Quando as aulas no colégio terminaram, Mirela chamou a Thamara e eu para acompanhá-la até a casa da Lavínia, ela precisava buscar uma blusa que tinha ficado na casa de sua irmã, e pediu para que a acompanhássemos.

E foi o que fizemos, afinal, não tinha nada de errado em acompanhar uma amiga para algum lugar. Só não imaginávamos o que aconteceria durante o caminho.

Estávamos a pé, e quase chegando perto da casa dela, quando alguém agarrou a cintura da Mirela, e ela gritou no mesmo momento.

Nos viramos assustadas, e vi que era um homem que estava armado, e ele estava apontando a arma para a cabeça da Mirela. Entramos em pânico, todas nós.

- Ai Meu Deus! Larga ela! Por favor. – gritou Lavínia para o homem.

- Que isso Mirela, a sua irmã sempre foi minha! – gritou o homem, que eu tinha acabado de perceber que era o tal do Fábio.

- Eu sou a Lavínia! A garota que está com você é a minha irmã Mirela!

- O quê?! De novo?! Que droga! – ele gritou, enfurecido.

Mirela estava chorando. – Para de chorar garota! Se não eu...

- Fábio, por favor, eu te imploro! Deixa a minha irmã sair, deixa as minhas amigas irem embora, se é a mim que você quer, a mim você terá. Mas por favor, deixa elas irem.

Ele riu. – Na verdade, o que eu quero mesmo é acabar com as duas! E as duas amiguinhas aí, também vão sofrer as consequências! – ele gritou, se referindo a mim e a Thamara.

Assim como eu, a Thamara também estava desesperada, quase em choque. Nós duas estávamos de mãos dadas.

De repente ele soltou a Mirela, a empurrando para o chão, e no mesmo instante, apontou a arma na direção da Lavínia.

As pessoas que estavam na rua já tinham corrido para suas casas e provavelmente alguma já teria ligado para a polícia, informando o ocorrido naquela rua. Onde estava a droga da polícia que não chegava logo?!

- Por favor, não atire na minha irmã! – pediu Mirela.

- Cala a boca pirralha! É claro que eu vou atirar na sua irmã, não só nela, mas como em todas vocês. – ele disse.

Vimos que a Lorelai, estava se aproximando, Fábio também estava vendo, mas permitiu que ela chegasse ao lado da Lavínia.

- Fábio, por favor, se alguma vez você já gostou de mim de verdade, deixa essas meninas irem embora! Elas são muito novas e não tem culpa de nada.

- Foi por causa da Mirela que a policia está me procurando.

- Não! Foi por sua causa seu canalha! Você causou isso! Eu confiei em você, e você estuprou a minha filha quando ela só tinha 12 anos de idade! E tentou fazer o mesmo com a Mirela, achando que ela era a Lavínia! Você é um canalha da pior espécie! – ela gritou com toda a raiva que poderia sentir desse homem.

- Cala a boca! Você é uma vadia assim com a sua filha Lavínia é! – ele gritou, e puxou o gatilho.

A bala estava indo em direção a Lavínia, ele havia puxado para matá-la, mas a Lorelai correu os poucos centímetros de distância que as separavam, e se jogou na frente de sua filha, e a bala perfurou em seu peito, fazendo com que todas nós gritássemos ao mesmo tempo, mas pior do que assistir aquela cena, foi ver o olhar de agonia, desespero e tristeza que refletia em Lavínia e Mirela.

Lorelai caiu nos braços de Lavínia, muito sangue escorria, Mirela correu em direção as duas, e nesse momento a polícia havia chegado, Fábio tentou fugir, mas não conseguiu, os policiais o prenderam.

E a ambulância estava a caminho, mas Lorelai ainda estava caída nos abraços da filha.

- Mãe! Por favor, mãe. Não me deixa sozinha! – gritava Lavínia, enquanto chorava.

- Não querida... Você não vai ficar sozinha, você tem a sua irmã que te ama, e a sua avó. As duas vão sempre cuidar de você. – disse Lorelai com dificuldade.

- Não mãe! Eu quero você! Quero que você viva.

- Eu escolhi morrer por você meu amor, eu morreria por vocês duas. Mesmo que não acreditem, vocês duas sempre foram as minhas maiores bênçãos, são tudo na minha vida, Mirela... Eu posso não ter te criado, mas você sempre esteve no meu coração, eu sempre te amei, e Lavínia... Eu errei tanto com você, te deixei em perigo, coloquei aquele homem em nossas vidas e você sofreu tanto... Sofreu por minha causa, mas eu sempre te amei, toda vez que a gente brigava por algo, eu sofria. Mas eu te amo, eu amo vocês duas, sempre amei e sempre vou amar.

- A gente também te ama mãe... Não se culpe agora, você tem que parar de falar, porque você não pode se cansar, e a ambulância já está chegando. – disse Lavínia soluçando de tanto chorar.

O sangue de sua mãe estava em seu rosto. Foram cenas fortes para todas nós. Imagina para as duas.

- Oh querida... Eu estou morrendo, não a médicos que me salvem. Me prometam que vão sempre cuidar uma da outra?

- Vamos sim, mas mãe, não nos deixe. – disse Mirela.

- Você me chamou de mãe querida... E agora que eu sei que as duas estarão sempre juntas, eu posso ir em paz... Eu amo vocês... – Essa foi a última frase da Lorelai, ela fechou os olhos para sempre.

E as duas irmãs gêmeas choraram e gritaram inconformadas, em profunda tristeza. Abracei a Thamara que estava chorando muito, esse foi um dia em que todas nós gostaríamos de poder esquecer.


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