q u a r t o

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Ele havia descolorido os fios de cabelo; do castanho claro ao dourado, torvelinhos amarelos em sua cabeça; estávamos entre dezessete, talvez, dezoito anos. Éramos jovens, ainda imaturos demais para aceitarmos.

Jimin conduziu sua namorada pelo salão; eram brilhantes. Ela com vestido de gala, ele de smoking e luvas nas mãos. Num baile de formatura, sábado à noite, recusei-me a dançar.

Parei sobre um canto qualquer e alí permaneci, observando suas madeixas esvoaçantes reluzirem à luz vermelho néon. Ele a beijou; eu bebi mais um ponche.

E mais outro, mais outro, mais outro...

Ao fim da noite, sozinhos e embriagados pelas ruas desertas, subimos em nossas bicicletas. Minhas pernas pesavam, os olhos ardiam. Mas não poderia parar, ele pedalava como se não houvesse o amanhã.

— Rápido, Kookie!

E mais rápido fomos, atravessando quarteirões e avenidas até que caíssemos em exaustão, ferindo a pele de nossos joelhos. Jimin me olhou por muito mais que segundos — durou um minuto — então chorou.

Chorou de verdade, soluçando copiosamente em meu paletó. Sem pronunciar palavra alguma, apenas o abracei, perguntando-me se aquelas lágrimas eram por conta do machucado, ou somente talvez, por conta do mesmo vazio crescendo em mim.

ᴀǫᴜᴇʟᴀ ɴᴏssᴀ ʙɪᴄɪᴄʟᴇᴛᴀ ᴀᴍᴀʀᴇʟᴀ.Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora