Capítulo 7

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Eu caminhava tranquilamente pelo jardim. A brisa leve e suave de Florence faziam meu cabelo dançar sobre meus ombros, meu vestido, que hoje era longo e pomposo, arrastava sua barra roxa sobre a grama do jardim. Enquanto eu caminho, ao lado de Ezeque, vejo Sebastian correndo e berrando, minha mãe vem correndo atrás, pelo jeito ele foi picado por uma abelha.

-Lembra quando derrubamos uma comeia de abelhas ?
Meu irmão pergunta rindo.

-Não lembro não Ezeque,quando foi isso?
Pergunto confusa.

-Estavamos brincando no jardim, você usava um vestidinho branco, pelo que eu me lembro, eu tinha uns sete anos, eu acho.

-Ah Ezeque, não lembro não, já usei tantas vezes vestidos brancos.
Digo me desculpando.

-Sem problemas.
Ele diz.

Nos aproximamos do palácio, mas derrepende vejo Elen saindo com várias espadas velhas e enferrujadas nos braços. Ao me ver ela se assusta e derruba todas as espadas no chão. Eu corro para ajudar a pegar, Ezeque porém, fica paralisado feito uma estátua.

-Vossa alteza por favor não toque nas espadas, elas estão muito velhas e sujas, vossa alteza pode se machucar!

Elen me repreende e rapidamente eu solto a espada que eu segurava, somente reparo que Elen estava toda protegida quando eu me levanto da grama e me arrumo.

-Muito obrigada por ajudar vossa alteza!
Ela agradece, mesmo eu não tendo feito nada.

-Que isso Elen! Mas porque você se assustou tanto?

-Hm, é que eu trabalho na parte do subsolo do palácio, e eu nunca havia visto a vossa alteza.
Ela se referia a meu irmão.

-Ah, entendi, mas se trabalhas no subsolo como te achei àquele dia?
Pisco levemente para ela.

-Basicamente para substituir uma criada que estava em outra tarefa.

-A tarefa de servir o jantar?
Falo apenas mexendo os lábios, sem emitir nenhum som. Como estou de costas para o meu irmão, ele nada desconfia.

Elen sorri para mim, e eu entendo que aquilo seja um sim. Ela se aproxima do meu irmão, faz uma referência e fala a ele alguma coisa que não entendi, ela praticamente coxicha, e meu irmão faz uma cara mais feia do que a que ele normalmente tem. Elen sai e vai caminhando tranquilamente até uma caçamba perto do celeiro, e joga as espadas lá. Meu irmão chega perto de mim e voltamos a conversar.

-Ezeque, que cara feia foi aquela para a Elen?
Pergunto meio brava.

-Onde já se viu, uma criada do subsolo andando no jardim do palácio?
Ele fala furioso.

-Você não viu que ela estava jogando aquelas espadas fora? E outra, do subsolo ou não, ela merece seu respeito Ezeque!

-Ela é quem deve me respeitar.
Ele fala mas imediatamente faz uma cara de arrependido.

-Desculpa Lia, eu vou entrar, se quiser ficar aí fora não demore a entrar.

Ele diz isso e sai andando, qual o problema do meu irmão? Primeiro ele trata Elen mal, e depois me deixa aqui fora sozinha? Vou andando para dentro do palácio, ao entrar, vou até Miranda, que está na ala das costureiras.

-Vossa alteza!
Lúcia faz uma referência quando entro.

-Procuro a Miranda, onde ela está?
Pergunto.

-Ali senhorita.

Lúcia aponta para o lado e vejo Miranda sorrindo e acenando para mim, agradeço Lúcia e vou até Miranda.

-Não aguento mais ficar sem você.
Eu digo para minha amiga.

-Ué, a Soraya não é uma boa criada?
Ela pergunta.

-Ela é Mi, mas ela me chama de vossa alteza, não faz tranças como a que você faz, e o pior, me acorda de manhã com um "Bom dia princesa".

Minha amiga começa a rir, e eu faço cara de choro.

-Ah Lia, pare de bobagem, só porque eu te acordo com almofadadas na cara, não significa que um "Bom dia princesa" seja tão ruim assim!

Nós duas começamos a rir, sinto outras criadas olhando para nós, sei que muitas delas sabem da nossa amizade, e fico feliz por ter alguém tão boa e companheira como minha amiga.

-O que você tem preparado para mim?
Falo curiosa.

-É surpresa, mas posso te garantir que aquela princesinha mimada irá morrer de inveja dos seus vestidos!

-Eu espero, porque sinceramente, aqueles vestidos sem graça dela não tem nenhuma chance perto dos vestidos criados por você!

Ela ri e eu também.

                             👑👑👑

-Conseguiu para mim?

Eu e Miranda estamos em meu quarto, sentadas na cama conversando.

-Não Lia, é impossível pegar algo lá, seu avô é muito desorganizado.

Miranda havia trocado de turno com uma das criadas que "limpam" o escritório de meu avô, para ver se ela achava algum documento sobre a Guerra dos Mil Dias, na sala, mas pelo visto, a bagunça do meu avô que era a guerra.

-Lia, o que você quer com isso? Onde você irá chegar?

-Sei lá Mi, eu sinto algo estranho dentro de mim, como se alguém estivesse fazendo um mal para minha família, e eu pudesse a libertar de algum jeito.

-Lia, quem estaria fazendo mal para a família real? E como você a poderia libertar? Tudo isso só para ser rainha?
Ela me pergunta.

-Isso vai além de ser rainha Mi. Talvez os olhos sempre tristes da minha mãe, a voz que pouco fala do meu pai, as longas viagens de meu avô, todas elas tenham sentido.
Eu a respondo.

-Ai ai hein princesa Liana, quando você quer alguma coisa, não a quem te pare mesmo né?

-Desta vez não...

"O Trono e a Espada"Onde histórias criam vida. Descubra agora