(26) Land of Fire

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O dia pareceu amanhecer mais quente que o normal. Todos acordaram com uma certa ardência em suas bochechas e eu estarem totalmente despertos, após se sentarem na cama e se espreguiçarem ou irem direito pro banheiro como alguns faziam, notaram suas roupas molhadas de suor. 

—Acho que vou derreter e vai ser agora mesmo.   —Comentou Hoseok, indo para o banheiro a fim de jogar alguma água em seu rosto, vendo que demoraria para estar totalmente disposto.

—Se acostumem, o lugar pra onde vocês vão ir é bem pior. Devo admitir que até a população sofre um pouco também.  —Yoongi falou, enquanto pegava alguma roupa do mais novo e dono daquele quarto. Estava com muita preguiça de voltar para onde estava o resto de suas roupas.

—Só de pensar...  —Jung se pronunciou novamente, deitando na cama.   —Não posso ficar aqui?   —Manhou

—Se quer casar comigo, amor.   —Disse a última palavra com um sorriso sapeca, tom meio brincalhão. O som da porta do banheiro sendo trancada o fez desistir de ir para lá, precisava se arrumar também e já estava pegando suas roupas para isso. Desejava que Yoongi não demorasse.    —Terá que ir sim.

—Se for por isso... Então eu vou e pararei de reclamar, amor.    —Devolveu aquela palavrinha no mesmo tom, mas com um sorriso sincero.   —Agora se o hyung demorar, aí eu desanimo.

—Falando nisso... Quem vai ir depois dele?   —Taehyung perguntou, virando-se para o noivo. Ele realmente ficava bonito com seus fios alaranjados grudados na testa, mesmo que o motivo fosse suor. 

Hoseok o olhou como que falasse “temos uma batalha pela frente”. Tae já havia antecipado sua jogada, fazendo ambos gritar ao mesmo tempo:

—PAR!   —Se encararam ferozmente, quase dava para ver a eletricidade saindo de seus olhos. Para eles, isso era muito maior do que uma simples brincadeira.

—ÍMPAR!   —Gritaram em uníssono novamente. Um misto de decepção e graça tomou conta do ambiente.

—Quando ele abrir a porta, corremos o mais rápido possível.  —Sugeriu o loiro. Foi uma jogada esperta, tendo em vista que estava mais próximo do banheiro. 

Ouviram a chave girar as pequenas engrenagens e o ranger característico. Porém, perderam totalmente a noção do que deveriam fazer em seguida ao se depararem com aquela visão: Suga usando uma blusa de Tae, de cor laranja, bem larga em seu corpo, tanto que cobria quase por completo o short que usava para completar o conjunto

—Ah... Tá tudo bem?    —Ele ainda esfregava uma toalha em seus cabelos, odiava sair por aí com os fios pingando e molhando suas roupas. Estava estranhando aquela demora toda dos mais novos, por acaso havia algo de errado consigo? Ah, já sabia, era o corte em baixo do joelho que acabou abrindo ontem não era? Havia pego agora mesmo na gaveta do banheiro um curativo fofo, já que só era um arranhão. 

—Está...   —Taehyung despertou mais rápido. Ficando de repente consciente da vantagem que teria, foi rapidamente em direção á porta. Hoseok se tocou, mas foi tarde demais e, ao chegar onde queria, teve a porta fechada na cara com um estrondo.

—Isso não é justo!   —Choramingou, batendo na superfície de madeira. Ouviu uma risada zombeteira do outro lado e soube no mesmo momento que seus esforços seriam inúteis.

—O que não é justo?   —Perguntou, colocando a toalha úmida em volta dos ombros, pela falta de um lugar mais adequado. 

—Nada tão grandioso. Só saiba que me distraiu.    —Soltou uma risadinha e uma piscada.

       Yoongi soltou uma risadinha pelo nariz, ao mesmo tempo em que ia em direção do ruivo. Colocou seu queixo no ombro do mesmo e ficou ali, sentindo o cheiro não identificado porém gostosinho que saía daqueles cabelos alaranjados. Pouco tempo depois, sentiu braços o envolverem de forma delicada na altura de sua barriga, enquanto uma das mãos do mais alto acariciava suas costas. Amava os abraços de Hoseok, não que não gostasse dos de Taehyung, claro que não; mas em momentos assim preferia os do ruivo por serem menos apertados.

—Aconteceu alguma coisa?   —Era evidente a curiosidade.

— Não foi nada eu só ...estou um pouco preocupado com o que pode acontecer lá ...como meus pais reagiram , ah sabe tudo isso... permitir uma coisa agora aceitar é diferente.   — Respondeu pensativo, olhando para o horizonte como se todas as respostas estivessem ali: impressos na parede.

— Vai dar tudo certo —Rebateu. Interrompeu os carinhos nas costas do mais velho apenar para iniciar alguns em seus cabelos escuros —E se não der estaremos aqui com você.  

Sorriu, meio triste. Esse era o grande problema: estavam juntos e se amavam. Ele não ligaria se seus pais fizessem algo consigo mesmo, porém não aguentaria se eles ferissem algum dos dois de qualquer maneira possível. 




Tomado o café, foram direito para as carruagens —o que, caí entre nós, poderia não ser uma ideia assim tão boa devido aos trancos e solavancos que os veículos aéreos eram especialistas em fazer. Levaram algumas malas, pequenas e leves, já que os empregados estavam encarregados de levar quaisquer outras que parecessem pesadas ou grandes demais.

A carruagem dos Kim não era lá tão estonteante, marcante quanto aquelas que trouxessem os grandes amores do nosso protagonista, mas mesmo assim tua beleza era notável justamente por sua simplicidade (como se fosse uma doce e gentil camponesa que enfeitiça um nobre apenas com um sorriso). A carroceria era toda trabalhada com tecido prateado, com bordados imitando ramos de louro feitos por fios de ouro, a parte que conectava as rodas ao restante do veículo era uma pena gigante feita de prata e esse padrão se repetia quatro vezes e as cortinas eram feitas de cetim cor de vinho. Os pégasos eram malhados, brancos com manchas marrons.

A viagem foi meio turbulenta. Hoseok teve que se concentrar muito em tudo que acontecia ali naquele pequeno vagão, para assim deixar de direcionar seu olhar ao exterior. Odiava alturas, tinha pavor do mar quando apenas ele se estendia sobre todo seu campo de visão.  Tae, que estava em seu lado e compartilhava do mesmo mal-estar por conta do sal que invadia as duas únicas janelas por conta dos ventos que acariciavam as ondas e as jogavam para cima.

Souberam que estavam naquela terra desconhecida quando pequenas fuligens adentraram com tudo na carruagem. Em um ato de coragem quase louca e suicida, Tae enfiou a cabeça no lado de fora como um cão curioso nos dias atuais, mais á frente pode ver de relance o reinado de seu noivo: era uma extensão de terra -estimava- ser umas quatro vezes maior que sua ilhazinha.

Ou pouso foi um pouco perturbado, teve que concordar. Os animais pousaram com perfeição mas o impacto das rodas na pista rochosa sempre seria a culpada de estragar a experiência da viagem. Taehyung e Hoseok, que antes se encontravam relativamente tranquilos, agora temiam até as pequenas coisas. E se eles fossem preconceituosos? Bem, não seria possível eles proibirem por conta da política Herdesiana, mas mesmo assim era algo para se pensar e temer.

Ao saírem do veículo antiquado, se depararam com um tapete vermelho estendido de onde estavam até a entrada do castelo. O estabelecimento era incrível, haviam pousado no lado de dentro do portão principal de modo que estivessem longe da vista de simples camponeses. No lado direito da imensa entrada havia uma estátua de ébano no formato de uma quimera, a bocarra escancarada mostrando dentes de marfim dava um detalhe mais natural á criatura sem vida, enquanto no esquerdo uma estátua feita do mesmo material escuro fora moldada á imagem de um cavalheiro trajado com uma armadura detalhada e completa, uma espada e um machado de verdade e encaixados cuidadosamente em seus punhos fechados se cruzavam em seu peito. Hoseok, que era um amante de arquitetura, notou que o castelo era muito semelhante ás igrejas góticas que haviam no interior de seu próprio reino; até os vitrais coloridos estavam ali e que, neste caso, exibiam imagens pacíficas e sanguinolentas. 

—Venham comigo, senhores.   —Uma moça de cabelo raspado na lateral, negra e vestida com uma armadura incompleta ( pois as botinas especiais para batalha e o capacete não se encontravam) veio se curvar diante deles. Yoongi retribuiu com um curvar na mesma intensidade, sendo seguido pelos outros dois que não estavam acostumados á serem assim tão respeitosos com serventes.    —Meus soberanos estão ocupados no momento, falando com vossos pais e portanto não puderam comparecer á sua chegada. Pediram desculpas pelo inconveniente.  —Terminou de falar e partiu em passo apressado. 

—O nome dela é Aimeé, antigamente escrava de guerra e hoje capitã da guarda real e treinadora das Valquírias. Veio de muito, muito longe. Ela vive dizendo que seu antigo lar era mais quente que aqui.    —Comentou o mais velho, enquanto acompanhava o passo dos mais novos que preferiam ficar mais para trás a fim de observar mais o desconhecido e assim sanar sua curiosidade. Perceberam que não haviam muitas plantas por perto e, as que havia, eram de uma coloração avermelhada ou arroxeada além de totalmente desconhecidas por ambos.

—MAIS QUENTE QUE ISSO?   —Gritaram os visitantes ao mesmo tempo, extremamente indignados.  Hoseok que tinha vindo de vestes mais leves, sofria menos pelo calor que parecia vir de baixo para cima. Coitado mesmo era o loiro, que vinha trajado como sempre.

—Ela morava onde, no inferno?!   —Perguntou, enquanto desgrudava os fios claros de sua testa. Puta que pariu, quanto tempo teriam que ficar ali? 

—Não me recordo de ser o inferno propriamente dito.   —Respondeu meio debochado, um pedacinho de divertimento escapava pelo sorrisinho sem dentes.    —Mas que o nome do lugar tinha a ver com brasa, isso tinha.

Os últimos minutos que passaram do lado de fora foram tomados pelo silêncio que fazia o tempo se estender e levar consigo os passos restantes para completar a caminhada. Quando entraram se depararam com uma imagem estupenda: a estátua feita com gesso branco de uma mulher de cabelos compridos e cacheados que batiam em sua cintura decorava o fundo do hall de entrada, onde duas escadas curvas que se encontravam aos seus pés e iam até a altura de seus ombros, a mulher propriamente dita tinha asas abertas e bem detalhas que apontavam para o céu e em seu braço direito um pequeno e comprido dragão o envolvia. Atrás da estátua, um vitral multicolorido tomava grande parte da parede.

—Quem é ela?    —Perguntou o ruivo, baixinho, curioso que era.

—Nike.   —Respondeu o futuro dono de tudo que viam, sorrindo.   —A deusa da vitória. Protetora desse reino. Vocês vão ver amanhã ao meio dia o quanto ela fica linda toda colorida. 

—Meus queridos!    —Ouviram uma voz retumbante, semelhante a um trovão, ecoar de algum lugar á cima. Uns segundos depois conseguiram ver um homem trajados em roupas vermelhas descer animadamente as escadas do lado direito com uma mulher mais alta que si por uns centímetros logo atrás.    —Nos perdoe a demora.

Pararam quando chegaram perto o suficiente. O Rei usava, como já dito, um terno totalmente vermelho sangue com uma calça preta e a coroa estava cuidadosamente posta para que não desmanchasse seu coque; ele era baixinho e rechonchudo com uma barba rala no queixo que tomava a linha do maxiliar. A rainha, por outro lado, usava um vestido colado cor de vinho que ia até os joelhos, seus cabelos tinham duas mexas na frente que iam até seus ombros, enquanto na parte de trás eram pouca coisa mais curtos; ela era muito bonita e usava uma sombra escura nos olhos e um batom nude.  Os dois curvaram-se e os meninos repetiram o gesto por respeito. 

—Sou Chul-Moo. Soberano desta aqui e esta beldade ao meu lado.   —Parou para enlaçar a cintura da esposa, já que não alcançaria seus ombros de qualquer forma.    —É Mi-Cha, minha esposa e Rainha de todas as coisas que vocês verão durante sua estadia.  

De cara já dava para notar a diferença entre eles. Não só a física, mas a emocional também. Chul-Moo olhava para os dois genros com um brilho nos olhos, como se estivesse... Grato. Agora a rainha, os olhava com aquele quê altivo que demonstrava passivamente seu desagrado.



Continua...





OI MEUS BEBÊS. Demorei, desculpa, meu emocional tá zoado e eu tenho que estudar nas férias para prestar uma prova de bolsa em janeiro. Me perdoem mesmo, já que além desse empecilho pretendo me dedicar á projetos paralelos aos meus principais (como Blue Bird, Time Lapse e minhas oneshots)

É isto. Não aconteceu tipo... Nada nesse capítulo, mas o próximo vai ser mais legalzinho. Eu não ia parar aqui, mas aí ficaria muito longo... Então, pensei com meus botões, que seria melhor parar por aqui mesmo.

Até a próxima, amo vocês <3






Happily Ever After | Taeyoonseok!auWo Geschichten leben. Entdecke jetzt