(24) Finger In The Trigger

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—Você o que...?   —Perguntou o rei, atônito, seu queixo quase encostando no tampo da mesa de jantar. Não poderia ser verdade, era impossível. Não poderia acreditar que seu filho, além de realmente gay, era apaixonado por ambos.

—Eu amo os dois.   —Soltou Taehyung, sabia que a reação de seu pai seria assim, havia vivido todos os seus anos ao lado daquele tirano esquentado que já matara alguns aldeões injustamente, apenas porque no dia do julgamento estava estressado. Disse a verdade como quem comenta sobre o tempo, enquanto apoiava o queixo nas costas da mão direita. 

—Como... Ousa.    —O mais velho começou, sabia que se fosse uma brincadeira como achava á uns minutos atrás, o filho já teria desembuchado. Mas o modo que falava disso, tão normal e centrado o enfurecia. Levantou abruptamente, fazendo sua cadeira tombar para trás. Bateu ambas as mãos fechadas em punho na mesa, de modo que alguns pratos ali dispostos se elevaram mililitros para depois cair, seu rosto estava vermelho como uma cereja.  —COMO OUSA?!   —Bradou, uma veia próxima a têmpora saltava.

Taehyung conteu a vontade de revirar os olhos, achava o péssimo humor do pai e sua aversão ao amor tão tediosos e retrógrados. Hoseok se encolheu na cadeira, com medo do que o soberano poderia fazer com seus amados se não fosse impedido (o que não aconteceria. Quem seria suicida ao ponto de bater de frente com o dono de um reino inteiro?). Yoongi segurou a risada e olhou para baixo quando se viu impedido de conter um sorriso de canto, debochado; se perguntava como seu sogro poderia ser tão escroto. 

Ele, que se encontrava de pé, deu um passo em direção do loiro quando a rainha se levantara.

—Meninos, dispensados.   —Soltou simplista, sua voz carregada de calma contaminou o marido. Se não fosse por isso e a mão dela segurando seu ombro, teria revertido a ordem e mantido os três ali para provarem de sua ira.   —Eu disse, dispensados.   —Falou mais rígida quando os meninos mal se mexeram. 

Tae e Yoongi queriam brigar, sair dali com ego inflado quando revidassem todas as palavras de ódio direcionadas á si. Suga era briguento desde sempre, e mesmo que não quisesse admitir o príncipe dali puxada um pouco seu progenitor e a coisa ficava ainda mais aparente em situações específicas, parecidas com aquela. Mas, antes que o pior acontecesse, pousou as mãos nos ombros dos noivos e os guiou para fora da sala de jantar; temendo as consequências que as atitudes de ambos poderiam causar.

A rainha, ainda na sala com o marido, sorriu de canto. Ainda bem que um deles parecia sensato o suficiente para acalmar os nervos dos outros dois. Enquanto isso, havia de lidar com seu próprio nervosinho.

—Querido, respire fundo.    —Tentou se manter centrada e plena, ignorando sua única vontade naquele momento fosse gritar com ele até o mesmo lhe ouvir e enxergar a verdade de suas palavras na marra.

—COMO QUER QUE EU RESPIRE FUNDO ?!    —Vociferou, algumas gotas de saliva voando e caindo antes de atingir o rosto da mulher. Nojentas como o dono.

—Não precisa gritar, querido.  —Disse a última palavra com certo desdém.   —Não há ninguém mais para lhe ouvir.

O soberano levantou a mão e iria atingir o rosto da própria esposa se ela mesma não tivesse segurado o punho do homem e apertado levemente. Mesmo assim, sorriu. Não era a primeira vez que ele tentava machuca-la (e já o fizera algumas vezes) mas com certeza aquilo acabaria em breve, logo logo seu filho casaria e se aposentaria e finalmente poderia deixar de fingir  amar aquele monstro.

—Você sempre foi tão explosivo, meu amor. Sente-se, beba uma água. Quando estiver recomposto conversaremos.  

—Ah, querida, o que seria de mim sem você?   —Perguntou enquanto respirava fundo. A rainha sabia que era importante para ele ao ponto de pelo menos faze-lo calar a boca e ceder as suas vontades quando necessário, mesmo que indiretamente, como agora.

“Um saco de estrume” teve vontade de dizer, mas só sorriu enquanto colocava uma mecha do cabelo enrolado atrás da orelha, em um gesto gracioso. 

—Não sei, mas acho bom estarmos aqui, juntos.  —Sorriu, deixando o gesto se desmanchar quando ele não estava prestando atenção em si. 

—Eu ainda não acredito que nosso filho é boiola.   —Suspirou, bebendo um gole do suco servido anteriormente torcendo para que a bebida fosse capaz de apagar o fogo agora mais controlado dentro de si. 

—Não é grande coisa, pelo menos ele está apaixonado por quem passará a vida toda ao lado.   —Tentou conter a inveja que sentia da própria cria. Quem dera tivesse a sorte de se casar com um nobre decente.   —E além do mais qual o problema? Se casaria com um homem mesmo.

—Um, mulher.   —Terminou o suco e bateu o copo na mesa, se irritando pelo tom usado consigo.   —Um!

A soberana fechou os olhos para não revira-los, sorrindo de nervoso. Tão idiota, realmente o que seria daquele reino sem sua supervisão?

—Amor.   —Deu uso ao apelido que sabia ser capaz de amolecer o coração duro daquele homem.  Segurou as mãos dele nas suas.   —Não está vendo a bela oportunidade que está jogada de bandeja na frente de seus olhos? Se os pais dos menino concordarem, não teríamos apenas um grande exército nos protegendo, mas sim dois. Nosso filho não seria senhor de só uma terra. É uma boa alternativa para os negócios.

—Tudo isso a que custo? De uma depravação?

—E qual o problema? Já era certa sua união com um apenas, por que não dois? Não se a tenha com quem ou quantos ficará, foque no que ganharemos com isso. 

—Mas, as leis...   —Começou, sendo interrompido pela esposa.

—Ah, me poupe. Esqueceu do caso daqueles aldeões da época de seu avô? Duas mulheres e um cara amando entre si, e não vi rei nenhum da época proibindo. 

Então ele abaixou a cabeça, massageando as têmporas e encarando o chão. Mesmo que odiasse admitir, enxergava verdade nas palavras da esposa. 





Após aquela declaração e a reação dos reis, os príncipes não poderiam estar mais nervosos.

—O que faremos, Tae?   —Perguntou Hoseok com sua voz embargada. Ainda não soltara nenhuma lágrima, mas estava próximo. Depois de ter reunido toda sua força para sair do salão ao lado de seus amados, havia caído em tristeza.    —Aquela explosão dele não pode significar coisa boa.

—Pare de ser tão pessimista, Hobi.   —Ralhou Yoongi, mesmo que não acreditasse e suas próprias palavras. Sabia que ele tinha motivos e o direito de sentir a gravidade da situação, ainda maior que a da Terra.   —Vai dar tudo certo.

—É, eu conheço a minha mãe. No momento que ela nos mandou sair, já sei que estava observando o lado da  situação e tentado o acalmar. Ela sempre fora a água fria dessa família.   —Taehyung, mesmo que afrentasse uma calamidade e sentisse seu coração em frangalhos, ainda assim tentava se manter calmo e com a esperança de que poderia sim casar-se e viver feliz com ambos. 

—Sogrinha não parece ser tão sangue frio quanto aparenta.   —O Min disse enquanto sentava ao lado do ruivo, segurando sua mão, tentando transmitir confiança de um futuro próximo e incerto. Se arrependendo das palavras ditas anteriormente, sussurrou um “desculpa” apenas para o Jung ouvir, recebendo um movimento da cabeça indicando um “deixa pra lá”.

—Acredite, ela é bem mais calculista e falsa do que parece. Quando eu digo que ela “enxergou o lado bom da coisa” me refiro ao financeiro e militar, foi ideia dela o casamento em primeiro lugar, sempre pensando mais nos acordos políticos do que nos sentimentos do próprio filho. Acho que seria frio demais se eu admitisse admirar isso nela, seu coração de gelo e punho de aço á fazem uma líder melhor que meu pai. 

Yoon arqueou as sobrancelhas. Achava curioso como o Kim parecia uma criança inocente e insistia em mostrar esse lado, deixando o adulto crítico que era em segundo plano. 

—A gente pode ir nos estábulos hoje? Eu realmente estou a fim de não pensar em como vai ser o almoço.   —Ambos se surpreenderam, já que quem dera a ideia fora o medroso com fobia de altura.  

—Mas hyung, você não gosta de voar. A última vez foi um desastre. 

—Não precisa me lembrar.   —Riu da própria desgraça. Queria ir lá para fazer carinho na Creme e quem sabe tentar voar mais uma vez, desta vez do jeito correto. Até porque tinha consciência que precisava se distrair e ler, embora lhe proporcionasse um prazer indescritível, duvidava que seria o suficiente para calar sua mente barulhenta.     —Vou só ficar assistindo vocês mesmo.

—É uma boa ideia!  —Exclamou o mais novo, ávido por sentir o vento em seu rosto. De repente, notou o quanto ansiava pelo sentimento de liberdade que voar o proporcionava.   —Vem com a gente, Suga? 

—Não tenho nenhuma ideia melhor de como passar a tarde mesmo.   —Deu de ombros, pra ele tanto faz. Provavelmente seria enxotado do palácio no final daquele dia, ou antes. Doía, é claro que doía. Mas quando você se acostuma com o sofrimento, a mais ou menos não faz tanta diferença quanto antes. Céus, Yoongi só queria voltar á ser criança, brincar de lutinha com o irmão enquanto ainda dava tempo, não ter maiores preocupações além do horário de comer e do banho.

Se levantaram do banquinho onde estavam e caminharam em direção aos estábulos. No caminho, os empregados ficaram se perguntando e sussurrando entre si qual seria o motivo das carrancas de mal humor dos três. Normalmente era comum ver os três andando por aí, felizes, sorridentes como se nem estivessem competindo entre si.

E não estavam, de fato. O que deu origem ao problema. Mas nenhum deles se arrependia, com certeza se amavam e não aceitariam reações negativas disto, lutariam pelo direito de serem felizes que fora negado á eles quando puseram suas coroas forçosamente pela primeira vez, com poucos anos de idade.

Pisaram fora do castelo e dirigiram seus olhares para o céu. Os visitantes se perguntavam se um dia, olhariam a mesma paisagem mais uma vez, ao lado das mesmas pessoinhas maravilhosas. Enquanto isso, aquele que estava enjoado da paisagem, questionava se ela um dia voltaria a ter o mesmo brilho. 

Chegaram e a primeira coisa que Tae fez foi ir atrás de Flecha, que quase quebrou a portinha de seu cubículo para pular no dono.

—Calma, garoto, calma.   —Abriu o fecho e no mesmo momento o grifo amarelo avançou no loiro, o fazendo cair. Graças aos céus que o recinto fora limpo no dia anterior, de modo que não deitada em nada... Desagradável.

Caolho e Yoongi trocaram um olhar cúmplice quando o moreno soltou o grifo. Enquanto isso, Creme conseguiu pular a portinha e também tinha derrubado Hoseok e agora o enchia de lambidas descontroladamente.  

Quando conseguiram tirar Creme de cima do Jung, foram lá fora voar. No começo, o ruivo realmente só ficou assistindo sentadinho ao lado da grifo. Porém realmente ficou com vontade de tentar pelo menos uma vez. 

—Quer tentar, hyung?   —Perguntou o mais novo, ainda de longe, sobrevoando a cabeça dele.

—Quero... Espero que não me arrependa.

Ele então pousou e desmontou do grifo. Foi até Hobi e o ajudou a se sentar devidamente na grifo. Deu-lhe algumas instruções e junto dele começaram a voar, baixo no início e ganhando altitude.

Hoseok não estava com medo, tudo bem que sua pulsação estava á mil entretanto não era medo. Estava vendo o mundo de uma nova perspectiva, de frente com uma nova realidade ; isso o fazia se sentir pequeno e grande ao mesmo tempo. Sentia-se insignificante em meio á imensidão azul e o sol do meio-dia, porém também havia a sensação de grandeza simplesmente por estar ali. Por um momento, esqueceu completamente do que deveria realmente temer. 


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Não haviam almoçado naquele dia. Primeiro porque estava sem fome. Segundo, porque um mordomo, chamado Kai, veio os avisar que os reis estavam resolvendo alguns assuntos e por isso também não comeriam. Decidiram ficar voando pela ilha durante toda a tarde, enquanto tentavam achar respostas em meio as suas mentes embaralhadas sobre qual assunto os adultos estariam tratando.

Seguiram até a sala do jantar abraçados, sentindo um peso em seus ombros. Mas se beijaram antes de realmente entraram e serem fuzilados pelo olhar dos reis, como uma espécie de despedida. 

Desta vez, sentaram-se juntos. Simplesmente não havia mais motivo para viverem separados.

—Filho.    —Chamou a rainha, na metade do jantar, fazendo a comida de repente perder o gosto.   —Os reis de Blomma Falt e Warme Herde querem as visitas de ambos antes do casamento. 

Eles se levantaram, se abraçaram e gritaram sorrindo. Eles realmente iriam se casar? Só poderia ser um sonho!






Continua...



OLHA A ATT XENTY olha eu fiquei muito satisfeita com esse capítulo, espero que tenham gostado tanto quanto eu. As vezes eu volto pra ler os capítulos anteriores    (inclusive tenho vontade de apagar essa fic sempre que leio aquelas merdas) e percebo o quando minha escrita amadureceu, fico feliz com isso.

PS: gostaram da nova capa? Eu não sou muito boa com edição mas curti o resultado

PS2: um dia desses postarei uma shotfic de Jensoo chamada Time Lapse, vocês vão ler?

PS3: vão dar uma olhada no meu rants plz

PS4: happily ever after está na reta final, quando eu postar o penúltimo capítulo vou soltar uma nova longfic de Jikook. Vocês vão ler também? Não darei detalhes agora mas tem a ver com anjos.










Happily Ever After | Taeyoonseok!auUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum