XIV

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DR. AUSTIN MAHONE, PSIQUIATRA.

Toquei a campainha.

Logo uma atendente abriu a porta para mim e me acompanhou para dentro dos aposentos. Ela me conhecia.

— Há quanto tempo! O Dr. Mahone está preso no trânsito, ele já volta. Sente-se. — Eu havia pedido meus registros e ela ligou o computador para mim. — Os registros estão aqui, de 2009 a 2011. Escute-os primeiro.

— Obrigada.

Cliquei na pasta "05/05/2010" e cliquei no áudio. A essa altura já havia conectado meus fones de ouvido.

Por que acha que ela a traiu? — era o Dr. Manone.

Ela fica com o celular o tempo todo. — era eu chorando e com raiva — Toda vez que toca, ela atende no banheiro. Essa manhã, no banheiro, achei o celular dela e dei uma bisbilhotada. Alguém chamada Cookie mandou uma mensagem indecente. Quando eu vi, de repente fiquei sem ar. Senti minhas pernas adormecerem. A dormência subiu e foi até a cabeça. Eu queria largar o telefone, fiquei com medo que ela entrasse a qualquer momento.

O que dizia a mensagem?

Cookie perguntou quando elas poderiam se encontrar de novo. — Eu havia dito.

Me pareceu perfeitamente normal, não significa que ela tem um caso. — Ele disse.
Ela certamente está tendo um caso!

Foi então que senti braços me abraçando de forma íntima por trás, havia levado um susto.

— Faz quanto tempo que não nos vemos? — Eu olhei para trás assustada, me levantei tirando os fones — Desculpe, te assustei? — era o Dr. Mahone, e ele começou a tocar minhas mãos— Fiquei sabendo que teve um acidente de carro. Você está bem?

E então eu havia percebido algo pelo jeito que ele se aproximava. Eu afastei minhas mãos e corri para fora. Eu respirei fundo e depois voltei para dentro. Eu contei sobre a amnésia. Ele me olhou e sabia que eu esperava uma explicação.

— Começou a se consultar comigo há dois anos. Nos primeiros meses, você não falava nada. Mas você chorava sem parar. Começou a confiar em mim e ficamos muito próximos. Você dependia muito de mim e me ligava por qualquer coisa. — Ele me contava enquanto eu olhava para a janela. — Uma noite, você veio falar comigo em lágrimas. Não queria ir para casa. Você me abraçou e disse que precisava de mim. Se recusou a me deixar soltá-la. Eu não a rejeitei. Depois daquela noite... você nunca mais veio me ver.

Eu estava prendendo minha respiração.

— Naquela noite... O que aconteceu?

— Já que não se lembra, deixe para lá.

— Nós... ou não?

Depois do que pareceu um minuto ele respondeu, fazendo minhas lágrimas caírem:

— Nós fizemos.

Eu comecei a me tremer.

— Minha esposa sabe?

— Ela... sabia que estávamos juntos aquela noite.

Que monstro eu havia me tornado? Desde que eu acordei aquela tinha sido a pior coisa que eu descobrira. Eu havia traído Lauren.

The Stolen YearsWhere stories live. Discover now