Capítulo 56

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A garota acorda atordoada, tonta. Está escuro. Ela olha para todos os lados, mas não consegue enxergar. Nem mesmo sua visão noturna funciona, assim como as chamas, a deixaram.

Tenta se levantar, mas não consegue, sente os braços e os tornozelos presos a correntes de ferro. Seu corpo dói. Os pulsos parecem enfraquecer assim como as pernas.

Não consegue.

Não consegue fazer nada.

Tudo dói. Todo movimento machuca mais e mais, como se as correntes fossem se apertando. Lágrimas escorrem em seu rosto, ela as sente quente. O único vestígio do calor dentro ela. Os cabelos vermelhos  parecem pesados demais, talvez estejam encharcados, mas pelo o quê?

A jovem tenta ouvir qualquer coisa que esteja próxima, tenta pensar no que fazer, mas a cabeça está latejando e os ouvidos parecem estar molhados. Algo pinga em seu ombro, mas ela não sabe o que é. Ela tenta.

Tola. Fora tola demais. Deveria ter colocado um disfarce e entrado sorrateiramente nos aposentos reais e matado o rei enquanto dormia ou simplesmente disfarçado seus olhos com maquiagem e não ter dançado com o Adam. Deveria ter ficado na Reer ou em casa. Deveria ter treinado mais. Deveria ter chamado o esquadrão. Deveria ter lutado. Deveria ter aceitado a ajuda do esquadrão muito antes e talvez tivesse poupado aquelas vidas.

Mais do que tola, é uma fraca. Por ter sempre medo de tudo, por querer ser corajosa e agir imprudentemente e por se calar quando deveria falar. Era fraca e tola e por isso estava presa outra vez. Mas, dessa vez, ela e Adam teriam que pagar pelo erro de se amarem. Teriam que pagar mais uma vez.

Será que não aprenderam ?

O amor deles era lindo. Lindo. A jovem chora ao pensar nos momentos com o amado. Em como ele sempre diz que a ama e se importa com ela. Em como ele sorri e a abraça. Ela pensa em tudo.

O corpo fraco, não consegue se manter em pé, nem mesmo agachada, e tomba para o lado, caindo no chão e o molhando com lágrimas e o que quer que fosse aquele liquido pingando de seus cabelos, ouvidos, escorrendo por seu nariz e corpo.

As dores pareciam aumentar. É fraca demais para aguentar. Como poderia lutar ? Como defenderia o Adam contra o rei ?

Adam.

O rei provavelmente deve estar torturando ele e apagando a memoria. Um calafrio a percorreu ao pensar no amado gritando para ser salvo e ela não poder fazer nada para ajuda-lo. Ali, seja em que lugar está, ela não poderia fazer nada.

Jamais poderia.

Renlet disseram que Adam era um covarde por ama-la... mas, na verdade, ela é a covarde. Ela não lutara por ele, não tentara. Ela não dissera que o amava, pois estava com medo. Ela não fizera nada para impedir.

Nada.

Era tola. Fraca. Covarde.

A luz. Luz surgiu, a cegou por alguns instantes e ela pensou que poderia ser o fim, desejou que os deuses a levassem para longe de tudo e de todos. Para um lugar onde não pudesse mais ferir as pessoas. Um lugar para uma covarde como ela.

CONTROLADOSWhere stories live. Discover now