Capítulo 32

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- Mamãe, queria que o mundo fosse bom outra vez.

- Filha, é complicado.

- Por que, mamãe ?

- Para mudar o mundo precisa de amor, pois através dele surge a esperança e a vontade de fazer o melhor.

- E onde está o amor, mamãe ?

- Nos pequenos gestos, na simplicidade.

- Você me ama, não ama, mamãe ?

- Mais que tudo nesse mundo.

- E eu também te amo, mamãe. Não é tão difícil amar alguém.

- Tem razão, filha. O que torna difícil é o egoísmo, a necessidade de poder que os seres humanos têm.

- Eu não sou assim, quero ser boa.

- E você é, filha. Um dia, o seu amor fará o mundo melhor.

- Por que o meu, mamãe ?

- Por que o amor dentro de você, crepita e arde para ser liberado. E ainda, levado pelas correntezas a todos os lugares.

...

Correr.
Correr sempre.
Correr para liberar os sentimentos ruins.
Correr para se livrar da dor.
Correr para esquecer o que ela não gosta de lembrar.
Correr para não pensar.
Correr para treinar.
Correr porque a vida é cruel demais para pensar nela. 

Correr para ser a bondade que Meg acreditava que eu era, ou sou. Eu não sei...

Grey levanta antes do alvorecer para correr na floresta, sem peruca, sem armas, sem roupa de couro, apenas uma vestimenta confortável e uma vontade de ser forte, ser livre.

-Eu te amo, filha. Você é forte e bondosa. Corra.  - a voz da Megan a incentivando.

As árvores parecem um borrão conforme Grey corre mais e mais. Sentindo- se livre, ela escuta o som dos pássaros e o farfalhar das árvores como uma melodia, como se fizessem uma canção para ela. Somente para ela.

No quarto do meio, Adam acorda e olha no relógio da escrivaninha perto da cama do Khan. De súbito, ele senta rapidamente e depois olha em volta, não está em casa, ele percebe. Se estivesse, a essa hora deveria estar fazendo seus afazeres de príncipe e futuro rei.
Adam, levanta e segue até a janela de vidro do lado direito, depois da cama e próxima da cama do Tyler. Ele olha para a floresta no fundo da casa e seus olhos piscam verdes, mas ele ignora isso, tentando manter aprisionado essa diferenciação de cores. Ele continua olhando e de repente, vê uma pessoa correndo na floresta. Adam estreita os olhos como se tentasse ver mais adiante. Seus olhos não podem crer, há uma garota correndo na floresta, uma garota de cabelos castanhos amarrados. Uma garota muito parecida com a Grey.

Grey, a garota por quem ele é apaixonado desde criança. Por quem ele guarda um sentimento louco de amor e culpa, que pode leva-lo a perder a cabeça, literalmente. Ele seria capaz de se opor ao rei para tê-la ? Seria capaz de escolher o amor em vez da honra ao rei ? Mas, ele nem sabe se ela realmente está viva, isso pode ser apenas uma ilusão. De qualquer forma, isso o deixa pertubado.

Adam coloca o sapato, e corre até a garota. Ele não sabe exatamente o que está fazendo. Não sabe porquê. Não entende porquê. Sem pensar, sem tentar entender, ele apenas corre ao encontro da garota para saber se é real, se ela está viva. Quanto mais corre, seu peito arfa querendo de aproximar dela, tocar-lhe a face e sentir o aroma de rosas e fogo do perfume dela. Ele era apenas uma criança quando se apaixonou por ela e muitos podem pensar que era apenas uma ''paixonite'', mas ele nunca, jamais, esqueceu ela.

Adam para abruptamente quando escuta o som de um galho se quebrando. Ele tenta ouvir os ruídos, qualquer som que possa indicar que ela está perto. E por longos segundos, ele sente em seu coração, que ela está muito, muito próxima. E de repente...um silêncio paira no ar. Ele tenta ouvir mais ao longe com sua audição, mas não há nada mais, nenhuma presença, apenas as árvores. Nem mesmo há animais ou pássaros.

Ela está morta.

Uma voz grossa e forte  sussura em sua mente. A voz do rei dizendo ao filho de onze anos, que a amiga foi punida pelo crime mais grave que alguém pode cometer: Amar.

-Ela está morta. Ela jamais voltará. E que fique bem claro, se alguém ousar amar um ser ou pior ainda, amar você, será punido da forma mais cruel que existir.

Adam cai de joelhos no chão, lágrimas molham seu rosto e a dor de seu coração, o lembra de tudo o que quisera manter aprisionado dentro do peito, mas ele empurra mais e mais, até não sentir mais a dor ou deixa- la ao menos suportável.

CONTROLADOSWhere stories live. Discover now