66- MONSTER

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"Quanta tristeza há nesta vida
Só incerteza...Só despedida
Amar é triste;
O que é que existe? O amor... E as lembranças de um monstro!"

                                                                      ~🎵~🎵~

Depois que o vídeo terminou todos na catedral de Saint Louise se emocionaram e deram suas salvas de palmas. Muitos choravam,outros prestavam suas falsas condolências alguns até fingiam se importar com o sofrimento dos pais de Luigi só por serem grandes empresários locais. Foi neste momento que me dei conta do quanto as pessoas podiam ser falsas e hipócritas umas com as outras, e aquilo me sufocava mais do que tudo, e eu  dava graças a Deus por Luigi não estar ali  pra ver aquilo. Ele com certeza odiaria todo aquele  teatro.
Após todos os discursos fúnebres, cada um teria o direito de se aproximar do caixão e deixar uma rosa dentro como homenagem a Luigi, visto que a polícia ainda não havia encontrado o corpo.
Como eu tinha sido a primeira, era de se esperar que também fosse a primeira a deixar minha rosa de homenagem. Então eu me levantei de onde estava e caminhei devagar até o caixão  vazio que era pra carregar o corpo de Luigi, com os olhos marejados eu me inclino para deixar minha rosa] e pra minha infelicidade vejo folhas de papel manuscrito já gastas espalhadas pelo caixão. Meu coração gelou, por que eu reconhecia aquelas folhas... conhecia aquelas letras... todas elas eram DO MEU PAI!

Me Esparrei pelo caixão fingindo estar mais abalada do que o normal, pisquei para Thomaz que sem entender direito foi ao meu encalço impedindo que os pais de Luigi se aproximassem. Quando ele chegou perto do caixão indiquei com a cabeça as folhas dentro, e ele de imediato entendeu que eu estava encenando e que precisávamos contracenar bem  para conseguir pegar as folhas sem que ninguém visse. Ele me abraçou com uma das mãos e rapidamente com a outra mão ele foi pegando as folhas ao seu alcance e enfiando na manga de seu casaco. Imitando seus gestos eu fiz o mesmo tentando ser mais rápida o possível pra não levantar suspeitas. Depois de ter pego todos os manuscritos, Thomaz me segura pela cintura fingindo me levantar e nos direcionamos para fora do autar.
Nos sentamos na fileira da frente e esperamos até que todos fizessem suas homenagens, em seguida o Padre Froid proferiu algumas palavras de despedida e nós saímos da igreja sem falar com ninguém.
Ficamos presos no carro que estava estacionado nos fundos da catedral, retirando dos bolsos de nossos casacos os manuscritos que pegamos do caixão de Luigi. Thomaz me encara curioso e pega uma das folhas analisando-as como uma criança que acabara de receber um presente...

- As folhas... as letras...elas eram do meu pai - digo por fim quebrando um pouco da curiosidade de Thomaz - ele tinha um diário com esse tipo especial de folhas que nem eu nem minha mãe podíamos tocar. A letra eu reconheci do nosso livro de recordações, todo ano meu pai escrevia um livro com nossas melhores fotos e nossos melhores momentos em forma de história. - digo me lembrando daquilo como se fosse o agora - Eu não sei como o assassino teve acesso ao antigo diário de meu pai, mas sei de duas coisas Thomaz - ele me encara novamente  intrigado - A primeira é que posso finalmente descobrir os segredos obscuros que meu pai escondia, e a segunda é que o assassino (a) esteve aqui para colocar as folhas no caixão.

- Você não está pensando o mesmo que eu está?

- Sim! ele ou ela teve que assinar a lista de convidados para entrar na catedral, o que significa que nosso assassino está lá naquela lista Thomaz!

- Se conseguirmos a lista conseguimos o nome do assassino! -ele grita eufórico - Você é um gênio Amy... - Thomaz se inclina até mim e me beija. Algo dentro de mim queria resistir por Logan, mas a outra parte queria muito aquele beijo então eu apenas me deixei levar. - me desculpa... - Tomaz se afasta envergonhado - eu não deveria ter feito isso, me desculpa mesmo Amy!

- Thomaz está tudo bem - coloco uma de minhas mãos em seu antebraço - eu precisava disso e fico feliz que tenha sido com você. - me aproximo dele e com as mãos  em seu rosto eu retribuo o beijo.

- Bom agora precisamos voltar o trabalho...- ele segura meu rosto carinhosamente e cochicha olhando direto em meus olhos - Eu vou te levar até o chalé para você ler os manuscritos de seu pai com um pouco de privacidade e depois vou voltar para cidade e pegar a lista ok?

- Ok! Mas não precisa me levar até o chalé Thomaz, prefiro que me leve até o cais, meus pais me levavam lá quando criança e se tem um bom local para eu desvendar toda verdade este lugar é lá!

- Eu não concordo muito com essa ideia mas se vai te fazer melhor eu vou te ajudar. Mas, vou deixar a chave do carro com você pra você conseguir voltar em segurança ok?

Concordei com Thomaz só depois que ele me prometeu que voltaria para o chalé com o policial Oscar.
Assim que ele me deixou no cais eu me sentei no chão de madeira e fiquei admirando a paisagem por um pouco. Depois de um tempo eu retirei os manuscritos do bolso e comecei a alinhá-los em ordem cronológica. Cinco minutos depois de tentar ajustar as datas, eu consegui uma ordem de acontecimentos que pareciam confissões desesperadoras em letras distorcidas.

A primeira vista achei que o que eu estava prestes a fazer era errado

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A primeira vista achei que o que eu estava prestes a fazer era errado... ele era meu pai e estava morto, e eu estava prestes a quebrar o resto de privacidade dele por ler seu diário... mas então me dei conta de que ele tinha segredos que matavam as pessoas e eu precisava tentar deter esse mal, descobrir qual era a verdade, e qual era este segredo mortal. Então, depois de respirar fundo e criar a coragem necessária, eu comecei a devorar as palavras, os segredos, e as monstruosidades que meu pai havia escrito e feito...

"Não consigo olhar Amy depois do que fiz á Milly ontem. Ela gritava pela mãe mais eu não conseguia controlar o impulso, a vontade e o desejo. Ela foi mais rápida que as outras mas como ela tinha um rosto angelical que me aprisionava..."

A cada palavra que eu lia eu chorava mais e sentia como se uma pedra estivesse esmagando meu peito. Meu pai era um monstro e ele não só cometia suas atrocidades como também as descrevia como se aquilo tudo fosse certo e normal. O último que eu apanhei foi uma intrigante, o mais chocante e o que mais me causou repulsa...

"Todas as noites quando entro no seu quarto eu  me sinto vivo novamente, ooo minha doce CHEYENNE, como é bom controlar você, minha preferida e a mais bela de todas as crianças. Você pensa em mim como o monstro de todas suas noites e eu a vejo como a libertação de minhas ânsias. Sempre carregarei você comigo, e sempre estarei por perto por quê você é MINHA! Minha doce e meiga CHEYENNE"

Juntei todos os manuscritos e aos prantos eu sai correndo até o carro. Cheguei no Chalé e liguei a lareira, e com todos os manuscritos em mãos, eu os joguei no fogo e os assisti queimar até que virassem cinzas. Me deitei ali mesmo e deixei-me dominar pelas lágrimas, então matei meu pai em me coração, porque aquele não era O MEU pai, aquele era o meu MONSTRO!

O REGRESSO DE AMY ( Em Revisão )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora