida em meu rosto, enquanto Lottie chorava no banco de trás. Quando me dei conta, a porta ao meu lado estava se abrindo e os homens me puxando para fora. Um deles veio com uma corda até meu pulso, até que outro disse:

— É melhor uma corrente pra esse aí.

Dito isso, amarraram meus pulsos com uma corrente. Eu me debatia freneticamente e gritava pela ajuda de minha mãe. Ela apenas chorava e segurava Lottie contra seu peito.

A confusão dominava minha mente e eu nunca havia me sentido tão... fraco.

Os caras me jogaram dentro de uma van preta e minha última visão foi da minha mãe gritando:

— SEJA VALENTE.

E a porta se fechou.


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