Capítulo 4

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O medo seria o combustível da coragem se impulsionasse as pessoas para a vida.

Não há mais ninguém assim.

Neste mundo, as pessoas se escondem e se encolhem com medo.

Grey levanta antes que a família acorde e sai da casa, ela não quer incomodar mais essas pessoas. Antes de abrir a porta, ela encontra um papel e escreve o quanto está agradecida pela hospitalidade e segue. Ela olha em volta, vê as pessoas trabalhando e se pergunta para onde vai.
A verdade cai como um choque em seu coração: ela não tem para onde ir.
Conforme avança pelo vilarejo, Grey observa as pessoas trabalhando. Elas não olham para frente, estão sempre de cabeça baixa, com medo. Elas trabalham muito para não serem mortas mesmo sabendo que este é o final que lhes aguarda. Isso é terrível! O rei os obriga a trabalharem incansavelmente, fazendo com que fiquem fracos e inaptos, logo depois mata todos.
Grey encontra o carro e tenta liga-lo, mas por algum motivo ele não liga. Ela tenta de tudo, mas não consegue.

-Onde você vai, Grey ?

-Kian!?

- Por que está indo embora ?

-Não quero incomodar vocês.

-Concordamos que você ficaria conosco.

-Sim...sinto muito.

-Venha...

Grey caminha com o Kian, logo depois encontra Aidan e Daisy. Ela os ajuda a trabalhar, cortar a lenha para acender o fogo e cuidar de tudo. Jessy ensina Grey a cozinhar e as duas se divertem juntamente com Daisy.
A noite chega e Grey não consegue parar de pensar no Adam e em onde ele pode estar. Ele a ajudou e a trouxe para esta família linda, mas sumiu logo depois.
Daisy olha para a Grey deitada na cama e pensa em como sempre quis ter uma irmã e olha como o destino é engraçado, trouxe a Grey para  fazer parte da família.

-Grey...está pensando no que ?

-No Adam...

-Hummmm

-O que ?

-Nada.

-Onde ele foi ?

-Não sei. Mas ele sempre volta.

-Espero.
Grey fica pensativa.
Por algum motivo, não sabe porque sismou com o rapaz que a ajudou, apenas não consegue deixar de pensar em seus lindos olhos roxos. Seu coração acelera a cada pensamento.
...

Vozes.
Sussuros assustadores.
Visão embasada.
Suor pingando.
Tremores.
Braços segurados com força.
Lamento ignorado.
Força perdida.
Pessoas em jalecos.
Sem controle sobre si mesma.
Não há saída.
Não há escapatória.
Perfuram a pele dela.
Sangue é visível.
Esperança perdida.

De repente:
-Lute, Grey. Não desista.

...

-Grey ?

Daisy acende a luz e Grey levanta sobressalta. Ela olha para Daisy e vê um misto de medo e incompreensão.

-Suas mãos...

Grey encara as próprias mãos com sangue derramando, a beirada da cama coberta de arranhões e o lençol com aspecto queimado.

-Eu...eu...-Grey tenta se explicar, mas lágrimas interrompem sua voz.

-Tudo bem. Vamos fazer um curativo.

-Você...

-Está tudo bem, Grey. -Daisy se aproxima dela e toca seus braços - Vai ficar tudo bem. -Ela passa as mãos para cima e para baixo.

Grey vai se acalmando e percebendo que os cortes vão sumindo.

-O que você fez ?

-Curei você...-Daisy diz -Mas, não precisou de muito.

-Como assim? Você tem poderes...

-E você também.

- Você...

-Sou uma curadora. E você ?

-Não sei. Não tenho marcas.

Daisy se levanta rapidamente e começa a se vestir.
-Se arrume, Grey. Precisamos ir a um lugar.

-Onde ?

-Confie em mim.

Mesmo sem entender e com medo do que Daisy irá fazer, Grey se arruma e decide confiar nela.
Será que ela vai me entregar para o rei?
Daisy acorda Kian e Aidan. Eles resmungam e não querem levantar.

-Precisamos ir até o esquadrão, se apressem, o dia já vai nascer.

-Por que ? -Aidan pergunta.

-Encontrei mais uma singularidade.

Antes que ela termine de pronunciar a última palavra, os irmãos levantam e todos seguem até o porão. Cada um escolhe uma arma e depois sai da casa, rumo ao local onde está o esquadrão.

Junto com eles, Daisy e Grey seguem até um prédio velho que está caindo aos pedaços. Aidan retira um diposistivo do bolso e faz uma plataforma abrir, um campo magnético se ergue e é possível ver pessoas andando de um lado para o outro. Eles sorriem e caminham até um corredor. Abrem uma porta e um homem com cabelo grisalho se levanta da cadeira.

-O que houve ?

-Achamos Grey Chesther. - Kian diz.

Grey se assusta com as palavras proferidas pelo irmão e o medo parece tomar conta dela. O velho a encara e manda chamar outros três jovens. Logo que eles entram, a encaram.

-Grey...-A garota morena diz.

-O que querem de mim ?

- Somos seus amigos, Grey. -Um dos rapazes diz.

-Eu não tenho amigos.

-Você não se lembra de nós ? -A garota pergunta.

-Eu nem sei quem sou, como saberei quem são vocês ?!

-Eu sou, Agatha. Estes são Khan e Tyler.

-Não me lembro de vocês.

-ELES devem ter apagado sua memória...-Khan diz.

-Bem atencioso da parte deles fazerem isso...-Tyler diz irritado..

Khan e Agatha o fuzila com os olhos. Eles sorriem para a Grey e dizem que ela é bem-Vinda.

-O que são vocês ?

-Somos o esquadrão contra o rei. -O senhor de cabelos grisalhos diz -E eu sou o general Kempes. Você deseja fazer parte do nosso esquadrão, Grey ?

-Por que deveria ? Não quero mais sofrer...

-E vai deixar os triângulos dominarem o restante do mundo e nos destruir ? -Foster pergunta..

-Não tenho por quê lutar.

-Essa não é a Grey que conhecemos...-Agatha diz.

-Não sei quem eu era antes, mas sei que agora eu não vou lutar.

Grey vira as costas e vai embora com raiva dos irmãos por te-la levado àquele lugar. Ela não quer fazer parte de algo assim. Mesmo que queira o mundo como era antes e que o controle do rei acabe, ela não pode arriscar ser presa de novo. Ela tem medo. Não lembra quem era, mas acredita que fez coisas horríveis para ser presa. Isso não foi apenas por seus poderes. Ela tem medo de ser destruída de novo.

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