— Apoiado! – Mô brindou com a irmã mais uma dose de tequila, fazendo cara azeda uma vez que a bebida desceu pela sua garganta.
Os nachos demoraram demais para ficar prontos, e a tequila já estava servida há tempo suficiente para causar sérios estragos. Não pude deixar de comparar a forma como cozinhávamos com a forma que a avó de Ben o fazia. Ela parecia saída de um programa de culinária, com seus aventais de barra de renda, luvas especiais, condimentos em potes enfeitados e a mesa perfeitamente posta com porcelana importada.
Antes de a panela esquentar, sentíamos uma necessidade por música. Não tinha graça cozinhar sem poder mexer os quadris. Depois preparávamos os aperitivos, em geral alcoólicos. Nós nos revezávamos no fogão, dando a oportunidade para cada uma dançar sua música favorita ou brincar com as outras. Falávamos e ríamos mais do que cozinhávamos, e nossos assuntos vez ou outra acabavam em pornografia.
— Não posso dizer que não vou sentir falta do Alfredinho...
Gargalhadas abafaram até a música, enquanto Luci informava o apelido carinhoso do pênis do seu namorado.
— Calma, florzinha, vocês nem terminaram ainda – dizia Mô.
— Mas vai ser a primeira coisa que vou fazer amanhã.
Luci levantou-se decidida e, andando mais torto que direito, tomou o rumo da saída da cozinha.
— Calma, sua louca, vai quebrar o pescoço. – Regi foi ao auxílio da prima.
— Ela esqueceu que amanhã é feriado! – Mô me deu uma piscada e foi ajudar as duas.
Eu comecei a arrumar os pratos e Babi me ajudava.
— Foi uma boa ideia a tequila. Eu não sabia mais o que falar.
— Tem coisas que só o álcool cura.
Rimos. Babi era minha irmã, mas era incrível como eu me sentia anos-luz mais próxima de Mô. Nós brigávamos tanto na casa amarela que, quando estávamos aqui, simplesmente tomávamos distância uma da outra.
— Como você está?
— Bem.
— Você quer dizer Ben?
Eu tive de rir.
— Vocês parecem estar se entendendo.
— É uma forma de dizer.
— E o outro, nunca mais...?
— Não, graças as minhas estrelinhas...
Um copo dançou na minha mão, mas aterrissou em segurança na bancada de granito.
— Não entenda mal, mas eu fico muito curiosa. Como você conseguiu esquecer tão rápido o outro?
— Eu não esqueci rápido, Babi. Eu já o tinha esquecido faz tempo, eu só não queria admitir. Jamais poderia ter me apaixonado pelo Ben se eu ainda gostasse do Martin.
— Eu pensei... Quero dizer, há quem se apaixona por duas pessoas ao mesmo tempo. – Babi deu de ombros.
— Eu acho isso impossível.
Eu realmente achava isso, e se havia uma pessoa que eu sempre imaginei que concordaria comigo sobre isso, seria ela.
— Então você está apaixonada pelo Ben? E hoje foi conhecer a avó dele oficialmente como namorada dele? Você tem muita sorte. A Marília é um doce, e não posso pensar numa cunhada melhor que a Tami! – Babi parecia empolgada.
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Herança de Sombras - Livro 1 - Luxúria
FantasyNem toda inocência sobrevive ao destino. Mas todo segredo nasce com a promessa de um dia ser revelado. Há quem diga que há apenas duas certezas na vida, nascer e morrer, mas Samantha tinha as suas próprias, a confiança inabalável na sua família, a e...
Capítulo XXVII
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