Lívia

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Quinta feira, 15/06/2017, 21h00min horas.

Fiquei com pena da Lavínia, há uma semana, descobrimos que ela foi estuprada algumas vezes pelo padrasto, quando ela só tinha 12 anos de idade.

Praticamente uma criança... E teve que passar por isso. Eu não sei se eu aguentaria passar pelo o que ela passou, era muito novinha, e esse homem nojento quase fez o mesmo com a Mirela.

Fico arrepiada só de imaginar isso, ainda bem que o Caleb apareceu para salvá-la, na vida real, não é sempre que isso acontece, mas minha amiga teve sorte, muita sorte por ter um namorado que a ama e se preocupa com ela, ao ponto de descer do táxi porque estava achando estranha a demora.

Esse Fábio ainda não foi preso, está foragido, e morro de medo de que ele possa voltar para tentar algo com alguma das duas.

Que Deus proteja a Mirela e a Lavínia, e que nada de ruim aconteçam as duas. Naquele sábado, as coisas não deram muito certo entre mim e o Lucca, eu tentei conversar com ele, e o que recebi foram patadas.

Eu já estava sem esperanças em relação a ele, enquanto eu caminhava pelo corredor do colégio, o vi de pé no fim do corredor, ele olhou para mim e veio em minha direção.

- Me desculpa. Por tudo, eu só tenho te tratado mal desde que o meu pai morreu. – ele disse sincero, estava se sentindo culpado.

Não parecia real, quer dizer, ele estava mesmo se desculpando? Será que o meu Lucca tinha voltado?

- Está tudo bem, eu entendo, estava muito ferido. – disse.

- Ainda estou ferido, mas não quero mais continuar levando a vida dessa forma, você tinha razão o tempo todo, meu pai não iria ter gostado de em ver assim.

- Eu sei que dói, mas com o tempo essa dor vai diminuindo, eu sei que você sente falta dele, sempre vai sentir, mas seguir em frente, do jeito que você sempre foi, é o que o seu pai gostaria. A vida pode se tornar incrivelmente complicada se estiver sozinho. Mas você tem amigos, e uma mãe que te ama, por isso, você nunca vai estar só. – falei.

- Eu entendi isso ontem. – ele disse, com um olhar triste.

- O que te fez mudar de opinião? – perguntei.

- Ontem eu fiz uma coisa da qual o meu pai jamais se orgulharia. Ele ficaria decepcionado comigo, se estivesse vivo. Talvez ele esteja decepcionado lá de cima.

- Não diga isso, tenho certeza que não. Mas o que você fez?

- Eu cheirei cocaína. Um colega me ofereceu, e eu aceitei. Eu sabia que era errado, e que poderia ser um caminho sem volta, mas ainda assim eu cheirei. E não foi nada legal sabe... Não foi do jeito que eu imaginava que seria, foi horrível, foi à pior experiência da minha vida, e eu não gosto nem de lembrar. Quando eu me recuperei que eu percebi a burrada que eu tinha feito, eu acordei para a vida, antes que eu acabasse morrendo de vez. – ele disse, com os olhos inundados de lágrimas, e eu só queria abraçá-lo e não soltá-lo nunca mais.

- Vem cá. – disse, e o abracei com todo o meu carinho, com toda a minha solidariedade e com todo o amor que eu sentia por ele.

Ele me agarrou com força e chorou em meu ombro. Acariciei seu cabelo enquanto desabava em lágrimas.

- Lucca... Pelo menos você percebeu a tempo que estava no caminho errado, agora que você achou o certo, eu não vou mais deixar que se perca. – disse.

- Eu não quero me perder. – ele disse, com a voz rouca.

- Não vai, nunca mais. – disse.

O dia no colégio foi normal, Lucca estava sendo ele mesmo novamente, e estávamos conversando muito, não tínhamos voltado a namorar, se é que alguma vez já namoramos... Mas, só dele estar conversando comigo, eu já fico feliz.

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