A mulher saiu do quarto com o telefone em punho, ela sabia exatamente onde e com quem a filha estava desde o dia anterior, ligou cobrando o aparecimento imediato de Débora naquele hospital.

Dentro do quarto o médico avaliou que o estado do menino ainda inspirava cuidados.

- Existe alguma expectativa de alta doutor? - Perguntou o pai do menino ainda preocupado.
- Como eu disse Senhor, o estado dele inspira cuidados, ainda não podemos adiantar nada, mas algo importante já aconteceu, ele acordou bem animado, diferente de como ele chegou ontem.
- Bom qualquer novidade por favor me informe.
- Eu só peço que não fiquem tantas pessoas no quarto como agora, isso não é bom para o menino.
- Tudo bem, vou resolver isso.

Quando a sogra voltou ao quarto, Alex pediu a Benício que o acompanhasse num café da manhã. O rapaz tentou recusar, mas tendo a limitação de poucas pessoas no quarto acabou aceitando se separar do menino naquele momento.

- Quando você quiser ir embora me avise que te levo.
- Claro que não, eu pego um ônibus, você precisa estar aqui para qualquer novidade com o Julinho. Eu também não penso em ir embora tão cedo, quero matar a saudade que estava sentindo dele.
- Saudade essa que você nunca mais vai precisar sentir se decidir aceitar o meu apelo para que volte a viver conosco.
- Por favor Alex, acho que esse não é o melhor momento para conversarmos sobre isso. Talvez seja melhor deixar as coisas como estão, eu ficaria muito frustrado se tivesse que passar por isso novamente.
- E não vai, eu prometo.
- Eu não sei, eu sinto muita falta do pouco tempo que passei com vocês, mas fico incomodado com a lembrança de você tentando me agredir.
- Eu sinto muito, muito mesmo. Mas se for por dinheiro eu posso ajustar o seu pagamento, melhorar o seu salário, ver a questão das folgas e essas paradas.

Ben pegou o celular no bolso e começou a mexer na tela, procurando algo que deixou o policial confuso.

- Pronto, esse aqui é o meu extrato bancário.
- Rapaz, você não precisa me mostrar isso, é algo muito particular.
- Mostrei porque preciso que entenda que em nenhum momento estive na sua casa por dinheiro, eu na verdade não vou precisar pelo próximo ano segundo minhas economias. Nunca foi por dinheiro, foi pela solidão, pelo desejo de ter novamente uma família por perto, pessoas para poder partilhar sonhos e desejos, para cuidar e ser cuidado. E vocês me proporcionaram isso, ao seu modo me fizeram feliz, mas...
- Eu estraguei com a porra toda.
- Você estragou com a porra toda. Mas eu reconheço os seus esforços, sei que não deve estar sendo fácil engolir o orgulho e insistir para que eu volte.
- É incrível como você é maduro, você tem idade sei lá para ser meu filho e tem uma cabeça muito melhor que a minha.
- Agora o senhor está me chamando de velho?
- Chamei sim- Brincou Alex.

Terminado o café da manhã, Ben e Alex voltaram ao andar onde Julinho estava internado.

- Vou pedir agora para que Dona Bárbara e Seu Júlio esperem do lado de fora enquanto você fala com o Julinho.
- Beleza, enquanto isso eu vou ao banheiro rapidinho.
- Valeu

Enquanto o policial entrou para avisar que o tempo de visita dos sogros ao filho deveria ser interrompido momentaneamente para a entrada de Benício, o babá seguiu até o banheiro.

Por lá acabou por tentar limpar os dentes e lavar a boca, não tinha levado escova nem pasta de dente ao hospital. Ao ensaiar uma saída do lugar foi surpreendido ao ver uma discussão de Bárbara e Débora no corredor.

- Eu quero saber até quando Débora? Até quando você vai ficar levando essa vida dupla.?
- Até quando eu tiver vontade, tiver desejo, tiver tesão. Confesso que tenho adorado toda a adrenalina envolvida nisso tudo.
- Filha, me ajude a acreditar que de fato você não enlouqueceu. Ter um caso extraconjugal não é absurdo, o próprio Tubarão já teve, seu pai também, mas ter dois amantes ao mesmo tempo é algo complexo demais para minha cabeça.
- Esse é o novo mundo Dona Bárbara, o meu novo mundo.
- E o seu filho, onde entra nesse mundo Débora? O garoto está internado desde ontem e só agora você deu as caras. E não me venha com essa história de hospital que eu sei muito bem onde você estava.
- O meu filho é um problema que corresponde só a mim, na verdade um grande problema mesmo, algo que eu não quis até o último momento, que veio através de um descuido para definitivamente infernizar a minha vida e que poderia me trazer paz morrendo agora, mas já soube que está se recuperando. Sobre ontem, eu estava numa pousada deliciosa em Petrópolis, fazendo você sabe o que.
- Isso não vai prestar, o Tubarão vai descobrir o que está fazendo e vai acabar com você minha filha, eu não quero receber uma notícia de que você foi vítima de um crime passional, eu não vou suportar.
- Aí mãe, por favor, controla o seu drama. Eu não vou ser vítima de crime algum, eles podem até estar em maior número, mas eu sou mais esperta que os três juntos. E o próprio Tubarão não vai viver tanto tempo para descobrir essa história.
- O que você está falando? Você fala de morte para o seu filho e seu marido, o que você está pensando Débora? - Questionou chocada.
- Do jeito que policiais morrem nessa cidade, não vai demorar muito para eu me tornar a nova viuvinha.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Where stories live. Discover now