Capítulo 5

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-Quer lutar um pouco pai?
Olho para meu pai que está lendo um livro.

-Faz tempo que a gente não luta né filha?
Ele me olha.

-Pois é pai.

-Então vamos.

Meu pai se levanta e vamos juntos caminhando até a sala de duelos. Passei boa parte da minha vida nessa sala, aprendendo a usar uma espada, arco e flecha, escudos e etc. Uma princesa não tem obrigação de saber lutar, mas sempre existiu uma atração por duelos/lutas dentro de mim. Eu e meu pai vestimos nossas armaduras e pegamos uma espada e sem nenhuma cerimônia começamos a lutar.

-É só isso que você sabe rei Giulian?
Provoco meu pai.

-E você princesa Lia, é só isso que VOCÊ sabe?
Nós não paramos, nossas espadas se encontravam e faziam estalos altos, minha respiração estava controlada, coisa essencial numa batalha. "Nunca fique ofegante" era o que meu avô me dizia.

-A princesa Beatriz está diferente minha filha, está mais madura.
Meu pai falava, mas ainda sim batalhando.

-Milagres acontecem né pai? Mas sinceramente, depois de ter jogado meu peixe de estimação na privada, ter pedido que Miranda se tornasse a sua dama de companhia e de ter tentado beijar meu irmão, mudada ou não, eu ainda não gosto dela.

Meu pai não disse nada, essa era uma de suas manias, nunca dizer nada.

-Pai.
Largo minha espada no chão e dou um passo para trás, meu pai para de andar e me olha.

-O que foi Lia?

-Pai, o senhor precisa começar a falar, a explicar. Poxa, você e a mamãe nunca falam nada!
Meu tom de voz continua baixo, eu não estou irritada, só chateada.

-Nós somos assim filha, com o tempo palavras se tornaram meio inúteis para mim e sua mãe, tanta coisa aconteceu que as atitudes hoje contam mais. Mas me fale, o que você quer saber?

-Nossa pai, tantas coisas.

-Diga uma.

Respiro fundo e então solto aquela pergunta que não saiu de minha cabeça durante toda a noite, depois de ler algumas páginas do diário de minha avó vi que muitas vezes ela se referiu a uma princesa, ou a várias.

-Por que nunca houve uma princesa sucessora do trono?

Meu pai arregala os olhos e ele parece ofegante.

-Não sei minha filha, nunca parei para pensar nisso, sou filho único mesmo.
Ele tenta disfarçar mas percebo em seus olhos algo diferente, um segredo escondido.

-Se a vovó estivesse aqui, ela me falaria.
Digo tristonha.

-Sinto saudades dela.
Meu pai diz.

-E eu também.
Complemento.

-Vossa Majestade, o almoço já está sendo servido.

-Obrigada por avisar.
Meu pai responde.

-Vamos então Lia?
Ele me chama.

-Vamos.
Nós vamos caminhando juntos até o salão principal, ao chegar lá, o almoço já está sendo servido, minha mãe, meus irmãos e meu avô já estão na mesa. Sento e começo a comer, não demoro muito até terminar, como não estou em um dia muito bom, faço uma referência e me retiro da mesa, antes de ir para o meu quarto passo na cozinha e me certifico de que o sorvete que fiquei de dar para meu irmão será servido para ele ainda no almoço. Após ver tudo, subo para meu quarto. Hoje Miranda não irá me fazer companhia e eu não estou com muito ânimo para fazer mais nada, então agora é a minha vez de escrever em meu diário.

Diário de Liana Heleonora de Florence

Me permita dizer que estou num péssimo dia, estou chateada com meus pais, minha amiga está ocupada e eu tenho pouco tempo para descobrir o que fazer, ou melhor, como provar que posso ser a rainha, o diário de minha avó ainda não disse nada de relevante, nada que me dê uma dica de onde ir, ou o que fazer. Onde ir... Um castelo tão grandes, tantas passagens secretas, tantos lugares a percorrer, mas é definitivamente impossível usar as passagens secretas sozinha. São muitas, que levam até mesmo para fora do castelo...

"O Trono e a Espada"Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin