(02) I feel I've seen you before ...

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    O almoço quase não tinha gosto, o estômago revoltado do nosso protagonista também não ajudava em nada. Tudo isso porque duas pessoas chegariam no castelo, tirando-lhe a paz.

   Sem ter com quem conversar ou algum motivo para sair do castelo escondido, ficou ali na cama pensando no que falaria quando chegassem. “Um príncipe não pode passar vergonha em publico” ou seja é essencial uma boa primeira impressão.

    Como ele seria? Que emoções gostaria de passar? Qual imagem transmitirá?. Tantas perguntas sem resposta, a única certeza era que quanto mais escondesse sua natureza estranha melhor seria.

    Ninguém gosta de originalidade, máscaras prontas são mais fáceis de entender.  

     Decidiu que seria amigável, contudo fechado. Arrancaria tudo dos outros dois antes de falar de si.

      Mal percebeu que já estava tarde, fora necessário o cair da temperatura para se tocar. “Uau, horas pensando? Você realmente é burro Taehyung” agrediu-se mentalmente.  Com isso um ataque de ansiedade veio, o estômago se  revirou como o corpo de idol famoso dançando, o mundo pareceu girar, as batidas de seu coração se desaceleraram e o suor escorreu frio por sua testa.

     Era sempre assim desde que se lembrava por gente. Infelizmente a psicologia  não  era algo muitíssimo  avançado naquela época.

     Por conta disso sentou-se na cama, sentindo toda a pele do corpo  esfriar. Sem sombra de dúvida estava pálido  para qualquer um que aparecesse na porta chamando por ele, começou  à prestar atenção em sua volta para aliviar a sensação  de estar em um terremoto, tirando um caderninho fino de couro e papel mais baratos do reino e, respirando fundo, tomou coragem para olhar de baixo da cama.

     A bagunça  e poeira daquele cantinho esquecido não  ajudou  sua situação, logo viu-se em um ataque de nervos com espirros de bônus. Conseguiu pegar a pena especial para escrita  pelo menos, voltando  para a posição  inicial. Repetiu a mesma ação  de antes: prestar atenção  á  sua volta mas desta vez escrevendo no caderninho. Se sentiu  feliz quando a letra,  antes torta, tremida e caída voltou aos poucos ao normal bonito de se ver.

     Esse exercício  era uma espécie  de terapia para ele, aproveitando a deixa começou também a listar o que faria a seguir, sem deixar algo organizado ou bonito, apenas para ter isso registrado no papel como uma espécie de “bota pra fora migo”.

    Já quase 100% recuperado, foi até seu guarda roupa. Amava o móvel por ter um grifo em pleno  vôo esculpido ali, ocupando todo o espaço disponível da frente, uma obra muito bem feita. Amava arte e grifos. Tirou de lá uma blusa branca de tecido fino (pois acha que a cor cai bem nele) e um paletó azul escuro com alguns bordados de serpentes marinhas em linhas de tom mais claro, a parte de trás era longa o que lhe dava um charme extra (tipo aquelas roupas vitorianas). Completou seu visual com luvas brancas e uma calça colada preta.

      Decidiu que já se arrumaria por não saber que horas são e nem quando chegariam. Portanto foi ao banheiro particular de seu quarto, enchendo a banheira e despejando sais de banho, se deliciando com a água morna cheia de espuma e brincando com a torneira de ouro utilizando os dedos do pé.

     Perdeu a conta de quantas alternativas falhas criou para pelo menos tentar prever os comportamentos dos outros, sabe... ter uma base para os seus próprios. Com isto perdeu a noção de tempo (de novo) e ao sair do conforto de sua banheira de pedra incrivelmente lisa, surpreendeu-se com uma servente do castelo de pé em sua porta aberta.

     Agradeceu á  si mesmo por ter se lembrado de se trocar lá dentro. Mas mesmo que ela o visse de toalha ou até nu ele não ligaria. Nunca sentiu nada por ninguém  mesmo, por que  se importar com esse tipo de coisa?.  

    -Príncipe Kim Taehyung...  -balbuciou, curvando-se. Ele reparou nas bochechas  coradas da moça .  -Vossos pais, guardiões de toda terra de Wonderwell ordenaram que o seguinte recado chegasse a ti...  -Como essa  lenga lenga real o enchia. Em todos os comunicados os serventes eram obrigados á dizer essas frases antes de qualquer outra coisa. 

    -... Os príncipes de Blomma Falt e Warme Erde chegarão daqui a uns 20 minutos. Sua graciosa presença fora solicitada no jardim, pois estão vindo em carruagens aladas. Vejo que estás arrumado para a ocasião portanto não preciso dizer a segunda parte.  -Disse a última frase mordendo o lábio inferior, com a voz carregada de malícia. Depois saiu rebolando.

     Como de costume... nada sentiu, receber cantadas ou olhares de luxúria das empregadas era super normal. Apenas não ligava e não sentia absolutamente nada.

    Deu de ombros para o nada e andou até o jardim, sua trajetória havia demorado um pouquinho... cerca  de uns 7 minutos.

    Seus pais, tão ausentes, estavam alegres neste finalzinho da tarde. Notou que o cheiro de comida corria solto pelo Palácio, com certeza fariam um jantar especial hoje.

    -Querido como está lindo!.   -Disse a rainha, colocando as mãos no ombro do filho e lhe dando um beijo na testa. Ato esse que apenas fazia em ocasiões especiais, como aniversários e festas de fim de ano.

    -Obrigado Omma, a senhora também está radiante.   -Não mentia, o vestido violeta de mangas longas era muito bonito, não possuía decotes mas em compensação marcava bem suas curvas definidas por ser bem colado ao corpo. O final das mangas tem rendas brancas e como o filho, bordados de flores também brancas enfeitavam o vestido.

   -Meu menino está tão crescido!  -Dessa vez fora o rei que bagunçou os cabelos de Tae e colocou a coroa de prata com jóias preciosas em sua cabeça. Ele mesmo usava a sua, a única  dos três feita de ouro e rubis enquanto a rainha usava sua tiara de prata com quartzos rosas e diamantes brancos.

     E ficaram quietos, o rei olhando ao redor. A rainha passando a mão no cabelo em busca de algum nó, mas estava sedoso e perfeito como sempre. O príncipe brincando com os pés os arrastando pra lá e pra cá...

    Seu coração falhou uma batida quando avistou a primeira carruagem azul bebê com manchas mais claras bem decorada, as rodas e alguns detalhes feitas de ouro puro e era puxada por lindos pégasos brancos. Logo estacionou um pouco atrás dos grandes muros do castelo, o  que bloqueou sua visão.

    Falhou de novo quando avistou a  outra, que por sua vez, era negra com as rodas e detalhes feitas de cobre. Tremeu quando reparou nos dois dragões vermelhos gigantes que puxavam a carruagem. Depois ela se juntou á primeira por detrás dos muros.

     Os grandes portões foram abertos e as carruagens entraram lado á lado com uma sincronização assombrosa. Sabe o que é mais legal? Era a mesma cena do sonho de Tae.

     A mais clara, possivelmente de Blomma Falt estacionou na direita virada de lado. A outra, talvez de Warme Erde fez o mesmo do lado oposto.

     As portas foram abertas e dois caras saíram de lá apenas para confirmar a sua hipótese. De perto, percebeu que as manchas no veículo magnífico de Blomma Falt eram na verdade nuvens. Já o de Warme Erde, possuía o desenho de corvos pousados nos galhos de uma árvore seca.

     Quando os dragões soltaram pequenas labaredas nas narinas toda a família se retraiu.

     O príncipe da carruagem preta, cujo cocheiro o apresentou como Min Yoongi, foi o primeiro a sair. Taehyung não estranhou com o fato dele usar um vestido simples e preto que deixava suas panturrilhas á mostra porque umas das poucas coisas que sabia sobre seu reino era que eles valorizavam muito a liberdade e a luta, fazia quem queria, se não queria de boa. Todo mundo poderia fazer qualquer coisa, contanto que não interferisse na liberdade, felicidade e bem estar do próximo.

     Não pôde negar que sua pele branquinha e bom gosto para roupas, além dos olhos felinos o deixava bem atraente. Caminhou em passos largos, moderados e elegantes até a família real se curvando... piscando para Tae em seguida. 

    Por que ele tinha a impressão que este garoto em específico o daria trabalho? Yoongi caminhou até um banquinho ali perto, impressionou-se com a facilidade que o moreno se comportou ali como se estivesse nascido naquele lugar. Nenhuma olhada rápida pelo estabelecimento, nem sequer demonstrou curiosidade.

      Bem, na verdade... ele olhava Taehyung. Como quem olha pra você e analisa todos os seus pecados...

... e gosta de todos eles. Como um predador que escolhe a presa mais rápida apenas pelo desafio, para sentir o prazer de ter aquele coração palpitante pronto para ser despedaçado. Por que? Por causa do medo, as presas mais rápidas tem mais medo de serem pegas.

    O Kim era um passarinho, Min era um gato. De ambas as formas.

     Então a última carruagem se abriu. Príncipe este, nomeado de Jung Hoseok, visualmente muito diferente do outro. Possuía cabelos ruivos muito amáveis, junto de uma expressão assustada e curiosa.

    Esse sim deu uma leve tropeçada se recompondo para curvar-se aos reis. Seus olhos vagaram para todos os lados até achar o banquinho onde seu “adversário “ o olhava de cabo á rabo. Engolindo em seco, foi até ele e se sentou ao seu lado, não havia muitas escolhas mesmo.

    Ele estava mais preocupado em observar o castelo, no entanto o príncipe loirinho olhava-o intrigado. Sentia que já o havia visto...em algum canto por aí... ao mesmo tempo que não lembrava de tê-lo conhecido.

    O Rei se levanta com todos o acompanhando por respeito. Hoseok tremia levemente enquanto o outro apenas se importava em arrumar a saia meio amassada do vestido.


  -É uma grande honra recebe-los, cavalheiros. Após a refeição as empregadas lhe mostrarão seus aposentos e amanhã de manhã baterão em suas  portas para guia-los até A Grande Mesa, depois será feita uma tour pelo palácio acompanhados do príncipe. Agora me acompanhem para jantar, por favor. 

     O por favor era apenas por educação. Ninguém naquele reino poderia fazer algo que desagradasse o soberano (até a mesmo a rainha não tinha esse direito. Machismo mesmo) e justamente por esse motivo quase ninguém gostava de falar, apenas receber ordens. Nunca se sabe o que ter uma opinião diferente poderia ocasionar e quem gostaria de ser decapitado?

     Silêncio, odiava isso. Principalmente quando ambos os seus pretendentes lhe olhavam. Um com claramente desejo, outro com curiosidade e...medo?

     Pois chegaram á imensa mesa, garçons estavam com as bandejas delicadamente equilibradas com a ponta dos dedos. Todos se sentaram, o rei e a rainha lado á lado em uma ponta, Tae na outra e os convidados estavam um de frente para o outro entre os reis e o príncipe.

      A mesa é incrivelmente longa, portando nenhum deles além dos mais velhos se tocava. Isso não significa que comeram sem olhar um para os outros. Yoongi, notou o príncipe nativo, analisava o Jung com os olhos pequenos semicerrados enquanto o mesmo tremia... era visível pelas mãos e pela sua falta de apetite repentina. 

     Bem, Kim Taehyung era um passarinho, pelo menos ele sabia voar. Mas Jung Hoseok era um ratinho que não sabia os buraquinhos dessa nova terra...não sabia onde se esconder, pelo menos não ainda.  

     Depois do clima estranho, foram todos para seus quartos.

      Seokjin estava lá esperando o irmão. Sua feição se tornou triste quando o mesmo sentou ao seu lado, cabisbaixo, deveras pensativo ao invés de sorrir e ir correndo o abraçar.

     -TaeTae... saeng o que houve?   -envolveu os ombros do irmão com seu braço, olhando-o preocupado.

     -Eu não vou conseguir hyung! Como? E-eu nunca fui muito bom em conhecer pessoas novas. Quer dizer, até fui quando fiz meus únicos amigos mas eu QUERIA fazer aquilo! Queria companhia eu queria AMIGOS! Agora tenho que me FORÇAR á FORÇAR  um sentimento para a porra de um casamento FORÇADO! 

     O fantasma apenas assentia com a cabeça, nunca havia se apaixonado e não havia chegado na idade de se casar. Isso nunca importou para ele. Pela primeira vez, não sabia como proteger seu pequenino. 

     Por isso apenas colocou a cabeça do seu irmão em seu ombro largo, deixando  que as lágrimas de raiva do mesmo justamente de seu silêncio e cafuné o consolassem.

      Decidiu que deixaria para falar o que queria em outro momento.



       Mesmo depois da desapareça de Jin, ele apenas chorava e não sabia mais o que fazer da vida. Do nada, assim do nada mesmo, o universo lhe dava uma dessas. O que fez para merecer isso? A dúvida lhe corroía tomando-lhe o sono.

      Sem uma melhor alternativa, decidiu que iria ao Campo de Treino  (tipo uma academia medieval) que ficava bem aos fundos da propriedade real, igualmente longe do castelo ao centro.  

     O ventinho frio da quase meia-noite o dava calafrios. Por que seu pijama verde de cetim tinha  que ser fino e refrescante? Maldito seja quem fabricou essas roupas.

     Chegando lá nem ligou com o fato da porta velha não estar trancada. Até sentir a ponta de uma espada de esgrima pressionar sua barriga. Não dava para identificar quem era em meio ao breu.

    -Quem está aí?   -De qualquer modo, ser morto ali o ajudaria um bocado...






Continua...



Não me matem gente HSUSHAUAHHA o que será que nosso princeso ia dizer? Quem que encurralou nosso príncipe? Tantas perguntas...
O Yoongi usa vestidos sim, as vezes. Por que não? U.U
Por que nosso príncipe acha que já viu o Hobi?


   

     

    

   

   


Happily Ever After | Taeyoonseok!auOnde histórias criam vida. Descubra agora