O homem fome come papel
Na rua
O cão filhote morre seco
Abandonado na chuva
Pequeno gato esmagado
Por um rato!
Por um roedor desajustado
Que deve gostar do som do veículo muito alto
Que deve se importar deveras consigo
Porém, que se mataria pelo próprio carro
Mortos ainda vivos
Mortos que não foram mortos
Num paralelepípedo da estrada
Tripas, estranhas
Olhos esbugalhados; mortos
Na calçada o esquecimento dorme
Não lembra do que é
Muito menos do que já fora
Numa vida; ontem; num dia
Eles sofrem na pele
Sentem como ninguém o escárnio de sua biografia
Da madrasta miséria
Que nunca será plenamente descrita
Pela fala ou pela escrita
Ou pelo simples horror lírico de um poeta
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Devaneios Decadentes
PoetryEm seu poema "A ideia", Augusto dos Anjos fala do nascer de um pensamento, no cérebro, e todo o seu processo, até chegar de forma imperfeita na garganta e ser expresso pela língua. Bem, com a escrita a ideia não sai tão imperfeita quanto na fala, c...