(21) Chords

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—Temos que fazer alguma coisa divertida hoje.    —O loiro falou baixinho, tendo em vista que os outros dois estavam claramente de ressaca e aproveitando todos os sintomas da mesma. Nunca agradeceu tanto aos deuses por não gostar tanto de beber.

—Com todo o respeito mas a única coisa que quero é dormir até até amanhã   —Yoongi massageou as têmporas, fazendo as madeixas escuras caírem em um de seus olhos, causando certa ardência incômoda. A vontade de cortar aquela porcaria aumentava á cada dia.

—E eu quero algum remédio para dor de cabeça.   —Hoseok falava baixo, se aumentasse o tom possivelmente causaria dor em si mesmo. 

—Se quiserem, posso chamar o Xiumin. Ele deve ter alguma coisa para ressaca. —Doía em si ver aqueles bois nesse estado.

—Já fomos medicados hoje de manhã, muito obrigado por se preocupar conosco.  —O ruivo agradeceu, enquanto tomava mais um pouco de chá, enquanto esperava (mesmo que não tão pacientemente) o remédio fazer efeito.

—Queria fazer mais alguma coisa para ajudar...    —Lamentou o mais novo, que já havia terminado de comer á um tempo, apenas estava esperando os mais velhos.

—Tem alguma ideia do que podemos fazer essa tarde?  —Yoongi disse, depois de engolir mais algumas garfadas dos waffles com mirtilo.

—Tenho... Mas não acho seguro falar agora.   —Sussurrou, dando uma olhadela para os pais. Os convidados logo entenderam. 

Como de costume os soberanos terminaram sua refeição matinal e se despediram dos príncipes com acenos e palavras doces. Claro que não eram burros—ok talvez um pouco, mas sabiam que as conversas rotineiras daqueles três significava coisas boas; ilustravam claramente que Taehyung estava ao menos tentando concretizar sua escolha, a resposta não deveria tardar.

Coitados. Mal sabem eles que não havia escolha nenhuma para ser feita.

—Se vocês vão mesmo casar comigo, preciso mostrar o castelo. Todinho, cada pedaço.   —Mesmo agora tendo o salão de jantar todo vazio, nunca se sabe quem poderia estar ouvindo então optou por ainda assim mandar um tom baixo. 

—Parece uma boa, sempre tive uma fascinação por esse lugar.  —Hoseok, como o grande curioso que era, excitou-se com a perspectiva de saber mais sobre aquele local tão fascinante e gigante. 

Tae fez um sinal para fosse acompanhado, e assim foi. Abrindo a porta do grande salão, deram de cara com as grandes pilastras que o príncipe nativo sempre achara sem graça e os quadros ali postos desde muito antes de seu nascimento, exibindo imagens á tempos pausadas ali, imagens essas que ele já havia cansado de olhar; exibindo imagens de seus antepassados em suas roupas cafonas.  Contudo, agora com eles, tudo de repente ficara mais belo e menos monótono.

—Para onde está nos levando, capitão TaeTae?   —Yoongi perguntou, enquanto deslizava a mão por entre os entalhes do gesso das enormes pilastras, os desenhos de ramos e flores que cobriam o cilindro branco eram tão bem esculpidas.

—Vocês vão ver.   —Dito isso andaram mais um tempo, até chegarem na porta onde o mesmo guarda de anos atrás fazia o de sempre: dormir. As vezes Taehyung achava que o cara estava morto, sinceramente como não perdera o emprego até agora?

Pegou a chave, usou-a e abriu a porta, fazendo um sinal para alertar os acompanhantes para manterem-se calados. Em seguida fechou a porta.

A sala onde estavam eram colossal, alguns de seus espaços eram preenchidos até o teto com pilhas e pilhas de moedas de moedas de ouro, outras pilhas de prata e bronze também se encontravam aqui e ali. As paredes juntas formavam um afresco lindíssimo feito pelo melhor pintor de algum tempo, cujo nome fora guardado á sete chaves junto daquela magnífica obra. Havia algumas mesas mostruário, exibindo jóias, esculturas e pedras raríssimas que valem milhões no mercado negro dos Sete Mares. 

—Olhava essa pulseira! Pelo amor de... Nossa!   —O mais velho estava embasbacado enquanto chegava perto de uma das mesas, tirando a camada fina e incômoda de poeira para melhorar a visão dos objetos ali guardados. A joia do qual falara era uma pulseira feita inteiramente de jade, cujas pedras eram ligadas umas ás outras por ouro branco, sendo que o ouro fora moldado para parecer raízes de árvore.

—Ah sim, é muito linda. Essa foi a pulseira de casamento da fundadora de Wonderwell. Digo pulseira de casamento pois no começo meus antecessores as usavam como alianças... Mas a tradição tornou-se cara demais para ser sustentada e logo, adotamos as alianças como símbolo do matrimônio, idêntico ao resto do mundo.   —Chegou por trás de Yoon, ainda fascinado com a pulseira e abraçou sua cintura fina delicadamente.  

—Mas... Se quiser...   —Fez questão de sussurrar bem perto da orelha dele, sentindo-o arrepiar em seu aperto.   —Posso providenciar uma para você.

—Faria isso, se eu quisesse?   —Encostou a cabeça no peito do mais alto e jovem.

—Por vocês dois?   —Suspirou e sorriu  —Qualquer coisa nesse mundo. Ou ao menos, tentaria.   

—Parece até mesmo uma adolescente apaixonada.    

—Talvez eu seja mesmo.   —Colocou o queixo na cabeça, como sempre. Ficando ali por uns minutos.

—Querido, pode ter certeza que estou amando tudo isso mas pode me soltar para ir ver outras coisas?  

—Ah, claro.   —E assim foi. 

Tinha notado o sumiço repentino de seu outro namorado, então decidiu vagar pela sala em busca do mesmo e aproveitar para matar a saudade dos artefatos ali guardados, longe dos olhos da civilização. A quanto tempo não visitava aquele lugar? Caminhou por entre algumas montanhas de ouro, procurou por ele na parte onde havia as estátuas nuas dos reis e rainhas passados e nada; onde ele se metera? Estava caminhando á um tempo que parecia séculos e nada de acha-lo. Talvez já está na hora de pegar os dois e partir para mais um lugar do tour pelo palácio.

Achou-o observando tronos feitos de estátuas. O primeiro era menor, composto por animais silvestres vistos como presas indefesas (cervos, corujas, antílopes e etc) feitos em mármore e cobre, até a posição dos animais demonstrava submissão e fraqueza, tendo em vista seus olhares de esmeralda para o chão ou até mesmo fechados. Agora o segundo era feito pela junção de predadores (leões, leopardos, ursos e etc) compostos de ébano e prata, ao contrário do primeiro os animais estavam em posição de ataque, as bocarras escancaradas e seus olhos eram rubis de fogo. 

—Sabe, minha mãe odiava esses tronos. Só aceitou casar com meu pai quando ele concordar em os trocar pelos simples que usam atualmente.   —O loiro disse, entrelaçando sua mão na dele.

—Por que? Digo, tenho uma ideia em mente. Porém tenho que concordar que eles são lindos. 

—Ela odiava a imagem estereotipada que eles ilustravam. Olhe só para o branco, que seria o da rainha... Ele exala submissão e fragilidade, observe como os animais estão entregues... A rainha teria de ser assim? Ela, teria de ser assim? E o do rei, com agressividade e raiva nele todo... Poxa, reis podem ter compaixão e misericórdia, por que o papel de consorte é sempre da rainha enquanto o rei manda e desmanda? O certo seria igual poder para ambos.   —Despejou.

—Concordo. Gosto da sua mãe, já sei de quem puxou o brilho.   —Não haviam notado em que ponto da conversa se aproximaram tanto, mas já estavam assim, quase colados. Hoseok então selou seus lábios em um beijo carinhoso, acabando totalmente com o espaço entre eles.

—Nunca fui muito ligados a eles, parecia que eu não existia até pedir para sair do castelo, dar uma volta... Aí, nossa. Juro que tento ver o lado deles depois da morte de meu irmão, porém no que uma tragédia justificaria sua frieza comigo? Não faz sentido. Mesmo assim eles são meus pais e isso não se escolhe. 

     Agora abraçados, continuaram á olhar os tronos.

      —Vamos, Hobi. Precisamos encontrar o Yoongi e seguir viagem.

     Graças aos céus foi fácil achar o mais velho, e juntos saíram e trancaram sorrateiramente a porta. Taehyung deixou a chave onde ela deveria ficar: o cinto do guarda. Puseram-se á seguir caminho.

      Após alguns passos se encontravam em uma outra ala do castelo, onde os imponentes pilares agora davam lugar ás magnificentes estátuas dos deuses, que também iam do chão até o teto. Hoseok e Tae conseguiam identificar qual deus é qual, Yoongi parecia uma criança curiosa apontando e perguntando “quem é esse?” “quem é essa?” “é deus do que?” e claro, respondiam calmamente com toda a paciência do mundo. 

Finalmente havia chegado naquele corredor. Pararam em uma porta simples, de madeira como todas as outras, nas com a maçaneta em formato de lira. O mais novo tirou uma chave de seu bolso (chave esta que surrupiara de manhãzinha do escritório do pai quando bateu-lhe uma vontade de visitar aquele cômodo), cuja ponta também tinha o formato daquele instrumento musical. Quando abriu, seus namorados entenderam o porquê da maçaneta, se encontravam agora em uma pequena sala musical. 

Yoongui partiu correndo para o piano, Tae trancava a sala, não desejando visitas intrometidas.  Yoongi começa a tocar uma melodia suave.

—Você toca muito bem, Yoonie.  —Hoseok sentou ao seu lado, admirado pela melodia.

—Obrigado, não é tão difícil quanto parece.  —Seus dedos se mexiam habilmente, nem parecia que era uma música inventada na hora. Estava tudo ótimo, extremamente agradável, até o mais velho parar do nada e soltar:

—Taehyung, por que você não canta com a gente?

Sentiu a boca secar, sua testa soar e as mãos tremerem. Reuniu um pouco de coragem e força para dizer, mesmo que gaguejando no processo:

—E-eu não se deveria...  —Olhou para qualquer outro canto. 

—Não precisa ficar com vergonha ou medo, acho que nenhum dos dois aqui são profissionais no assunto pra te julgar.    —Yoongi tentou tranquilizar o mais novo, alisando sua coxa, sem malícia.

—Tenho certeza que sua voz é linda.   —Hoseok soltou um de seus sorrisos em formato de coração. Enquanto se concentrava, o tempo pareceu pausado para o mais novo; poderia jurar que sentia o ar condensar-se dentro de seus potentes pulmões, entretanto seria mas sensato atribuir o fato ao maldito nervosismo. 

Respirou, indeciso se aquela lufada fria em seu peito era mau agouro ou coisa boa. Depois soltou, não de uma vez pois fazia aulas desde cedo e possuía certa técnica, mas aos poucos conforme as sílabas e com elas as notas corriam por entre seus lábios. Era uma melodia suave, que não necessitava de grande concentração e impostação para adquirir um bom resultado. 

—Wise men say, only fools rush In—Apenas aquele comecinho, dito em tom tão grave e atraente foi o suficiente para causar arrepios nos amantes e encher seus corações com um carinho enorme pelo cantor — But I can't help, falling in love with you .Shall I stay? Would it be a sin If I can't help, falling in love with you? 

      Um pouco mais seguro de si, contendo o sorriso para não perder a afinação, prosseguiu:

—Like a river flows, surely to the sea, Darling, so it goes somethings are meant to be. Take my hand, take my whole life too. For I can't help, Falling in love with you —A música era linda, a voz de Tae era linda. As duas juntas, formavam algo extremamente belo. 

Teve uma ideia brilhante, interrompeu a cantoria para buscar em algum canto da sala o instrumento prefeito: um ukulele. Com o filhote de violão em mãos, voltou para seus amados e cantou a última parte, desta vez tocando também:

—Like a river flows, surely to the sea Darling so it goes, somethings are meant to be Take my hand, take my whole life too. For I can't help falling in love with you. For I can't help falling in love with you.   —O instrumento dava um novo ar á música, casando perfeitamente com a mesma. O som do ukulele, instrumento pequeno de timbre meio sujo por conta da curta caixa acústica, fazia um par perfeito com a voz grave do loiro. 

—Bravo! Bravo!   —Yoongi sorria abertamente mostrando suas gengivas, nem se importando com os fios disciplinados de seu cabelo que insistiam em espalhar-se descontrolados por sua testa. Batia palmas ritmadas e animadas.

—Tão lindo meu homem.   —Hoseok já havia perdido toda sua classe. Lacrimejava sem pudor e batia palmas mais rapidamente que o Min.

—Nem foi grande coisa...   —Disse Taehyung, colocando o instrumento de lado e voltando para o banco do piano, onde os outros assistiram sua pequena apresentação particular.

—Foi incrível... Agora, você conhece essa?   —Yoongi tocou alguma melodia conhecida, sendo acompanhado pelos vocais roucos. Hoseok assistia aquilo tudo encantado, dando apoio moral para os dois. 




Continua...





MAIS UM CAPITULO AAE
O próximo vai ser tiro pra tudo que lado ahshshs ai ai 
Amo vocês s2 ah, a música que o Tae canta é Can't Help Falling In Love do Elvis Presley. Uma das minhas músicas favoritas (que ficariam incríveis na voz dele).










Happily Ever After | Taeyoonseok!auOnde histórias criam vida. Descubra agora