Mas naquela sexta-feira eu não os vi quando cheguei, para meu alívio eles não estavam lá. Aquele garoto que veio comigo no ônibus era da minha sala, e não sei como não notei ele, nem na aula, nem no ônibus. Mas dessa vez, eu pude vê-lo, ele sentava no fundo, no canto contrário a porta, e eu sentava na mesma fileira que ele, porém na primeira carteira, acho que foi por isso que eu não o via.

Lembro-me que era uma aula chata e entediante, e o pior e que eu havia entrado no meio do ano, não tinha amigos, nem nada do tipo ainda, mas eu nem imaginava que aquele garoto seria meu melhor amigo no futuro, não só ele, como outras pessoas também.

No intervalo, pude perceber que ele não era do tipo excluído, mas sim estava sempre junto a uma garota e um garoto, eles eram um pequeno grupo, e queriam que eu fizesse parte também. Eles sempre estavam me olhando e falando algo entre eles, no início, eu achei que fosse deboche, mas depois e que eu fui saber o que eles falavam, realmente, me queriam no grupo.

Pulando essa parte chata, em que eles se aproximaram e conquistaram minha confiança, nós já éramos amigos inseparáveis, nós quatro. A garota se chamava Yui, ele se chamava Mikaela, ele detestava esse nome, por isso o chamávamos de Mika, e o outro se chamara Zero, tipo o nome dele era esse mesmo.

Um tempo se passou e chegou em um dia ruim, um dia que ficou nublado o tempo todo, abrindo somente a noite, esbanjando estrelas e uma Lua Cheia. Não havia lobos nas proximidades, acho que em lugar nenhum do Japão, mas havia uma outra coisa: vampiros.

Não sabíamos, mas uma família de sanguinários estava se mudando para o nosso vilarejo e nós vimos. Eu e meus amigos estávamos na casa do Yui, quando ouvimos um barulho de carro. A casa estava vazia, só estávamos nós, os pais dele ainda iam chegar do trabalho. Curiosos como éramos, fomos ver, e quando saímos, vimos um carro preto, com vidros da mesma cor, que impossibilitavam que víssemos quem estava dentro.

Ele seguia devagar, em direção a uma mansão garrada a uma montanha. Sim o "meio do nada" ficava em um pico alto, e a montanha cercava a vila, tendo somente uma entrada em forma de V, onde passava a estrada principal. Opondo a lógica, o local mesmo assim era quente, aquele vilarejo era todo estranho, desde os moradores até suas características geográficas.

Aquela casa estava inabitada a muitos anos, pelo que os moradores diziam. Eles achavam que a mansão era assombrada, e tinham medo até de aproximar. Talvez por causa da arquitetura vitoriana que contrariava as casas da vila. Aquela casa era antiga, muito antiga, mas inexplicavelmente conservada.

E eles estavam indo para lá, e nós, curiosos fomos ver quem eram, assim como dar as boas-vindas. Idiota/clichê, "uma família estranha se muda pra uma casa e os trouxas vão lá, levar bolo e ver os vampiros bonitões que em seguida serão seus amantes". Heigi fingiu tossir, sua crítica fez Letícia gargalhar. Mas no nosso caso, estávamos loucos para conhecer alguém diferente do que os moradores enxeridos daquele lugar. Ah! E não tínhamos um bolo.

Seguimos caminhando, imaginando como seriam os novos moradores. A casa ficava longe, mas a estrada principal por algum motivo ia diretamente para aquela casa. E as ruas comuns eram conectadas a estrada principal, se revezando entre ruas paralelas e meridianas, formando os poucos quarteirões que havia naquela bosta de vila.

Nos aproximamos, eles estavam tirando as malas. Percebemos que eles usavam roupas diferentes... agora reconheceria como roupas da nobreza. Hoje eu entendo por que vampiros usam tanto essa roupa, mas naquela época, quando descobri o que eles eram, eu achava que era só uma "moda" sei lá.

Anjos do AnoitecerWhere stories live. Discover now