- E porque acha isso?

- Mãe, é só olhar pra mim. – falei como se fosse óbvio.

- O quê? Thamara, não vejo nada de errado com você. Minha filha, você é incrivelmente linda! Além de ser uma ótima garota, o que você vê de errado em você? Esse rapaz seria um louco se não sentisse nada de especial por você. – disse ela.

- Você é a minha mãe. Claro que diria que sou linda.

- Mas você é, e isso é uma coisa óbvia querida. Porque se menospreza tanto?

- Eu sou estranha, não tenho muitos amigos, algumas garotas da escola riem de mim, eu tenho esse cabelo cor de fogo que quase ninguém do meu colégio tem essas sardas fortes por praticamente todo o meu corpo, e para piorar, essa cicatriz ridícula na minha barriga, e esse corpo completamente fora dos padrões de beleza. – disse.

Mamãe me olhou assustada, como se estivesse vendo um monstro em sua frente.

- Thamara... Corpo fora do padrão de beleza? Seu corpo é lindo! Será que não enxerga isso? Nem gorda você é. Suas sardas são lindas em você e te faz diferente das outras garotas, seu cabelo cor de fogo é o que te deixa mais encantadora que você já é, e sua cicatriz faz parte de você, da sua história, do seu passado, e não é tão feia como você vê, não é feia. Meu amor, eu fico muito preocupada quando te escuto falar essas coisas de você, acho que seria bom você frequentar um psicólogo. Não é normal que uma garota linda como você se ache horrorosa.

- Você não entende. Nunca vai entender. Olha para a Lívia e para a Mirela, as duas são super magras, eu sou mais gorda que elas.

- Você não é gorda Thamara, é mais cheinha que elas, mais encorpada, é só isso!

Respirei fundo antes de entrar em uma briga sem sentido com a minha mãe por causa disso, ela é a minha mãe, jamais vai me achar feia, não que de fato eu me ache feia, eu não acho. Eu sei que sou bonita, mas não consigo me sentir bonita o suficiente como todos falam, o fato de eu ser bonita faz com que as garotas do colégio me odeiem, como se não bastasse eu ser bonita, tenho que ser ruiva e cheia de sardas, a grande maioria das garotas dariam tudo para serem ruivas, e exatamente por isso, elas me vêem com inveja, pelo menos, as garotas malvadas sim. E o fato de eu ter essa cicatriz é um motivo para que elas pratiquem suas maldades comigo, é horrível, mas é a verdade, as pessoas hoje em dia estão cada vez mais malvadas, praticam mais o ódio do que o amor, o que é uma pena, claro.

Seria tão mais fácil se todos fossem amigos e ninguém odiasse o outro apenas para ter alguém para odiar.

- Tá bom mãe. – foi só o que falei.

- Vou marcar uma consulta em algum psicólogo para você frequentar, não posso permitir que essas ideias continuem na sua cabeça. – disse ela, bem séria.

- Tá bom. – falei.

- Estou fazendo isso para seu bem, porque te amo e me preocupo com você, tenho medo de que você possa ter alguma depressão.

- Eu não tenho depressão, não se preocupe, mas se quer que eu vá a um psicólogo, tudo bem, eu vou. – disse.

- Ninguém nunca sabe que tem depressão até que alguma coisa acontece.

- Mãe... Eu não sou suicida. – disse, ficando sem paciência.

- Thamara, por favor, sempre que tiver problemas, sentindo coisas ruins dentro de você, não deixe de me procurar, me conta tudo, sou sua mãe e vou fazer o possível para te ajudar, irá se lembrar disso? – ela pergunta se aproximando de mim, pegando na minha mão.

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