Capítulo XXII: Modalidade Atlas 922; Combustão

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      O Edward invocara sua mágica mais poderosa, a neblina envolveu todos os piratas ao seu redor, junto com o Rosa Negra. Kyle e Like se juntam a Shermicy que ajudava a levantar o capitão Palhares.
- Vocês estão bem? – pergunta Kyle.
- Sim. Estamos. Agora só... – a lobo é interrompida com os gritos dos piratas no nevoeiro. Não se via o que eles viam. Quem estava de fora via só o nevoeiro cercando-os.
- Joumungand! – gritou o pirata Rosa Negra de dentro do nevoeiro.
- Joumungand? – questiona Shermicy sem saber ao certo o que seria.
- O que é isso de Joumungand? – pergunta também Like todo por fora.
- Uma serpente marinha. Dizem que ela é tão grande que seu corpo atravessa toda a terra e sua cabeça alcança a ponta de seu rabo. É um dos seres mais temidos dos marinheiros. – fala o capitão Palhares com o pensamento distante.
- Independente do que seja esta assombrando demais na mágica. – fala Kyle e eles olham ao redor. As pessoas estavam voltando, curiosas em ver o que se ocorria. De repente se ouve a ordem de voltarem para o navio inimigo.
      Com isso o navio balança ruidosamente, as ondas ficam mais fortes, os ventos mais furiosos. O Atlas 922 balançava de uma forma como se alguém o pegasse e chacoalhasse da forma que queria. Os curiosos que se aproximavam se desiquilibravam e, ou caiam no chão, ou se seguravam a tempo. Shermicy começa a chamar o nome do bruxo, só que ele não a escutava. O capitão Palhares ditara uma ordem de todos voltarem imediatamente para o saguão.
      Os piratas do Rosa Negra corriam feito loucos se pendurando nas cordas de acesso e voltando para o navio, A mágica do Edward fica mais ávida, a sensação de poder era iminente no ambiente. As ondas estavam crescendo e o navio se inclinando cada vez mais.
- O que esta havendo! – grita Kyle de longe.
- É o Ed! Ele tem que parar, e rápido. – grita Like em meio ao barulho do vento forte das pancadas das ondas no navio para se fazer ouvir.
      Shermicy chega próximo do bruxo com dificuldade e chama o seu nome repetidas vezes, mas ele não estava tendo nenhuma reação de que estava ouvindo. Nesse meio tempo a lobo escuta um som esticado e olha a frente, as cordas que uniam os dois navios estavam se partindo, era questão de tempo e ela olha para o bruxo novamente.
- Edward acorda! – grita olhando para ele e então a corda se parte. Ela olha de relance e vê o navio pirata desaparecendo por trás de uma onda e analisa ao redor e se espanta ao ver que eles estavam no pico dela.
- Desculpa Edward. – lamenta ela e acerta um tapa na cara dele, o mais forte que o momento pedia e assim ele desperta como de um transe olhando para ela sem entender o que ocorria.
- Edward! Acorda! Olha o que você fez!

      Durante o transe da magica eu parecia fixo no chão do navio, como se eu fizesse parte da construção da embarcação. Mas agora depois de acordar. Sentia o desiquilíbrio total e pendo para o lado estendendo minha mão na tentativa de conseguir segurar em algo mais firme do que eu.
   O Atlas começa a inclinar para trás e olho rápido, estávamos prestes a descer na queda livre.
- Segurem-se! – grito e todos se agarram a algo num triz e o navio desce como um jato pelo corpo da onda, um frio na barriga subia e descia. Meus órgãos pareciam que estavam feito sopa. As aguas que vinham de baixo para cima passavam em nossos rostos como navalhas prontas para dilacerar.
      Segurava o mais forte que eu conseguia na barra de proteção do navio. Todos gritavam pendurados no ar se sustentando no que era fixo, enquanto os objetos ganhavam destino passando como vultos por nós.
Se o ruim era a descida o pior estava por vim, o navio estava no final da queda da onda pronto para o impacto com a água e não demorou muito, como um baque surdo e pesado ele se choca entrando por completo em alto mar. A água dá uma tapa, pior que a da Shermicy em meu rosto que senti que todos os meus dentes fossem se soltar e se perderem dentro do mar escuro.
A falta de ar era iminente por estarmos debaixo d’água mas num impulso a embarcação volta a emergi com tudo ensopado, gelado e nós gorgolejando toda a agua salgada que engolimos.
   As ondas amenizaram, e pelo notado tínhamos nos afastado da área da neblina, completamente. Agora se via a imensidão azul do mar escuro e o céu com o tapete estrelado.
- Estão bem? – pergunto me aproximando de meus amigos que espremiam as roupas do corpo ensopadas.
- Estamos sim Ed. – responde Kyle.
- Posso dizer uma coisa amigo? – pergunta Like e aceno positivamente para que prossiga.
- NUNCA MAIS FAÇA ISSO! – grita ele e me encolho com a parcela de culpa. Definitivamente não tinha cem por cento de controle na minha magica como achava que tinha. Principalmente a minha mais forte.
- Foi mal gente. Não sei o que houve. – respondo tentando me desculpar.
- O que houve é que você tem que dar uma carga menor da próxima vez. – responde Shermicy e olho para ela. Parecia mais ironia do que uma repreenda então me permito sorrir. Quando penso em responder uma voz nos interrompe ao longe.
- Onde você pensa que vai seu Rosa murcha. Vou lhe ensinar uma lição. – era o capitão Palhares ao longe esmurrando o Rosa Negra, que de alguma forma, ainda permanecera no navio conosco. Corremos na direção deles e apartamos os dois.
- Me soltem eu vou acabar com a raça dele! – fala o capitão tentando sair dos braços do Like.
- Deixem esse velhote longe de mim. E me soltem, eu exijo respeito! – fala o pirata ainda achando que tinha alguma autoridade e a Shermicy lhe dar um murro surpreso que ele geme de dor e cospe uma bolha de sangue com alguns três dentes quebrados de brinde.
- Esse é o respeito que você merece. – fala ela sorrindo.
- Já disse para me soltarem. Vou acabar com ele. – fala Palhares e me oponho na sua frente.
- Capitão, não vale a pena sujar suas mãos com esse pirata imundo. Deixe que isso seja resolvido de forma justa. – falo e ele se acalma ao ouvir minha ideia.
- Que forma você propõe? – pergunta o capitão curioso. E o pirata também estava com ar de medo e curiosidade.
- Bom ele é um pirata. E o que os piratas gostam de fazer com os malfeitores de seus navios? – pergunto deixando a incógnita no ar e os olhos do capitão brilham.
- Armem a prancha!
      Uma prancha de madeira fora improvisada no parapeito do navio. O Rosa Negra estava com o corpo todo atado de corda e fora forçado a andar na prancha e se jogar em alto mar. Todos assistiam em volta gritando palavras de incentivo. Para que ele se jogasse.
Com sua perna de pau ele andava desengonçado na madeira tentando se equilibrar com a força do vento. No final da prancha onde ele teria que pular se vira e nos olha.
- Não é preciso isso. Me cedam um barco e eu vou embora e nunca mais perturbo vocês. – tenta ele negociar.
- Sem chance Rosa Negra, trate de pular logo pois já esta amanhecendo e tenho muita coisa para fazer. – replica o capitão.
- Por favor, tenham piedade de mim.
- Já disse que não. Agora pula! – grita impaciente o capitão e tanto eu como todos os demais assistiam a cena calados. O pirata olha para o horizonte e para baixo nas aguas turvas e alaranjadas com o reflexo do nascer da manhã.
- Não tem nenhuma chance de eu...
- Já disse que não!
- Mas...
- Já chega! – o capitão rapidamente saca sua arma e dar um tiro certeiro no peito do pirata que não tem tempo para reação e cai na imensidão até o abraço infinito do mar. Todos olham para o senhor Palhares perplexos com tal atitude e ele ainda mirava o além com sua pistola saindo fumaça pelo cano.
- Foi mal gente. Odeio essas pessoas insistentes, - fala voltando sua arma na cintura e todos começam a rir e bater palmas por vários motivos. Por terem saído do infindável nevoeiro, por terem sobrevivido a gigantesca onda, provocada por mim, e pelo fim dos piratas.
- Senhoras e senhores, sei que é momento de êxtase e comemoração. Mas precisamos todos descansarem. Era pra ter sido uma noite de festa, mas acabou terminando em pizza. E sei que muitos de nós estão exaustos, inclusive eu, então peço que voltem as suas cabines e descansem. Para o horário do almoço. – anuncia o capitão e todos começam a se espalhar compreendendo bem a mensagem.
- Mas capitão e a bagunça? Temos que arrumar. – pergunto.
- Não se preocupe jovem. Meus empregados quando acordarem resolvem tudo. Vá descansar com seus amigos pois tivermos uma noite mais que cheia.
- Se o senhor insiste, então tudo bem. Qualquer coisa só mandar chamar. – falo ressaltando a intenção de ajudar.
- Não será preciso. Vão descansar. E obrigado mais uma vez por terem salvo o meu navio. – agradece o velho.
- Depois do Ed ter quase destruído, só lembrando. – fala Like que tinha que soltar uma graça e todos riem indo em direção ao saguão para seguir para os quartos.
      Já no corredor paramos em frente a cabine de Kyle onde ela abre a porta e encontramos tudo que era solto de cabeça pra baixo, desde pequenos moveis a roupas.
- Imagino que os demais quartos não estejam diferentes. – falo imaginando a zona que devia estar o meu.
- Vou ficar para ajudar a pombinha. – fala Like abraçando a Kyle por trás.
- Bom, então vamos seguir. – fala Shermicy já como deixa para continuarmos. Me despido de meus amigos e eles entram no quarto fechando a porta e a Shermicy e eu continuamos a caminhada pelos corredores.
      No decorrer que avançávamos, as cabines que estavam abertas se via as pessoas ajeitando o que podia antes de dormir. Após passar algumas portas chego na minha e abro. De fato, não estava diferente das demais.
- Bom acho que vou ter um pouco de trabalho antes de me deitar. – falo imaginando a faxina que teria que fazer.
- Quer ajuda? – pergunta a Shermicy.
- Não, não precisa eu dou conta só. – falo mas com tom de incerteza. Ela me encara e mais uma vez como esperando uma atitude diferente minha, que não vem, ela suspira.
- Bom, tanto faz. A gente se vê por aí. – fala ela caminhando em direção ao seu quarto e fico parado na porta lutando contra a mim próprio em meus pensamentos. Não sabia se era o certo, mas devia tentar.
- Shermicy! Espera. – falo e ela para no meio do corredor e me olha de lado.
- Sim?
- Por favor. Fique. Acho que... ...preciso de uma mãozinha. - falo olhando para qualquer direção, menos para ela. Vejo um sorriso de canto de boca. Como se eu tivesse dito o que realmente ela queria ouvir. Ela se vira e vem toda saltitante com seus cabelos longos molhados dançando no tempo.
- Farei melhor. Lhe darei duas mãozinhas. – ela fala mostrando suas mãos e entra no meu quarto se queixando da bagunça e perguntando se aquilo fora a onda mesmo ou se eu deixara assim. Na verdade estava distante e imóvel demais para responder. Estava a observando toda dançante no meu quarto. Como as coisas mudaram no decorrer do tempo. Semanas atrás queria sua cabeça numa bandeja. E agora depois de tudo que já passamos. Não sabia mais o que queria. Sabia que estava lutando contra um próximo passo. Mas toda vez que essa perna invisível queria avançar uma imagem vinha a minha cabeça e ela recuava, a imagem da Caline.
No perdido dos meus devaneios algo é jogado na minha cara. Acordo do transe.
- Vamos lá bruxo, não sou sua empregada. Vim lhe ajudar e não fazer tudo só. Isso é seu mesmo? – olho para o conteúdo que foi jogado e vejo que se tratava de minha cueca. Fico rubro.
- Onde você pegou isso?! – pergunto olhando por todos os lados.
- Bom não é difícil de achar pois tem várias delas espalhadas por todo o quarto, posso juntar todas para...
- Não! Não precisa. Deixa que essa parte eu faço. Você pode ir pegar a vassoura e a pá para tirar as coisas quebradas. – falo na solução mais evasiva de afastar a Shermicy de minhas cuecas. Ela rir e desaparece pelo banheiro a procura da vassoura. Rapidamente corro pelo quarto e começo a juntar todas as cuecas jogadas no chão. Nessa caça ao tesouro acho minha adaga debaixo de umas camisas e a coloco na minha cintura pensando “não deixarei mais você sozinha.” Recolho tudo e a Shermicy volta com a vassoura me analisando com uma trouxa de cuecas nas minhas mãos.
- Você é rápido em limpeza hein? – questiona ela começando a juntar os cacos de vidro. E sorrio desengonçado temendo o que ela seria capaz com minhas cuecas em suas mãos.

      Kyle e Like estavam colocando o saco de lixo no local indicado da cabine e dado como encerrada a faxina. Pela janela oval e trincada do quarto dava-se para se ver que o sol já aparecia por completo. Kyle tomara um banho rápido e colocara uma blusa e um short rosa de cetim e estava na cama esperando o Like que estava terminando o banho dele, e alguns minutos após ele sai do banheiro de calça de pijama cinza, sem camisa e o cabelo desgrenhado e molhado pós banho. Vê a anjo sentada na cama com pouca roupa um sorriso se esplandece cada vez mais de seu rosto.
- Eu já lhe disse que você é a criatura mais bela de toda a existência? – fala ele se aproximando e se jogando na cama.
- Não, pensei que para você a criatura mais bela era a Kavah. Pensa que esqueci. – fala Kyle fazendo o Like relembrar o episodio com a ninfa de Livefall.
- Não pombinha, ali estava sobre encanto. Aqui você me encantou por natureza. – fala ele beijando o pé da Kyle causando arrepios na anjo que sorrir e dar tapinhas na cabeça dele.
- Não venha me enrolar, você não me engana.
- Não estou te enrolando, falo sério. Sou o demônio mais sortudo em ter uma joia como você. Eu te amo pombinha. – fala ele que já tinha subido e sussurrava no ouvido dela.
- Eu também te amo asas de galinha. Eu que sou sortuda em ter um demônio lindo, fofo e engraçado só para mim. – fala ela afundando as mãos nas madeixas loiras do Like que lhe olha com os olhos azuis famintos de desejo e o demônio beija a anjo ardentemente.
      A Kyle se deixa levar fácil pelo beijo, os dentes pontiagudos do Like mordiscavam seus lábios inferiores causando tremores dentro de si. Ela apertava com força suas unhas nas costas dele que gemia em resposta pela combustão do momento, ele por si explorava com as mãos toda a dimensão da perna dela e chegou até suas coxas e parou. Abriu os olhos e a encarou bem profundamente, a espera de alguma reação ou resposta diante de tudo aquilo. Sempre dormiram juntos, ficaram juntos mas nada além daquilo. O demônio respeitava o espaço da anjo e esperava pelo tempo dela.
A Kyle lhe olha com pensamentos longes, incertezas e vontades, tudo junto e misturado. Cabia a ela a decisão final.
      No impulso o beija com força, Like se espanta mas logo acompanha, as mãos dele continuavam a explorar o proibido. E as dela caminhavam lentamente pelo corpo do demônio como um reconhecimento e descobrimento de território de campo minado, que a qualquer toque em falso tudo iria pelos ares.
      Ele tira a blusa dela revelando seus seios, ela o puxa para si apertando mais o corpo dela de encontro ao dele. Com as mãos ágeis ela puxa para baixo a calça de pijama cinza dele, e descobre que ele estava só com a calça. Ele a mordisca no pescoço e segue pelo ombro, seio, barriga, umbigo. A cada toque uma explosão de sensações diferentes. Kyle se retorcia na cama, agarrando fortemente os lençóis do colchão, e com um toque suave ele retira o short rosa de cetim dela e beija toda área da cocha da anjo, ele sobe para olhar para ela novamente. De cima abaixo. Agora ele tinha mais que certeza que ela era a criatura mais fascinante da terra.
- Eu te amo. – fala ele com a voz ofegante e baixa.
- Eu te amo mais. – Kyle responde com a voz cortada. Seu corpo brilhava de suor. O dele não estava diferente, então ele desce seu corpo e a beija novamente e ela se entrega completamente. E pelo brilho do sol que adentrava no quarto, refletia suas sombras na parede, as sombras de seus corpos despidos, juntos, como um só.

A Fonte de Lilith - Coleção Herdeiro de Bayeux "livro 2"Onde histórias criam vida. Descubra agora