— Como espera que eu coma agora? — disse Nelson em um sussurro apressado, pegando a banana da mão de Cris. O rosto dele ficou vermelho de novo enquanto encarava a fruta. Sob o sorriso e olhar do assistente, ele colocou a banana de lado e a mordiscou. — Não achei que arrumaria alguém mais mandão que minha ex — murmurou entre as mordidas.

— Obrigado. — O sorriso de Cris aumentou.

— Não foi um elogio. Muito longe disso.

— Aceitarei como um, de todo jeito.

Nelson abriu a boca para responder, mas então desistiu no meio do processo, soltando um suspiro que se transformou em sorriso. Antes que percebesse, comera metade da fruta.

— Estou com tanta inveja dessa banana.

— Quer o resto? — perguntou Nelson, oferecendo a última parte.

— Na verdade, quero a sua outra banana. — Cris mostrou um sorriso malicioso e se inclinou para mais perto do ouvido de Nelson. — A oferta do boquete ainda está de pé — sussurrou.

Nelson tossiu. Cris riu e deu tapinhas nas costas dele.

— Como você pode dizer coisas embaraçosas assim em público? — disse em voz baixa e preocupada, olhando em volta para ver se alguém escutara. Quando percebeu que ninguém olhava, ele suspirou aliviado.

— Tem razão. — Cris cerrou os olhos e olhou em volta também. — Essas coisas são melhores feitas entre quatro paredes. Ou dentro de um banheiro. Na verdade, qualquer lugar com uma tranca tá de boa. Embora devo admitir que a ideia de ser pego me deixa um pouco excitado, não quero que roubem minhas técnicas. Foi muito trabalho, suor e joelhos ralados para chegar no meu nível.

Nelson ficou vermelho e tossiu de novo. Quando parou, se inclinou para mais perto de Cris para que apenas o assistente pudesse ouvir.

— E... que nível é esse? — perguntou em voz baixa.

O sorriso de Cris ficou ainda mais malicioso.

— Um que faz até o mais hétero dos homens esquecer qualquer mulher e implorar para um gostinho da minha boca de novo.

O rosto de Nelson ficou com uma tonalidade alarmante de vermelho enquanto ele arregalava os olhos. Cris olhou para baixo. O nadador fez o mesmo, só para notar que havia um volume em suas calças. Ele tentou esconder, mas o resto da banana em suas mãos não ajudou.

— Como consegue dizer isso pra um cara que não transa a meses? — Mesmo nessa situação, Nelson não se esqueceu de manter a voz baixa.

— Se quiser, podemos ir para o banheiro agora. Dou um jeito nisso. — Cris acariciou o volume, fazendo-o crescer ainda mais. — E vai ser o melhor da sua vida. Posso garantir. Nenhum homem jamais reclamou.

A respiração de Nelson ficou curta. Seu rosto estava ainda mais vermelho enquanto ele verificava se ninguém realmente escutava a conversa deles.

— Eu... Eu... Se... Se eu concordar... isso não deixaria as coisas estranhas entre a gente? Como eu ia poder... te olhar no rosto depois...

— Não tem motivo para as coisas ficarem estranhas. A menos que nós arrumemos um — disse Cris, olhando nos olhos de Nelson.

— Que tipo de assistente é você?

— Um que faria várias coisas pra ajudar. Até algo desse tipo.

Nelson olhou para aqueles olhos, sua respiração ficou mais rápida enquanto considerava a oferta.

— Eu... que tipo de cara eu seria se aceitasse algo assim? — perguntou, engolindo em seco.

— Um que ganharia o melhor boquete da vida — respondeu Cris. — Vamos lá. Você não pode fazer o exame com a barraca armada.

— Exame? — Nelson repetiu as palavras lentamente. Então piscou, olhou em volta e arregalou os olhos como se de repente lembrasse de onde estava. Com o rosto vermelho, ele virou-se para Cris e então riu. Ele cobriu a boca com a mão, mas era tarde demais. Todos já olhavam para ele.

Cris não conseguiu conter o sorriso ouvindo aquela risada, apesar de se sentir rejeitado pelo volume que diminuíra. Ele suspirou e inclinou-se de volta no assento.

— Ah, ah. Não posso acreditar que tem um cara que riria de uma oferta das minhas habilidades.

— Foi mal. É só que... me lembrei do nada de onde estamos e do que estamos esperando. Não tive como. Da última vez, fiquei tão nervoso que mal consegui manter a comida dentro. Infelizmente, não consegui controlar o intestino. Ia no banheiro, tipo, a cada cinco minutos. Agora... veja só o que estou considerando. Graças a você, esqueci que estava no hospital. Estou realmente feliz que esteja aqui comigo. Valeu — disse Nelson, olhando nos olhos de Cris com um sorriso genuíno.

Cris arregalou os olhos e desviou o olhar, vermelho. Apesar de sua vergonha, ele sorriu.

— E sou eu quem fala as coisas embaraçosas — ele murmurou. Depois, suspirou e disse com a voz normal: — Estou feliz que tenha me chamado também.

O silêncio se estendeu entre os dois enquanto Nelson terminava a fruta. Ele jogou a casca na lixeira e sentou de novo, olhando para os dedos.

— Eu quase ia aceitar. Nunca tive um, sabe — disse Nelson em voz baixa, depois de um tempo.

— Quê? — Cris soou mais chocado do que deveria. — Sério? Nunca, nunquinha?

— Bom... pra ser sincero, teve uma vez, mas eu prefiro não comentar. Foi... horrível. Uma das minhas exs acabou engasgando, embora eu tenha avisado que estava vindo. Ela acabou... mordendo meu... sabe...

Cris riu.

— Eu nunca faria algo assim! — Ele riu mais. — Não acredito. Coitadinho, você nunca teve um então. Na próxima, eu vou escolher um lugar melhor e oferecer minha boquinha. Aí não terá desculpa pra recusar.

— Eu... não tem como eu recusar de novo... — murmurou ele e ficou vermelho enquanto engolia em seco. Então balançou a cabeça. — Você não disse que não ia me provocar assim? Que ia me ajudar e tudo mais? Se ficar falando essas... coisas, não tem como eu conseguir me concentrar na natação!

— Isso não tem nada a ver com meu trabalho. É só... como posso explicar? Um homem ajudando outro a relaxar. Sim, isso mesmo. Apenas eu oferecendo uma mão, mas com minha boca. Não deve ter motivo para se sentir mal depois.

— Como eu conseguiria olhar você no rosto se fizesse algo assim?

— Já disse, só será desconfortável se você deixar. Eu já fiz isso antes e a única parte desconfortável era que os caras não paravam de pedir mais — disse Cris, orgulhoso.

— Ahãm, bom... não tem como eu te olhar no rosto sem lembrar. Infelizmente, sou esse tipo de cara.

— Pois é, tô ligado. Você é um cara genuinamente legal que qualquer um daria sorte de ter — disse Cris com um sorriso genuíno.

O nadador ficou vermelho e desviou o olhar. O silêncio dessa vez foi desconfortável de outra forma. Mas, antes que se estendesse, a recepcionista chamou o nome dele.

Ele se virou para a porta dupla nos fundos, mas não levantou. Ele ficou no assento por um instante, respirando fundo e lentamente enquanto o tempo passava. Não havia nada do clima de antes.

— Nelson... — Cris tocou seu braço. — Estou aqui com você — sussurrou.

O nadador engoliu em seco e tirou os olhos das portas duplas. Ele olhou para o assistente, quem assentiu, assegurando-o. Nelson assentiu também, embora quase não parecesse, dado seu pescoço duro.

Crislevantou-se primeiro, oferecendo a mão para Nelson. O nadador aceitou. Comalguma dificuldade, ele se levantou e os dois caminharam até a recepção juntos.    

O nadador e o assistenteWhere stories live. Discover now