Eu tentei ligar para Sara enquanto ele dirigia para lá, mas deu desligado. O caminho até lá pareceu ter se esticado, demorando mais que o normal. Quando entramos no pátio do hospital, William parou na entrada.

- Obrigada por me trazer - agradeci rapidamente - Desculpe por isso.

Ninguém tinha culpa disso ter cancelado os planos, mas mesmo assim falei.

- Eu vou estacionar e te encontro lá dentro - avisou, me pegando de surpresa. Achei que ele só fosse me deixar e ir embora. Assenti rapidamente e sai do carro.

Logo que entrei na recepção vi Sara, de braços cruzados, andando aflita. Seus olhos vermelhos se encontraram com os meus e ela estava tão desesperada que me deixou ainda mais nervosa.

- O que aconteceu? - perguntei quando cheguei perto dela.

- Ele estava brincando na frente de casa, eu o chamei mas a bola dele correu para o meio da rua e quando ele foi pegá-la... - ela não terminou, passando a mão nos cabelos.

- Ele se machucou muito? - perguntei, desejando que a resposta fosse negativa.

- Ele foi jogado e bateu a cabeça no chão, ele desmaiou e... - ela rompeu em lágrimas - Eles estão com ele lá dentro, fazendo alguns exames.

Meu Deus.

- Vai ficar tudo bem - coloquei a mão em seu ombro e tentei tranquiliza-lá - Onde está Lisa?

- Ela já tinha saído para ir dormir em uma amiga quando aconteceu.

Eu assenti e ela enxugou os olhos, agora me olhando com mais clareza.

- Você... estava indo para algum lugar? - ela perguntou, provavelmente porque eu não estava vestida de acordo para um hospital.

Vi William entrando, me olhando fixamente enquanto caminhava até onde eu estava com Sara. Me senti um pouco desnorteada, eu não o conhecia ao ponto de ele estar aqui em um momento desses, mas mesmo assim ele estava. E era surpreendentemente boa a sensação de segurança que ele me passava com o olhar. Ele colocou uma mão na base da minha coluna e estendeu a outra para Sara.

- Sou Billy Russo - ele disse e Sara o cumprimentou, alternando entre olhar para ele e para mim.

- Sara Liberman.

- Alguma notícia? - ele perguntou e Sara negou.

- Estão com ele lá dentro - ela disse, já chorando de novo. Eu a persuadi a se sentar em uma das cadeiras da recepção e voltei até onde ele estava.

- Ele foi atropelado na frente de casa - eu disse, sentindo um aperto no peito. Ele era só um garotinho que já havia sofrido tanto com a morte de David e não merecia mais dor.

Sua mão tocou minha cintura e foi até minhas costas e esfregou-se para baixo e para baixo ao longo da minha espinha. Aquela gentil carícia enviou pequenos tremores elétricos ao longo de minhas costas.

- Calma, crianças são fortes. Vai dar tudo certo - garantiu.

Os minutos pareceram congelar pelo tanto que demorou até alguém vir até nós.

- Senhora Liberman? - um médico alto e grisalho chegou até Sara e eu me aproximei, ansiosa - Doutor Riggs.

- Como está meu menino, doutor? - ela perguntou, a voz embargada.

Ele passou os olhos na folha que tinha nas mãos antes de começar.

- Ele quebrou o braço e sofreu um ferimento na cabeça, a pancada o fez desmaiar, mas ele já está acordado e sem risco. Não houve nenhuma fratura de crânio ou traumatismo, mas vamos deixá-lo em observação por vinte e quatro horas.

- Graças a Deus - sussurrei com alívio - Podemos vê-lo? - perguntei de pronto. Ele estava bem e acordado, mas eu queria vê-lo.

- Nesse horário só permitimos a entrada dos responsáveis - o médico disse.

- Vai lá - eu sorri para Sara. O alívio em nossos rostos era perceptível agora - Amanhã eu venho cedinho ver ele.

Ela me abraçou, por incrível que pareça. Assim que ela se afastou, ela conseguiu sorrir um pouco.

- Qualquer coisa me liga - avisei e ela saiu, seguindo o médico.


- Esse deve ter sido o encontro mais esquisito que você já teve - eu disse quando paramos ao lado do carro dele.

- Já tive piores - brincou e abriu a porta para que eu entrasse.

Em vez disso, eu toquei seu braço, e ele me olhou com mais atenção.

- Obrigado... por isso. Foi legal da sua parte, Billy.

- Fui rebaixado a Billy? - ele sorriu e oh, ele podia facilmente matar alguém com isso.

- Achei que gostasse mais - eu disse. Eu o chamava de William só para provocar, mas também porque preferia. Sua mão pousou na minha cintura e eu inconscientemente levei meu rosto para mais perto do dele - Apesar de eu gostar mais de William - eu disse próximo a seus lábios.

- Então... - ele começou, sem se afastar um centímetro - Como terminamos a noite?

Eu tinha muitas ideias. Mas depois disso tudo eu precisava de uma bebida para voltar ao estado totalmente relaxado.

- A gente podia beber alguma coisa - sugeri e ele sorriu.

- Tenho um vinho ótimo em casa.

Teremos hot no próximo capítulooo

Justo e SujoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora