(11) I Like The Sea

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      Seu irmão havia começado a se desintegrar no momento que sua língua finalmente voltara a funcionar.

     —Como?  —Foi tudo que conseguiu soltar, mesmo que sofregamente como se algo o machucasse. E era esta mesma a sensação: garganta seca e uma espécie de peso contra o abdome.

    —Sem tempo para explicar. Mas prometo sanar todas as suas dúvidas quando a hora certa vir.   —Então voltou para o além ou Seja lá onde ele vai depois dessas visitas tão esperadas pelo mais novo.

    Gostaria de chorar contudo ao mesmo tempo que havia motivos de sobra, não havia nenhum para o qual era necessário perder aquela quantidade de água e sal, criando um paradoxo nem um pouco confortável. Primeiro com uma péssima sensação, depois veio a náusea e o mundo girando ao seu redor quando levantou para ir vomitar.

     Crise de pânico, como odiava aqueles sintomas incômodos que em tanto dificultavam sua vida. Baile de gala do qual a existência fora mantida em segredo por seus pais, logo eles, conhecedores de como a reação de Tae à surpresas era um pouco (talvez muito) desastrosa. O que acontece é que nosso príncipe aqui tem um medo -talvez no nosso mundo seja considerado até uma fobia- a coisas que saem fora de seus planos, nem é muito aparente mas esse cara possui um cérebro bem esquematizado -hábito esse conseguido através de falhas e punições severas dos reis- por conta disso quando algo saía de seu controle sua única reação era entrar em choque e depois da ficha cair de que estava perdendo tempo... Entregava-se ao pânico.

    Falhar, perder, esquecer. Todas palavras que deveriam sair de seu vocabulário o mais rápido possível. Todos os verbos que nunca ousaria em realmente se transformar em ações.

    Tudo isso porque fora criado para ser um tirano maligno e sem coração, cujo medo é a principal ferramenta de trabalho e as vidas gastas nos campos de uma forma precária eram apenas consequência. Contudo nem tudo na vida daquela doce criança era assim tão ruim, ao se envolver com aqueles camponeses de coração puro pode adquirir o pouco de empatia para frustrar os planos de seus pais e ser um soberano muito melhor que eles.

    Tae nunca disse em voz alta(nem mesmo se quer sabia que aquele modelo político existia) mas era adepto da democracia. Se ele fosse da patente mais baixa do sistema feudal atual odiaria ser controlado daquela forma, sem ao menos ter o poder de escolha.

    Nem se lembrava de ter jantado, quis nem saber. Aquele bolo de sentimentos preso em seu peito dificultava a respiração que por consequência prejudicava o raciocínio; fome? Se tinha havia sumido em um piscar de olhos. As gotinhas de água salgada ficaram presas em seus olhos como uma espécie de lente de contato feita de materiais nada convencionais. 

     Desistindo de tentar entender o mundo complicado em sua volta, apenas apagou as luzes e deitou-se. O suor frio estava grudado em sua testa, seu coração se apertava sempre que aquela mente sacana tratava de voltar naquele assunto... Neste momento não havia mais casamento arranjado, saudade dos amigos... Apenas o medo constante do maior vilão da história: o futuro, com seu gosto ácido e tortura lenta. 

     Era presumível os pesadelos que ia ter. O mais chocante fora aquele que seus convidados pararam de o esperar e marcharam cada um para sua direção, de repente a cena mudava e nosso loiro tinha que ver seus hyungs matarem um ao outro na sua frente. Era uma cena horrível, ambos usavam ternos funerários como se já estivessem esperando a morte, a espada de Yoongi mirava um ponto um pouco acima do umbigo de Hoseok, enquanto a espada de Hoseok acertaria a costela direita do mais baixo (acertando em cheio o pulmão).

     Taehyung gritou, de nada adiantou. As armas acertaram seus alvos. Yoongi, cujo ferimento fora talvez o mais sério, tossiu uma quantidade considerável de sangue cujas algumas gotas mancharam o rosto -outrora de feições tão angélicas agora demoníacas- de seu oponente. Jung fez uma careta de dor. O restante da cena foi igualmente horrendo, suas mãos afrouxaram e os corpos caíram um contra o outro fazendo as armas afundarem ainda mais em seus corpos; o sangue formando manchas escarlate ao redor da ferida.

     A pior parte foi que aqueles olhos brilhantes e cheios de raiva aos poucos se tornaram globos vítreos e mortos, encarando-o.

    Acordou de sobressalto, seu coração parecia socar o interior de sua caixa torácica querendo irromper para fora. O pequeno surto de adrenalina misturado com o movimento repentino causou  uma dor de cabeça de curto período. 

     Teve a vista invadida pela luz que adentrava as janelas que esquecera de fechar na noite passada, pelo visto o dia estava planejando lhe dar uma série  de pequenos grandes incômodos de presente APENAS pra melhorar seu estado atual. A vontade de deitar e tentar recuperar o sono passou quando sua barriga roncou com a força de vinte leões. 

     Venceu o mal estar, fez suas higienes — mesmo que de má vontade, trocou de roupa —quase caindo mas trocou e foi pra luta. Se surpreendeu por suas pernas não doerem.

    Quando encarou por alguns segundos além do normal as figuras de seus pretendentes, uma onda de alívio roubou o lugar da preocupação e dos problemas. Eles estavam lá, respirando, corpos quentes e órgãos trabalhando. Se ainda havia coisas para resolver preferiu deixar para cada dia sua dor.  Comeu seu mingau com mel tentando desviar o olhar...

    Por que estava tão feliz por ver aqueles dois? Não era algo como ver um amigo querido, era algo a mais. Mas ele não entendia o algo a mais. 

     Os reis haviam saído fazia um tempo, deixando os meninos sozinhos.

     —Está tudo bem?  —Yoongi perguntou olhando bem nos olhos do mais novo, como se tentasse descobrir o motivo sozinho.

     —Sim... —Desviou os olhos, fazendo Suga apertar seus olhos já pequenos. Tinha alguma coisa estranha com ele.

     —Sabe que pode contar conosco para tudo né?  —Hoseok, que já havia saído de seu lugar habitual para se sentar ao lado do loiro, colocou sua mão no ombro dele e abriu um de seus sorrisos radiantes. 

     Foi impossível não retribuir quando o olhou, fazendo seu coração derreter. Aquele ruivo tinha o poder de fazer qualquer pessoa se abrir para ele, não sei se era por causa de sua beleza, olhos calmos ou aquele maldito sorriso... Mas Taehyung viu ali uma dose de sinceridade que quase abriu a boca para desabafar todos os seus problemas. Enquanto se assentia com a cabeça, dizendo que contava sim com eles, o moreno baixinho sentou-se a sua direita, enquanto ainda estava distraído, entrelaçando sua mão na de seu dongsaeng. Tae acariciou com os dedos a mão branca que lhe passava um pouco de segurança. 

     —Vem Tae. Vamos tentar achar algo pra fazer.  —Jung levanta, soltando o ombro do mais novo e tomando a iniciativa de começar o dia. Min solta sua mão  e vai no encalço do outro. 

      Nosso príncipe demorou um pouco para levantar, se tocando que estava atrasado por ficar encarando aqueles dois apenas quando pararam no batente da porta e o esperaram seguir caminho. Ele andou apressado até eles dando um abraço, envolvendo os corpos dos dois com seus braços, soltando um sorriso quadrado de acompanhamento.

     Ficaram surpresos com a demonstração de carinho assim tão repentina, mas souberam com aquele gesto o tanto que eram queridos pelo companheiro. Ah, não imaginavam o quanto.

    


     ~~ \(•u•)/ ~~



        Os convidados estava fartos de ficarem presos naquele castelo, embora o príncipe daquela terra cismasse em continuar ali dizendo que o resto da pequena ilha era tão entediante quanto o palácio enorme e vazio, queriam porque queriam sair dali.

      —Mas não tem nada! Só duas cidadezinhas e praias.

      —Cidadezinhas que só vimos de cima, né Hobi?  —Lançou um olhar para ele em busca de apoio.

       —Claro!

        —Tá bom... Já que querem tanto, vou apresenta-lhes High Hills e Low Hills.  —Falou bufando, indo em direção ao portão principal.

        Pelo incrível que pareça, saíram do alcance do castelo sem dificuldades, para ser bem sincera... Taetae queria ser impedido de sair apenas para ser poupado de encontrar, mesmo que de longe, aqueles que outrora chamara de amigos. Não queria ter o interior remoendo de saudades, muito menos controlar o impulso que teria de os abraçar e dizer o quanto a presença deles vazia falta, como queria retomar aquelas noites fora da lei com conversas igualmente proibidas. 

     Todavia esse não fora o caso, por isso estavam os três vagando além dos muros cinzas e sem vida, para a primeira aldeia. Era possível ver uma plaquinha de madeira antiga com letras desgastadas de nanquim os dizeres “High Hills”, o vilarejo onde seus amigos moravam.  Já estava começando o final da tarde (haviam gastado muito tempo discutindo sobre o que fariam nessa tarde, ao ponto de gastarem a tarde toda na discussão) e por isso o céu estava tingido de tons róseos e alaranjados, as nuvens estavam todas espalhadas formando linhas brancas, as casinhas humildes de cores apagadas ganhavam um brilho casto do sol cansado que até parecia fazer  a pobreza bela; porém quem olhava mais de perto através das janelas de vidro fino, observando os residentes cansados se queixando das dores em diversos pontos do corpo, veria que na verdade os sortudos com seus corpos saudáveis, barrigas cheias e bolsos repletos de ouro eram aqueles de sangue azul. 

    Taehyung estava parando de tremer temendo que algum conhecido o visse e quase chegando na divisa das cidades quando andando de mãos dadas com seu namorado, viu Jeon Jungkook e Park Jimin mais a frente. Seu sangue gelou quando Jiminnie, que sorria ao conversar com o mais alto ao seu lado, parou de sorrir ao cruzar o olhar com vossa majestade. Como de costume ao se aproximarem mais curvaram-se, Kook estava indo bem ao esconder que apenas conhecia um daqueles nobres em específico apenas de vista mas o mesmo não podia ser dito de Jimin, que saiu dali visivelmente com estado de espírito alterado. 

     —Conhece ele?    —Hobi pergunta levantando uma das sobrancelhas.

     —Puff...claro que não!   —Deu de ombros.

     —Então por que ele parecia tão surpreso?

     —Talvez porque a família real nem chega perto dos camponeses? Porque não é do feitio da nação ver o filho daqueles que transformavam suas vidas em uma única jornada de trabalho cujas férias é a própria morte andando entre eles? Pelo simples motivo de que nós, os monarcas, usamos o suor deles para construir nossos castelos para vivermos isolados protegidos da fome, das pestes e principalmente do cansaço?

      Foi perceber a gravidade das palavras que tinha proferido quando encontrou Hoseok surpreso e um Yoongi... assustado?. Tinha acabado de fazer uma crítica direta ao sistema político atual bem em frente a dois caras que se beneficiavam dele.

     —Ah... Okay.  —Disse desfazendo a careta assustada. 

      Continuaram o passeio calados, olhando de vez em quando os aldeões fecharem suas janelas para se protegerem do frio da noite, cortaram a primeira cidade indo em direção à praia. O loiro estava mergulhado em nostalgia, aquele caminho tão familiar lhe trazia lembranças boas e amargas. 

    Chegando lá se depararam com o mar, a lua cheia e areia branquinha e fina. Fizeram questão de sentar ali para observar o belo luar. A cena era muito bela, a luz das estrelas refletia na água formando pontinhos luminosos em sua superfície, as ondas batiam nas rochas amarronzadas e voltavam de volta ao mar; as partículas de sal acariciavam suas peles e deixavam um toque salgado em seus lábios.

     Do nada Yoongi pega na mão de Hobi e o leva para o mar.

    —Suga? O que está fazendo?  —Ele estava assustado, porém sorria bobo ao ver sua mão com aquela delicada.

    —Me divertindo, Rato de Biblioteca!  —O apelido fez o arruivado dar a língua, apenas aumentando seu divertimento.

    O Min que nesse dia estava usando roupas masculinas nem ligou de estar molhando a barra de sua calça, nem seus sapatos, começando a jogar água no mais alto. Porém Hobi era mais esperto, acertando o outro com sequências de chutes no mar fazendo muita água cair sobre ele.

     —Tá esperando um convite formal? Vem logo! 

     Sem pensar duas vezes, foi até eles jogando água salgada neles. Se divertiram bastante até a barriga roncar. 

     Estavam voltando para o castelo até que ele viu... Namjoon, Jimin e Jungkook andando até o aglomerado de rochas em que costumavam se encontrar, fazendo o coração doer. Nenhum deles tinha o visto.

    Ele queria tanto falar com eles novamente.








Continua....




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Querem especial? É só pedir que eu faço
Amo vocês <3 obrigado pelo apoio e carinho de sempre.

Gente desculpa o atraso, estava com bloqueio criativo ;-;

     



Gente desculpa o atraso, estava com bloqueio criativo ;-; 

     

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Happily Ever After | Taeyoonseok!auWhere stories live. Discover now