Binary Code |Kim Namjoon|

Five

Antes de sair da empresa, passei por minha mesa e peguei o pequeno post it com o IP que eu havia conseguido. Vi meu casaco pendurado em um dos cabides cheios de ternos nas paredes, o peguei e sai andando pela empresa, sentindo os olhares queimando sobre mim. Não iria ligar para Hoseok vir me buscar, já que ele deveria ter voltado a dormir ou estava fazendo algo produtivo. Bufei ao lembrar do trabalho da faculdade que eu tinha apenas mais dois dias para faze-lo e ele ainda estava em branco.

Coloquei os fones de ouvido e continuei caminhando, seguindo a direção de minha casa, ainda com o pequeno papel verde limão rodando por meus dedos. Eu encarava aqueles números como se fossem minha vida, sentia que eles significavam alguma coisa, só que ainda não sabia o que exatamente. Nunca havia contido um ataque como hoje, o que me deixou surpresa por eu ter conseguido tão rápido, mas o que mais me intrigava era o fato de o ataque ter acontecido exatamente um dia depois de eu ter sido contratada. Será que isso era frequente antes, ou eu estou ficando paranóica?

Andei até o ponto de ônibus, enfiei o pequeno papel no bolso da calça e esperei para poder ir para casa.

4 dias depois…

Mais dois ataques haviam acontecido durante os últimos dias e eu estava estressada e frustrada a um ponto de querer socar o primeiro que aparecesse em minha frente. Meus olhos estavam focados na tela do computador, onde uma longa sequência de códigos se encontrava. Eu tentava decifra-los mas Jungkook, que estava jogado em minha cama mexendo em seu celular, não calava a boca um segundo.

-Eles disseram que eu não conseguia empurrar aquele armário, como foram capazes de duvidar de mim? Enchi o peito de ar, e aí eu…- o interrompi.

-Aí você soprou, soprou e soprou, até a casinha cair e os porquinhos ficaram desprotegidos.- ele me olhou irritado por não ter terminado sua história heróica.- Kookie, eu preciso muito entender isso aqui. Tem como ficar quieto?- ele assentiu, mas em vez de continuar deitado na cama, se levantou e veio até mim.

-Você rastreou aquele IP?- perguntou, rolando os olhos pela página aberta.

-Não, isso é uma coisa da faculdade. Aliás, não sei se quero rastrear esse IP.- Jungkook me olhou confuso, mas a verdade era que eu passei os últimos dias tão ocupada que sequer me lembrei daquilo. Saía da faculdade a noite e ia direto para a Y.D, virando a noite acordada olhando para a tela do computador. Por ser um horário mais propício a ataques, me deixaram com o turno da madrugada, e era bem melhor ter aquele lugar quase vazio. Apenas alguns estagiários ou CEOs iam lá naquele horário.

-E por que não quer? É simples, você coloca o número aí…- procurou pela página algo que parecesse com uma ferramenta de busca, e por fim apontou apenas para o computador.- e surpresa, você achou seu bandido. Simples e rápido.- encarei sua expressão neutra, e me virei para o computador outra vez.

-Eu vou rastrear, mas foi por que você me obrigou a isso. - o garoto riu e se jogou na cama outra vez, se enrolando em minhas cobertas. - Você é muito folgado, Jeon- ele abriu seu sorriso de coelho e me fez um sinal para voltar ao meu computador. Procurei pelo papel onde ele deveria estar, ou seja, em uma de minhas gavetas, mas não encontrava de jeito algum.

-Nao vai me dizer que você perdeu aquele papel, Lin- disse Jungkook, me observando.- Não guardou no bolso do casaco?- parei de procurar quando ouvi a palavra “bolso”. Eu havia colocado o papel no bolso da calça.

-Está no bolso da minha calça preta- disse como se aquilo fosse a descoberta da gravidade.

-Qual das muitas que Hoseok enfiou na máquina de lavar ontem?- O olhei assustada, esperando que ele dissesse que aquilo era brincadeira.- O que foi? Eu mesmo vi.- gritei e deixei meu corpo cair em cima da cama, enfiando a cara nos lençóis, tentando manter o controle. Eu havia perdido a única pista que podia me levar a causa de todos aqueles ataques, e alguém na empresa iria me matar.

-Eu acho melhor eu ir.- disse Jungkook, correndo para fora do quarto. Me virei na cama, encarando o teto com algumas estrelinhas que brilhavam no escuro e pensando em todas as maneiras possíveis de reverter a situação, mas não encontrei uma solução. Agora meu papel era um daqueles muitos pedacinhos que eu teria que tirar das minhas roupas. Após algum tempo pensando na vida e no que eu faria quando chegasse na Y.D, o sono chegou lentamente, e sem me importar com nada, caí em um sono pesado.