"O Trono e a Espada"

Capítulo 33

Neli massageava meu coro cabeludo fazendo o sangue circular. "Vai fazer seu cabelo crescer mais rápido" ela dizia. Eu apenas sorria, e deixava com que esse sangue circulando em minha mente, me fizesse pensar melhor a respeito das coisas que eu estava fugindo.

Eu teria que encarar Elen, teria que voltar a tempo para a festa de meu irmão, olharia bem nos olhos de Ezeque, arrancando-lhe toda verdade sobre seus sentimentos. Fugir não é a solução, estou aqui para respirar, mas o fôlego já está voltando, e sei que irei fazer meus pulmões trabalharem mais, quando eu voltar para Florence.

-Prontinho Alteza.
Neli falou me tirando do meu mar de pensamentos.

Olhei para o espelho e vi que ela havia feito uma linda trança de coroa em meu cabelo. Sua agilidade é realmente incrível.

-A senhorita está nervosa com a chegada dos Frenhi?
Ela perguntou.

Frenhi é a família do irmão mais velho do rei Hélio, que virá visitar Gálio hoje. Valter, o irmão mais velho do rei, renunciou um ano antes de assumir o trono, por causa disso foi expulso, mas após Hélio se tornar rei, ele permitiu que o irmão viesse o visitar todo ano, e hoje é um desses dias.

-Philip, o filho de Valter, é como um irmão para Mathew. Quando eles eram crianças deixavam todos os criados de cabelo em pé por conta de suas travessuras. Hoje eles cresceram, mas continuam bem unidos.
Neli falava agora não mais mexendo em meu cabelo, e sim retocando minha maquiagem.

-Não tenho primos, meus pais são filhos únicos, mas tenho irmãos, então acho que dá no mesmo.
Falo contraindo meus ombros.

-Irmãos são bons também, eu tenho um que mora...
Nesse instante Neli é interrompida pó  cinco batidas ritmadas na porta, e me levanto para atender, já sabendo quem é.

-Vim cedo demais?
Mathew pergunta quando abro a porta.

-Você interrompeu Neli enquanto ela falava sobre seu irmão.
Fingo estar brava.

-Mil perdões Neli.
Ele fala fazendo uma reverência para Neli, deixando-a completamente sem graça.

-Não alteza, não precisa se desculpar, jamais será um incômodo. -Ela fala meio vermelha de vergonha.- Bom, então daqui a pouco eu volto para terminar de te arrumar senhorita, fiquem a vontade.

Quando Neli sai, me sento na cama e Mathew também. Ele então me entrega uma caixinha preta cintilante e eu sorrio confusa.

-O que é isto?
Pergunto.

-Algo que você deve usar sempre, e então quis lhe dar uma.

Desfaço o laço que envolvia a caixinha cintilante e abro sua tampa cuidadosamente, quando vejo o que é, meu coração bate mais forte.

-Não acredito.
Falo encantada.

-Gostou?
Ele pergunta.

-É claro que eu gostei Mathew! Gostei muito!
Dou um gritinho.

Me levanto e vou em direção ao espelho, pego a linda e delicada tiara que Mathew me deu e coloco em minha cabeça. Seus detalhes e suas pedras combinam perfeitamente com meu vestido.

-Como você veio para cá sem uma, resolvi te dar essa. Que pertencia a minha mãe, e foi uma das primeiras que ela usou quando estava noiva de meu pai.
Ele diz parando atrás de mim no espelho.

-É linda, obrigada.
Sorrio agradecida.

-Não a de que.
Ele responde.

Olho para tiara novamente e sinto um pulsar diferente em meu coração. Quando volto meu olhos para Mathew, através do reflexo do espelho, o encontro olhando firmemente para mim...