— Não se preocupe, você sabe que temos a faca e o queijo na mão. Vai dar tudo certo.

De alguma maneira ouvir minha amiga encheu meu coração de expectativa Claro, que o medo era o sentimento predominante, porém uma pontinha de e esperança começou dar sinal de vida.

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Voltei para a minha rotina, aliás eu tentei ao máximo fazer com que meus dias se tornassem normais, se é que você me entende.

Conclui alguns trabalhos e os entreguei. Luciana passou a me ligar todos os dias várias vezes ao dia. A verdade é que eu estava protelando e me negando a fazer o que tinha de ser feito. Eu estava com medo, e essa decisão era minha, ninguém podia fazer por mim.

Hugo, também me ligou várias vezes, e não fiz aquilo que me propus a fazer quando decidi passar a noite em sua casa. Era só aquela noite e eu desapareceria. Mas não posso. Não consigo e isso torna tudo mais difícil. Pressinto a tempestade e ao invés de sair dela estou cada vez mais dentro e já sentindo a aproximação do vento que logo se tornará um furacão. Aquela noite com Hugo foi algo tão arrebatador que eu me nego a deixar tudo aquilo que eu senti para trás.

Foram tantos sentimentos misturados, e há tanto para se dizer, que não posso deixar de viver e conhecer mais deste homem que chegou com tudo na minha vida.

Então estou aqui o esperando para conhecer sua família. Seu irmão Álvaro, solteiro de carteirinha, sua mãe Fernanda e seu Pai Orlando. Luciana já me ligou um milhão de vezes pedindo que eu resolvesse minha situação e não fosse a esse jantar. Mas não pude, além do mais estou morrendo de saudade de Yago, e louca de vontade de sentir o beijo do Hugo me invadindo novamente.

A campainha toca e meu coração salta em antecipação só ao imaginar o seu olhar de encontro ao meu. Kate sai correndo para atender, essa nem sonha o embaraço em que está a minha vida. Para ela está tudo colorido, Heitor, anda fazendo seus dias valerem a pena.

— Opa! Pode deixar chefinha! Eu abro. Continue ai mesmo, bem paradinha parecendo aquelas modelos contratadas apenas para ficarem diante de um carro zero sabe! Está linda! Nem pisca, fique ai mesmo.

Sorrio. Sempre cheia das piadas. Queria ter o humor de Kate, garanto que neste momento da minha vida isso ia me ajudar muito.

— Boa noite! — Pronto, o sorriso aparece no meu rosto, mesmo que ainda intimidada pelo temor.

— Opa! Vamos entrando. Olha só, o gatinho filho veio também.

Yago entra correndo e eu não consigo mais ficar parada. Me antecipo em sua direção e o abraço mais forte que posso. O seu cheiro é uma mistura de erva doce com camomila, e acho que é por isso que meu coração se acalma assim que o vejo.

— Meu lindo! Que bom te ver assim! Não nos assuste mais daquele jeito Yago!

— Não vou assustar, não é pai? O doutor disse que foi a minha garganta que estava infeccionada.

— Isso mesmo! — Hugo me encara. — Você está linda! Isso tudo para impressionar meus pais?

— Com certeza! Não posso aparecer de qualquer jeito.

— Verdade. Minha mãe, apesar de sempre ter sido dona de casa, nunca deixou de ser elegante, cozinhando sempre de salto e coque no cabelo.

— E para me assustar esse comentário?

— Claro que não! Pode ter certeza. Eles vão te adorar.

— E porque você tem tanta certeza? — Pergunto insegura, mas muito curiosa, não vou negar.

— Porque você é a primeira mulher que eu levo para eles conhecerem depois de Sofia, e eu te adoro, e é isso que importa. — A frase encerrada com um selinho me deixam de pernas bambas.

— Vamos papai! Estou com forme! E vovó vai fazer aquela lasanha a bolonhesa que eu amo. — Yago pega a minha mão me puxando em direção e eu mal tenho de despedir da doida da Kate.

Hugo disse que convidou Heitor porém ele não pôde ir, por causa de um compromisso com uns proprietários que moram em outra cidade e só pode comparecer aos finais de semana.

A casa é um belo de um sobrado em um bairro classe média. O branco gelo do casa, contrasta muito bem com o verde de vários coqueiros na frente da casa. O muro de vidro deixa o jardim bem cuidado a mostra. Fernanda e Orlando estão na porta. Agora eu sei de onde vem o sorriso de Hugo. O olhar forte e ao mesmo tempo doce de Fernanda é o mesmo que Hugo me oferece todo o tempo.

— Mas que moça bonita Yago! Você tinha razão! — Fernanda diz bagunçando o cabelo de Yago.

A frase me chama atenção. Então um pequeno gatinho andou falando de mim? Isso me deixa feliz, quem sabe as coisas não vão ficar tão ruins assim? Se o pai me adora e o filho fala de mim, talvez tenha me preocupado a toa.

— Mãe! Essa é Juliana, minha namorada. — Hugo não esconde seu contentamento.

— Ah filho! Mais que coisa mais linda! Parece uma boneca. Seja bem vinda minha filha e fique a vontade. Logo serviremos a janta, estamos esperando o Álvaro. —Fernanda me puxa e me senta no sofá.

— Tudo bem. — Afirmo apenas.

— Tudo bem nada! Mãe, sabe que o Álvaro é enrolado e seu neto está com muita fome. — Hugo retruca se sentando ao meu lado.

— É verdade vó! Estou com fome.

— Eu sei minha criança. Mas temos que esperar seu tio. Ele já deve estar chegando.

Não muito tempo depois a campainha toca e para a minha surpresa aquele rosto não era novidade para mim. E mais uma vez a vida estava brincando comigo.





Curando Feridas ( Hiatus)Where stories live. Discover now