9.Laura

36 10 3
                                    

"Ela é minha noiva"

As palavras dele não saiam da sua cabeça, elas não deviam incomodar tanto quanto incomodou, o cheiro dele era uma lembrança tão clara que podia senti-lo em todos os lugares e isso não podia acontecer.

"Ele vai se casar."

-Senhorita Laura- a secretaria do diretor vinha na direção de sua mesa, uma moça esquia com cabelos presos em um coque e terninho verde musgos maiores que ela- O senhor Grifilim solicita sua presença na sala dele, pode me acompanhar?

Ela soltou o ar dos pulmões e deixou os ombros caírem, não teve tempo de se lembrar que havia colocado fogo nas roupas de Sofia e com certeza o senhor Grifilim não ia deixar barato seu pequeno ato de rebeldia.

Ela andou em silencio até a sala do diretor, anos ali com Sofia as levaram a muitas visitas há sala dele, uma das poucas salas ativas na torre é a do diretor, depois de quatro levas de escadas a terceira sala há direita, em um porta de madeira escura com um pequeno arranhão na lateral dela, lá dentro uma mesa imponente de mogno sempre bem organizada e no fundo uma janela grande e medieval e na frente da mesa três cadeiras há frente e um sofá atrás da porta e uma escultura de barro há sua direita, ela conhece bem aquela sala.

Atrás da mesa o senhor Grifilim usava seu terno cinza e gravata preta suas mãos estavam entrelaçadas e os cotovelos sob a mesa, sua postura ereta e sua pele escura a cabeça raspada reluzente assustam os alunos menos experientes, mas ela já estava habituada com o olhar assassino dele.

-Não da dizer que é um prazer em vê-la não é senhorita Meireles– disse o diretor, cada palavra um pouco forçada -Nem o habitual há quanto tempo eu não te vejo se encaixa na sua situação, e tão engraçado que eu não preciso da uma volta na instituição para encontrar a senhorita, de uma maneira ou de outra a sua presença preenche um espaço na minha agenda pelo menos uma vez por semana.

- E bom ver o senhor também – ela disse com desdém, se esparramando na cadeira central, tinha que admitir que ele estava de ótimo humor, a sua ficha nem estava esparramada na mesa para ele ler parte dos seus feitos desde que chegou.

-O mais engraçado e que eu cheguei a pensar que a senhorita Dias que era a má influencia- ele fez uma pausa, na esperança que ela dissesse algo para ele usar mas ela continuou em silencio pois já conhecia bem aquele jogo, "cada palavra pode e será usada conta você no tribunal" Ele depois prosseguiu - como já usei muitas técnicas de disciplina com a senhorita vamos tentar algo novo.

-Hã?- aquilo não podia ser algo bom – eu posso explicar o que houve, eu só estava aquecendo um pouco há entrada do meu quarto enquanto a moça limpava o quarto o senhor não ia querer que eu congelasse ou pegasse um resfriado.

-Eu imagino senhorita- o sarcasmo dele chegava a causar vontade de rir- estou certo que foi isso que houve, e pra evitar que a senhorita se depare com uma situação dessas novamente eu designei um aluno monitor pra te auxiliar.

-Oi? E isso existe?

-O senhor Neylon Bronfrier, é filho de um grande parceiro da instituição e aceitou me ajudar com o seu caso – ele levantou o queixou para indicar o sofá atrás da porta que ate então ela não tinha se atentado a olhar.

Laura virou e viu sentado no sofá o cara do boné, embora sem o boné, com uma camisa de linho cinza os cabelos soltos de um loiro cinza bem cuidado em um corte moderno e cumprido, o cabelo caia pro lado, com um sorriso de tirar o folego, com certeza ele era do tipo que arrancava suspiros por onde passava, mas naquele momento a vontade dela era de tirar aquele sorriso com um tapa bem dado.

- E eu pensando que não tinha como meu dia ficar pior- ela voltou a se esparramar na cadeira.

- A intenção e que você não piore o meu dia- sua voz tinha um toque de humor- Como o curso dele tem a mesma grade horaria que a sua, eu pedi que ficasse de olho em você e me informasse se visse algo suspeito, e algo bem simples pra falar a verdade.

A cidade dos vagalumes (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora