Binary Code |Kim Namjoon|

Four

-Que merda!- gritei em frustração assim que desliguei a chamada. Eu havia voltado pra minha cama há menos de 10 minutos e meu chefe havia acabado de me ligar. Se eu já tinha passado uma mau impressão ontem, imagina agora que atendi o telefone no meu modo mais grosso possível. Claro, ele estava errado em me acordar a essa hora, mas eu não podia desobedecer ordens do meu chefe.

Pensei em tudo isso enquanto escovava meus dentes e arrumava meu cabelo na velocidade da luz. Vesti uma jaqueta por cima da minha blusa de pijama, coloquei uma calça jeans e amarrei meus tênis. Peguei o celular e desci as escadas correndo, chegando exausta no último andar.

-Alguém me socorre!- gritei ao chegar na sala, vendo as cabeças curiosas de Hobi e Jungkook saírem da porta da cozinha.- eu preciso de uma carona pra Y.D urgentemente.- tentei manter a pose, mas já haviam se passado 4 minutos e meio desde a ligação de Namjoon (N/A: sim mores, é possível se arrumar em 4 minutos, principalmente na hora do desespero KKKKK) e eu estava realmente desesperada. E se eu perdesse meu emprego por causa disso? Parei de pensar em coisas horríveis ao ver Hoseok pegando a chave de sua moto e andando até a porta.

-Só faço isso por que estou te devendo várias coisas. - Sorri satisfeita. Eu havia livrado a pele de Hoseok várias vezes na faculdade, incluindo trabalhos que ele esqueceu de fazer e defender ele na diretoria por ter feito algo errado.

Peguei um dos capacetes e saí de casa, indo até a garagem. Vi que o carro de Jin já não estava mais ali.

-Pare de procurar o carro do Jin, hoje não tem como escapar.- Sorriu maldoso enquanto eu apenas dava risada de sua expressão. Sentei na moto logo atrás dele, e após dar a partida, Hoseok acelerou a moto de um jeito que eu nunca havia visto. Me segurei ao seu tronco e fechei os olhos, rezando em todas as línguas que eu conhecia. Ouvi algumas buzinas durante o caminho direcionadas à nós dois, e Hoseok ria em resposta. Finalmente após me sentir perto da morte (e da cadeia por estar em uma velocidade muito maior do que a permitida), senti o vento gelado que batia contra meu corpo diminuir e a moto parou.

-Graças a Deus!- Devolvi o capacete para Hoseok e levantei a viseira do que estava na cabeça do garoto, deixando um beijo estalado em uma das bochechas dele. Sai correndo até a porta da empresa, continuando meu trajeto desesperado até o interior do salão. Então parei e olhei em volta, percebendo uma coisa: eu não tinha noção de onde deveria ir.

Ouvi uma voz grossa me chamando e direcionei meu olhar para a direção de onde vinha. Namjoon estava encostado na máquina de café, tomando o líquido calmamente.

-Bom dia, Wang Lin. 10 minutos atrasada.- O olhei assustada.

-Bom dia, sr. Kim.- Fiz uma reverência.-  Me desculpe pelo atraso, não moro muito perto daqui.- Namjoon assentiu com a cabeça e andou até o elevador. Esse homem vai me perseguir, agora?

-Venha comigo, vou te levar até o problema.- Encarei as costas de Namjoon enquanto andava até o elevador, sorrindo pequeno ao perceber que ele não usava terno. Após alguns segundos de um silêncio constrangedor, as portas do elevador se abriram para um andar totalmente bagunçado.

Me sentia no meio de um furacão. As pessoas olhavam e corriam para todos os lados desesperadas, folheando arquivos impressos e reiniciando seus computadores. Passei em meio de toda aquela zona, ainda seguindo Namjoon, até chegar em uma cabine afastada das outras, do lado de uma grande janela que dava vista para grande parte daquele lado de Seul. A cabine continha um computador e uma luminária, além de muito espaço sobrando.

-Essa é sua mesa, agora faça sua mágica.- Olhei para Namjoon, que tinha um pequeno sorriso no rosto, mostrando suas covinhas. Me sentei na cadeira em frente à mesa e olhei para Namjoon, como se pedisse permissão para começar.

-É todo seu.- sorri de canto e encarei o computador, deixando meus dedos flutuarem pelo teclado. Era hora de mostrar o que eu sabia fazer.

Algumas horas depois…

Eu estava encostada na bancada na pequena cozinha da empresa com uma caneca de café em mãos, com o olhar perdido na parede oposta. Então era aquilo… eu havia conseguido, e não acreditava que isso havia acontecido. Se nem eu acreditava, imagine os velhos executivos que me encaravam como se eu fosse uma bruxa. A questão era que eu não sabia como um hacker burro o suficiente tinha tentado penetrar em uma rede em plenas 9 da manhã. Talvez achasse que a empresa estaria vazia, mas mesmo assim, qual o sentido? A não ser que a pessoa quisesse que seu show fosse assistido por uma plateia irritada, isso não tinha sentido. Parei para pensar se esse não era realmente o que a pessoa queria. Alguns documentos sumiram de suas pastas originais, mas não eram tão importantes assim quanto aqueles que ficavam com Namjoon e outros CEOs. Consegui impedir o ataque antes que mais dados fossem perdidos, e felizmente fiz isso direito. Lembrei do IP que eu havia anotado em um post it em minha mesa, talvez depois eu o rastreie. De qualquer jeito, eu não podia fazer milagres em meu primeiro dia de trabalho, como aqueles executivos burros pensavam.

-Chineses não são criaturas místicas- pensei alto e dei mais um gole no café.

-Acho que são sim. O que você fez hoje foi incrível.- ouvi a voz de Namjoon, que estava encostado na porta. Ele andou até onde eu estava, parando em minha frente.- Parabéns pelo o que fez, foi realmente impressionante.- sorri fraco.

-Obrigada, Sr. Kim. Acho que agora não precisam mais ficarem tão incomodados com minha presença aqui. Ah, camiseta bonita- disse apontando para sua blusa, com um enorme urso Ryan estampado na frente. Ele sorriu, empurrando os óculos que estavam caindo de seu rosto.

-A sua também é muito bonita.- olhei para minha blusa, idêntica à dele. Soltei uma risada abafada, ajeitando a peça de roupa no corpo, que agora era visível pois meu casaco estava pendurado em algum canto da empresa que eu não conseguia me lembrar naquele momento. Namjoon foi até a máquina de café, pegando um pouco da bebida quente, e se encostou na bancada assim como eu. Deu um longo gole, fazendo o vapor embaçar seus óculos. Comecei a rir de sua cara de desgosto ao não enxergar nada por causa do vapor. Ele parecia ser melhor do que todas aquelas pessoas ali. Mesmo que nosso primeiro encontro não tenha sido um dos mais agradáveis, a companhia dele era, e isso importava. Antes que pudéssemos quebrar o silêncio que havia se instalado ali, uma mulher baixa, provavelmente de outro departamento, entrou na cozinha e nos encarou.

-Ah… devo dizer parabéns?- Olhei confusa para ela, enquanto ela ainda estava parada do outro lado do cômodo.

-Creio que sim.- Namjoon disse, sorrindo fraco. Ela fez uma reverência, nos olhando de um jeito estranho depois.

-Parabéns, casal, tenham uma união saudável e feliz.- eu e Namjoon a encaramos boquiabertos. Ela pegou um copo d’água e saiu, nos deixando estáticos.

-Do que ela estava falando?- perguntou Namjoon, ainda surpreso pelas palavras da mulher.

-A blusa.- murmurei enquanto olhava nossas roupas. Estávamos vestidos quase iguais, o famoso clichê de casais. Namjoon deu um tapa na própria testa, enquanto eu encostei minha cabeça na madeira do armário. O que iam pensar de mim? Eu havia acabado de entrar na empresa e estava supostamente me relacionando com meu chefe.

-estamos perdidos.- disse a Namjoon, respirando fundo.