Suspirei de alívio ao ver a minha defesa salvaguardada. Porém aquilo não era o suficiente para que eu estivesse cem por cento salvo.

– Sendo assim, por tudo o que foi dito nesta sessão, declaro que o arguido Harry Styles será condenado a uma pena de quatro anos e oito meses de prisão por envolvimento no negócio de tráfico de droga e tráfico humano. É também acusado por posse de droga e documentos ilegais. – fechei os olhos tentando evitar tudo o que me rodeava. – Será também obrigado a fazer serviço comunitário durante um anos após a saída da prisão. A sua detenção ocorrerá no Estado de Nova York, podendo no final da pena regressar ao Estado de Nevada, o seu Estado de residência.

A minha mente desligou naquele momento. O juiz continuou a falar, direcionado para o Ryan enquanto lia a pena do mesmo, porém eu não ouvi nada. A única coisa em que eu conseguia pensar era em como iria ser a minha vida dali para a frente. Preso, a contar os dias para poder voltar a ter um pouco de liberdade. Desde o dia em que o Matt me tivera comprado que eu vivia numa prisão, mas qual seria pior? Ao menos enquanto o Matt estava por perto sempre tinha a Ava, e preso poderia acontecer qualquer coisa com ela, e não poder controlar isso deixava-me louco.

Foi então que abri os olhos. Já toda a gente estava de pé. O juiz estava a caminhar para fora da sala. Dois guardas apareceram ao meu lado, pegando em mim. Depois de estar de pé algemaram-me as mãos. Olhei para a Ava. Ela tinha a cara vermelha enquanto as lágrimas caiam uma atrás das outras. Queria poder dizer-lhe algo, mas a força e a rapidez com que me levaram para fora do tribunal foi demasiada, impedindo-me de falar fosse o que fosse. Depois de ter entrado dentro do carro, o mesmo iniciou uma marcha moderada. Ainda olhei para trás na expectativa de a ver, mas foi em vão.

Assim que chegamos à prisão, os dois polícias saíram do carro. Um deles caminhou para dentro das instalações, enquanto que o outro tirou-me do carro, conduzindo-me por entre os corredores frios, até chegarmos a uma cela. Quando paramos tirou-me as algemas e abriu a porta, atirando-me para dentro do cubículo como se de algo indiferente eu me tratasse.

Quando a porta foi trancada atrás de mim olhei em volta. Um homem mais velho do que eu, talvez com quarenta anos, estava sentado numa cama. Havia outra de vago e eu presumi que fosse para mim. Caminhei até à mesma, sentando-me. O que é que eu iria fazer ali dentro, fechado durante quatro anos?

– Sou o Adam. E tu?

– Harry. – respondi sem vontade nenhuma de iniciar a conversa.

– E então parceiro, estás aqui dentro por que razão? – ele perguntou, fazendo-me suspirar.

– Porque ainda estou vivo.

O homem soltou um riso abafado. Olhei para ele. – Gostei do ponto. – pisquei os olhos. Algo nele me fazia lembrar o Carl e aquilo assustava-me. – Eu estou aqui há sete anos. Faltam-me mais cinco. Por isso já sou da casa. Qualquer coisa é só perguntares.

– O que é que fizeste? – perguntei.

– Fiz uns assaltos um pouco graves e num deles matei uma pessoa. – ele encolheu os ombros e olhou para o chão. – A minha intenção era poder ter algo para sustentar a minha família, mas parece que saiu tudo ao lado. Quantos anos tens pela frente?

– Quatro e oito meses.

– Parece que ainda vamos passar um tempo juntos. Aviso-te já que se queres sair daqui vivo o melhor é evitares encontros com o pessoal das celas antigas. Eles são mais perigosos do que aquilo que toda a gente pensa.

Se calhar não me teria feito mal ir para as outras celas. Ao menos não via o que em breve iria acontecer.

***

Callous | h.sWhere stories live. Discover now