— Você deu conta de devorá-las sozinho? — Perguntou incrédula

— Lógico que não, Isabelle me ajudou. — Falou virando o rosto, a menina saiu de trás de si, estava ainda mais suja que ele.

— Vá para sua casa e troque de roupa, traz essas pra eu lavar. Você também Isa. — Mandou. A garota saiu dali, e Rodrigo caminha para o centro da vila, onde havia uma árvore morta, sem folhas. Em seus galhos haviam com várias outras cabeças pendidas, algumas, já haviam virado caveira.

Era algo simbólico, cultural da espécie, colecionar a cabeça daqueles que matavam. Valiam o mesmo que troféus, e a árvore carregada de rostos pútridos emanava um odor de morte no qual já haviam se acostumado.

O rapaz deixou as cabeças ao pé da árvore, para que depois, pendurassem.

Já em sua casa, ele trocou de roupa e jogou-se na cama pensativo, agora tinha algo a se preocupar. Seu pai, o líder da alcateia lhe deu uma tarefa e ele teria que cumprir.

Foi tirado de seus pensamentos quando ouviu baterem na porta.

— Entra. — Permitiu. Uma senhora de cabelos grisalhos adentrou, fechando a porta com cuidado. Aproximou-se do rapaz, que fitava o teto.

— Matou mais alguém? — Perguntou triste.

— Mais "alguéns", duas jovens deliciosas. — Corrigiu sorrindo.

— Filho... — Começou, mas foi interrompida.

— Não me chama de filho, pra você, somente Rodrigo. E se vai vir com sermões, é melhor parar agora e vazar daqui. 

— Eu sou sua mãe, e me dói ver meu filho virando um monstro. — Disparou em tom alto, Rodrigo se levantou, encarando-a.

— Sou mais monstro do que os sanguessugas do seu trabalho? — Indagou.

Ela calou-se momentaneamente.

— Eu observei esse lugar, as pessoas. Entendi o motivo dos vampiros se acharem tão superiores, eles não se rebaixam a esse nível

O jovem gargalhou.

— Como se todos fossem como os que vivem na mansão não é? Como que eles se chamam mesmo? Ah, renegados. — Diz, com certo desdém. — Engraçado, são vampiros superiores, bonzinhos, mas não perdem uma oportunidade de morder o pescoço de alguém...

— É impossível dialogar com você, em nenhum momento eu disse que eles são bons, ou melhores que você! — Falou irritada. O garoto aproximou-se olhando-a com frieza.

— Só continuo a te suportar, Lurdes, porque eu preciso que você me passe informações sobre Selena. Se não fosse por isso, eu já teria arrancado sua cabeça! — Falou com ódio em seu tom de voz. — Agora volte para seus vampiros, aqui não é lugar para você. — Mandou, com notável desprezo. 

Ele não disse mais nada, apenas virou-se e saiu.

O sinal na mansão soou, indicando o despertar dos vampiros. Mais que depressa os humanos se recolheram, afinal era noite de Lua Cheia. Por ter muitas pessoas normais ali, a distribuição de sangue era dobrada. Era um período perigoso para os humanos, mas nunca ocorreu nada de grave ali.

Selena olhava a lua pela janela, Dominic já havia lhe alertado sobre tal período, e por isso se mantinha ali. No entanto, uma angústia tomava conta de seu coração, teria que esperar sete dias para conseguir falar com Drake. 

Era doloroso e incômodo, pois aquele que amava, que pensou que estava morto agora estava tão perto, e tão distante. 

Eu sinto tanto sua falta...

Anjos do AnoitecerWhere stories live. Discover now