Capítulo 4

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Esse era o lado bom de trabalhar em casa: você podia trabalhar de pijamas e comendo Kit-Kat.

Eu não consegui descobrir aonde estava a falha nas finanças, mas eu sabia que havia e estava quase lá. Seja lá quem for esse Oliver, ele sabia o que estava fazendo.

Tive que contratar uma pessoa para terminar a faxina mal sucedida que comecei e ela estava a todo o vapor. Olga era uma mulher de meia idade com um sotaque mexicano carregado, mas era rápida e não fazia perguntas e o mais importante: era era faxineira de vários apartamentos daqui e todos a conheciam. Quem conhece essa cidade sabe que trazer alguém que não conhece para dentro de casa é suicídio.

Ela já havia limpado meu escritório e eu havia montado acampamento ali enquanto ela limpava o resto da casa e quando ligou pela milésima vez aquele maldito aspirador de pó eu quis bater minha cabeça na parede.

O nome William brilhou na tela do meu celular ao mesmo tempo que ele vibrou.

Ele não havia me ligado desde a noite que nos vimos e já haviam se passando três dias - não que eu estivesse contando.

Achei que ele fosse me ligar no dia seguinte, mas fiquei só achando mesmo. Eu não estava decepcionada nem nada, eu acabei de conhecer o cara, mas essa sensação de estar andando nas nuvens misturada com desejo de tocá-lo cada vez que eu pensava nele estava me irritando; eu nunca fui impulsiva assim... até conhecê-lo.

Eu precisava me concentrar e falar com ele agora ia mandar para o espaço o restinho de concentração que eu tinha. Quando a chamada caiu eu coloquei o celular no silencioso e o joguei sobre o sofá perto de mim e ele se enterrou entre as almofadas.

O que os olhos não vêem, o coração não sente.

Nos minutos seguintes tentei focar no que estava fazendo antes, mas o rosto daquela distração alta e morena dançava na minha mente. Esfreguei o rosto, frustrada. Eu precisava de um orgasmo e um banho quente para voltar ao normal. Ou dele me dando um orgasmo num banho quente.

- Senhorita? - a voz latina e carregada de Olga seguida de uma batida chamou do outro lado - um homem aqui para vê-la.

Que merda?

Levantei da mesa e quando abri a porta, quis me jogar pela janela. Ele estava ali, em carne e osso. Ele estudou meu rosto por um momento, mas logo seu olhar desceu e eu lembrei que estava de pijama.

Atire em mim, por favor. Bem na cabeça.

- Oi - disse tentando disfarçar o constrangimento, e ele me olhou com uma espécie de divertimento alegre e descontraído. Olga saiu quando eu agradeci.

- Oi - ele disse. Dei espaço para que entrasse e fechei a porta - Te liguei, mas você não atendeu.

É claro que não atendi.

- Ah - eu disse enquanto o via tirar as luvas e em seguida o casaco - Eu não ouvi - menti. Encostei na minha mesa e cruzei os braços, me xingando mentalmente por não ter atendido o celular. Eu pelo menos estaria vestida como gente se soubesse que ele ia parecer aqui do nada.

- Estava perto da sua casa, pensei em passar para dizer um oi. Não sabia se estava, mas decidi arriscar - ele deixou o casaco no sofá. Ele usava um terno perfeitamente alinhado ao seu corpo esguio, uma blusa branquísssima e uma gravata azul marinho.

- Tudo bem, não se preocupe com isso.  Minha casa só está uma guerra - eu disse e um sorriso pintou seus lábios. Com as mãos nos bolsos, ele veio até mim.

Justo e SujoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon