Sentada no sofá, Liliam refletia toda sua eterna vida. Desde a saída do submundo, que aconteceu após a expulsão de sua namorada – Chloe –, até aquele instante. Lembrava com perfeição das palavras duras de seu pai – que possuía uma fixação doentia por si –.
Nas vezes que perdia o sono, ainda em Skyrim, olhava por toda a noite a guarda – que jazia em baixo de sua janela –. Ou até mesmo dos dias felizes que tinha com sua mãe, quando a mesma ainda era viva e livre. Sentia o coração esquentar a cada lembrança boa que tinha com sua amada e apertar quando recordava dos dias sombrios que assolaram sua vida, quando seu pai descobrira seu namoro e expulsara sua amante. Secou o rosto e apertou, fortemente, os olhos impedindo que as lágrimas, grossas e cristalinas, escapassem. Olhou pela primeira vez para a televisão e viu que estava passando um programa sobre maternidade e começou a assistir.
Chloe aproximou-se de sua esposa, observando-a com carinho e pesar. Suspirou pesadamente, chamando a atenção de Liliam, que se virou para si, carregada de emoções. Novamente suspirou e segurou as mãos bronzeadas de sua parceira e encarou-lhe terna. Era sempre assim desde que ela perdera o bebê que esperava e tornando-se infértil. Nunca conseguira superar a perda. Mesmo passando-se trinta anos, ainda doía lembrar-se de sua menininha, que fora tirada de si, no sexto mês de gestação.
– Tanto tempo... — Liliam Pronunciou, distante, e encarou-lhe, sem vida. — Meu bebê, por que a tiraram de mim? — Indagara sem vida. Perdida nas memorias que a assombravam durante anoite. – Dê-me outro filho, por favor. – Suplicara desesperada.
– Meu amor, não...não podemos mais. — Proferiu paciente. No mesmo instante Liliam começou a chorar, relembrando novamente o fatídico acidente, desesperada agarrou-lhe a Chloe e colocou-se a murmurar. Apertando-a firmemente em seus braços com medo que Chloe a deixasse.
– Por quê?! — Clamou a todos os deuses, na esperança que tivessem compaixão por si. — Por que a deusa me castiga assim?! Eu apenas queria poder ser feliz!! Isso é pedir demais Chloe é?! — Gritou. Berrou. Desesperada, e então calou-se e voltou a lamuriar, silenciosa.
– Não, meu amor. Você não fez nada. — Pronunciou calmamente enquanto beijava os fios castanhos do topo de sua cabeça.
– Então por quê? — Perguntou, novamente e de súbito suavizou e parou de soluçar, e Chloe novamente suspirou. Era sempre assim depois da crise de choro vinha os pedidos. — Nós poderíamos adotar ou... — parou de falar e voltou a soluçar, alto e barulhento — não... não... não podemos... eles matariam a criança, assim que soubéssemos, um demônio não teria chances, mesmo com nós o protegendo. Quem dirá um bebê humano.
– Tem razão... — Falou, triste. — Contudo, agora podemos cuidar de Denis. Ele será nosso bebê — proferiu, gentil e osculou os lábios, afagando seus cabelos.
– Sim... — murmurou, calmamente. — Você acha que Matthew vai se sair bem? — Perguntou, pondo um fim no assunto pelo momento.
– Sim, Matt é um cavalheiro. — Pronunciou, bondosa e sorriu, lembrando de quando chegaram a terra, assim que tinham sido expulsas do submundo.
– Tem razão, e muito bondoso e gentil.
========(Denis)========
O quarto jazia escuro. O despertador marcava 7:00, faltava uma hora ainda para levantar-me. Ainda deitado, recordei de meu sonho e não pude segurar um sorriso. Sempre que o tinha, despertava alegre, leve – como se nada pudesse atingir-me ou machucar-me –.
A moça - cuja face era coberta por um véu – cantava e falava coisas que nunca lembrava, recordo-me apenas de seu lindo vestido branco que a cobria por inteiro e a árvore de cerejeira que ficava sobre nós – fornecendo uma sombra contra o sol forte, porém frio daquele local –.
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Rosa negra
VampireTodas as noites - durante quase dois anos - uma rosa negra era deixada na cama de Denis. Sem saber quem ou como as colocavam lá. Ele passara a deixar a janela trancada. mas, mesmo assim as rosas continuavam a aparecer e com elas poemas e cartas de a...